Hoje, é mais que sabido. Paris me ama, Paris me quer, Paris me precisa.
No entanto, vejam vocês como são as coisas. Não se ignora que a beleza é fundamental, trovaria o poeta. Beleza põe a mesa, diriam os antigos. E, no que se refere à beleza, sabemos que Paris é caleidoscópica, opulenta, superior.
Aí é que está. Beleza demais também extenua.
Sim, porque, após tomar intermináveis choques estéticos e sinestésicos - em Paris não há beleza sem minúcia nem minúcia sem beleza - o amigo deve considerar a possibilidade de existir, nas entranhas do visitante incauto, uma certa nostalgia do simples, do comum, do trivial.
Aí, como acontece com quem come filé mignon todos os dias, bate uma saudade da carne moída.
Convenhamos, este é um mistério da condição humana. Verificável em qualquer época e lugar, mas que se acentua em Paris. De fato, nada parece ter escapado à obsessão de um povo que pingou gênio em todas as artes - música, arquitetura, literatura - e em todos os reinos - Vegetal, Animal, Mineral, Concreto e Abstrato ou, não duvide, Ectoplásmico. Aposto cabelos eriçados que até na categoria assombração a capital da França mostrar-se-á mais chique que as outras.
* * *

Place des Voges

Arcos da Place des Voges
Mas o mérito maior do artista, pra mim, foi outro: acordar uma vez mais o olhar que se acostumara, por virtude de uma cidade que deslumbra e entorpece, a ver a beleza como algo, assim, habitué.
Essaí dava pra ter lá em casa, hein, Meg? "Os viajantes".
5 comentários:
Galeria de Medicis ainda serei seu vizinho. Me aguarde.
Quanto à carne moída do princípio de sua explanação só tenho a dizer que nem todos, meu amigo, sofrem desse "banzo", rs. Talvez só os de sangue baiano, ;). Abs
Menino, pois eu vi com as galerias fechadas e fiquei lá feito cachorro na janela do açougue, admirando essas esculturas. Demais, né?
Amore, nossa cara!
Super ficariam bem na sala.
Valeu, Bruno. Esqueceste da pimenta e farinha de mandioca.
Tina, é realmente uma coisa. Ao vivo, mais ainda. O artista tá de parabéns. Agora, nem Meg, que é ryca, se animou a entrar e perguntar "c´est combien".
Amore, concordo. Mas colocaríamos onde? Precisaríamos de uma nova sala.
Amore, pra quê sofá?
Postar um comentário