Os poucos parentes e amigos leitores devem ter constatado que o blog atravessa um hiato por vezes demasiado. A falta de atualização tem um nome: Facebook.
Pela sua própria concepção e estrutura, o FB dá de dez nos blogs em alguns quesitos. Ele funciona melhor como espaço de discussão e difusor de ideias. Mesmo com ferramentas singelas, o conteúdo postado tem um alcance muito maior, podendo ser aprovado de imediato - o que gera uma indicação mais ou menos fiel das preferências da galera.
É uma praça pública. É a ágora - não mais dos gregos, mas dos internautas de todos os países (reais ou fakes - não nos esqueçamos). O FB é um virtual tribunal popular onde os oradores sobem em seus respectivos caixotes e discorrem about your issues. Onde cada um tem seu próprio círculo de espectadores para acompanhar a performance do artista andando sobre pregos ou rodopiando em transe numa dance street. Vê quem quer, prestigia quem gosta.
Como tudo, o que corta para o bem também corta para o mal. Nesse fio da navalha, na minha imodesta opinião, "o mal" está em duas perspectivas. Primeiro, a mais perigosa: o uso indiscriminado dos seus dados pessoais pelo próprio FB, CIA, etc. para atos de espionagem sabe-se lá para que fins - comerciais, políticos, persecutórios, caluniadores, etc. Segundo, o conteúdo que ora lhe alcança: do preconceito e xenofobia em último grau às brandas, porém ubíquas, mensagens religiosas de que alguém me ama e que eu não devo quebrar a corrente. Pelo amor de mim.
No entanto, como bem me lembrou uma tia, no FB você só recebe as coisas que permite. O negócio é quando quem você bloqueou descobre e se chateia. Bem, ferir suscetibilidades é do jogo. Público ou não, o choro ainda é livre.
Ainda que o blog tenha ficado meio relegado a segundo plano nos últimos tempos, Boêmios do Divã continua, à espera de boas ideias. Por outro lado, o perfil do blogueiro no Facebook está cada vez mais ativo. Uma hora o equilíbrio chega. Como dizem os gurus, a virtude está no meio - e não necessariamente nas mídias.