Ternurinha
Estudante universitário, tive o infortúnio de me sentar bem ao lado da urubóloga, numa reunião entre representantes de curso, professores e ela, convidada para palpitar (descer o cacete) sobre o estado de coisas da UFMG.
Era época de Paulo Renato, auge do sucateamento do ensino público, a fim de dar ensejo a futuras privatizações. Estado enxuto, etc, aquele ideário neolibelê de sempre.
Ela lá, falando que nossa universidade não prestava, que os cursos de comunicação eram deficientes (ah é,cê jura?), que isso, que aquilo era deplorável. Obviedades à parte, metendo o pau na gente (a faculdade vivia à míngua, com greves, sem recursos do governo FH - lembra a mudança na aposentadoria = professor doutor com anos de casa pedindo boné e professor substituto inexperiente entrando no lugar). Surpreendentemente, os professores lá, encantados, dizendo amém pra tudo que dona Miriam falava, como se fosse o próprio João Batista.
No mei daquele bando de baba-ovo, adivinha quem foi a única voz dissonante?
E, ao contextualizar, ainda fui chamado de anacrônico. Ou romântico, não sei bem.
Provavelmente porque o termo depreciativo "esquerdopata" não existia.
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