Sempre intrépido nestes quesitos, tratei logo de fazer minha parte. Depois de ter tomado umas, tomei a dianteira e, para pentelhar a Meg, fui segredar ao ouvido do músico uma canção do Roberto Carlos.
Fui seguido de Meg, que pediu uma do Lulu Santos. E nisso foi a noite; nós cantamos selvagemente, levantamos da mesa para dançar - mais uma vez os únicos a fazerem isso. O mico de sempre.
Eu reparava que o Dani e a Bala - o casal que nos acompanhava-, por timidez ou alguma outra razão, nunca pedia uma música. Cantavam com a gente, numa boa, mas pedir música, nada.
E isso foi um dia, também outro, da tarde à noite, a coisa indo sempre nessa toada.
Um dia, fui embora mais cedo. Meg durou um tempinho a mais com as meninas, mas logo também deixou o boteco. Restaram à mesa Bala e Dani.
Não sei se foi pelo fato de estarem ali sozinhos ou se a cervejada já se fazia sentir efeito, mas parece então que o Dani, até então com o olhar parado de bêbado, de súbito se empertigou na cadeira. Havia tomado uma decisão. Levantou o braço e bradou para o cantor:
- Toca JORGE AMADO!
A Bala disse que Jorge Amado é escritor, mas o Dani não quis nem saber. Ficou ofendido porque o cara não quis tocar Jorge Amado, até porque as pessoas ouvem demais as músicas dele, é brega mas é bom, todo mundo conhece a música de Jorge Amado.
Foram divergindo até chegar em casa, quando ele pergunta para Meg quem é Jorge Amado e ela diz "escritor baiano" e Shazam!, toda a lucidez da memória retorna à mente em um segundo.
Desconfio que daqui pra frente ele vai continuar é apenas cantando na mesa com a gente, tamborilando os dedos e olhe lá.
2 comentários:
Vaivê o cara queria era Amado Batista...
A.None Moh
Ainda bem que não pediram para 'Tocar Raul'
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