sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Rivais


Em uma cena de Caos Calmo, dois executivos - um italiano e um francês - almoçam em uma praça de Roma. O francês elogia a comida, mas o dono do restaurante - que estava mais para uma pequena lanchonete, no máximo uma cantina modesta - recebe do seu compatriota uma admoestação (naquele comedimento, aquela fleuma tão própria dos italianos): o brócolis não precisava de queijo. Havia ingredientes demais no prato.

O dono do restaurante nem parece lhe dar bola. Num rompante, dispara sobre o francês:
- Já experimentou algo tão saboroso assim em Paris? Anh? Anh?

Mais à noite, degustando o (bem-escrito) primeiro volume de História da Vida Privada - do Império Romano ao ano 1000 -, organizado por historiadores franceses, mais de um momento tive a impressão de identificar uma ou outra maldadezinha, como "...os romanos, povo versado em trapaças...", ainda que, no contexto em que aparecem, façam sentido e sigam em coerência com o ensaio.

Cinema, gastronomia, pintura, literatura, música, escultura, futebol... França e Itália têm uma riqueza cultural tão grande que acho impossível, até pela proximidade, que não haja uma rivalidade natural. O maior rival do irmão é o próprio irmão.

Aliás, pesquisando sobre a palavra rival, parece-me que vem do latim riva (riacho, rio, beira). E conta-se que o significado do termo se origina de duas vilas, nas cercanias de Roma, que comungavam o mesmo riacho, mas em margens opostas.

Pensa. Se hoje o vizinho do apê de cima já é o inferno, imagina o que deveria ter sido você lá, numa das vilas rivais daqueles tempos primevos.

Prefiro a Argentina.

3 comentários:

Anônimo disse...

Identifiquei você nessa foto?
A.None Moh

Rubão disse...

Não, mas... uai, num é que parece?

K disse...

Também achei que parece.

Os rivais dos franceses são os ingleses .