quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Cruzes!
Faz de contas
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Munição para argumentos
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Contra a desfaçatez
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Duelo
Se fosse um spaghetti italiano dirigido pelo Sergio Leone, estaríamos agora caminhando para o fim da película.
Um a um, os fora-da-lei que compõem o famigerado PIG - o bando de assassinos de reputações que assolou a população de Brazil Corrupcity por anos a fio – vêm sendo subjugados por Dilma Eastwood – a Estrela Vermelha do Oeste.
Há pouco, foi a vez do venerável Big State. Dilma Eastwood arrancou a máscara que protegia a identidade do bandoleiro. De joelhos, Big State confessou o que todos em Corrupcity já sabiam: trabalhava para o estancieiro Joey Serra.
Assim como Arnald Jabor, Miriam "Creepy" Pig, Rick Noblat e Jimmy Look-At. Mesmo combalidos, ainda permanecem de pé.
Em seu íntimo, no entanto, Dilma Eastwood já sabe contra quem será o duelo final. O mais poderoso membro do PIG, o mais temível, o mais implacável: Kid Globo.
O duelo tem data e local. Sexta-feira, às 20h, no Jornal Nacional.
Se houver sobreviventes, o duelo prossegue no dia seguinte, no mesmo horário.
Por enquanto, paira agora somente o silêncio que antecede as grandes expectativas. E os montes de feno poeirentos que atravessam as ruas ao som da orquestra de Enio Morricone.
Sobe a trilha.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Quem te viu, quem te vê
O QUE SERRA E BUSH TÊM EM COMUM?
Simples: o apego à mentira e ao poder. Bush fez uma guerra contra o Iraque usando uma grande mentira, a de que o Iraque tinha armas de destruição em massa. Serra mente para tentar voltar ao poder, onde esteve por 8 anos no governo FHC-Serra. Mentiu em 2004, quando jurou que não deixaria a prefeitura de SP para se candidatar ao governo do Estado de SP em 2006, e mente agora ao dizer que não vai privatizar a Petrobras, um sonho antigo do PSDB/DEM. Serra esconde suas idéias e seu passado.
Vejam como votou na Constituinte de 1986/1988:
a) contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas;
b) contra garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego;
c) contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias;
d) contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo;
e) negou seu voto pelo direito de greve;
f) negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário;
g) negou seu voto pelo aviso prévio proporcional;
h) negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical;
i) negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio;
j) negou seu voto pela garantia do salário mínimo real;
FONTE: DIAP Quem foi quem na Constituinte pág. 621
Agora, para ganhar votos, diz que vai elevar o salário mínimo. Isso é mentira, ele não pode fazer isso sem a aprovação do Congresso. Além disso, se fosse possível, causaria um rombo na Previdência Social e impacto negativo na economia: afetaria a geração de empregos, provocaria aumento do custo de vida, da cesta básica e das tarifas de ônibus, trazendo de volta a inflação. Depois de afundar a economia, teria de pedir, de novo, empréstimos para o FMI, além de privatizar o BB, a Caixa e a Petrobras.
Jussara Seixas
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
Mino rules!
Mino Carta e Sandra Cureau
Enviado por luisnassif, sex, 24/09/2010 - 11:14De CartaCapital
Mino Carta
24 de setembro de 2010 às 10:00h
Permito-me sugerir à doutora Sandra Cureau, vice-procuradora-geral da Justiça Eleitoral, que volte a se debruçar sobre os alfarrábios do seu tempo de faculdade, livros e apostilas, sem esquecer de manter à mão os códigos, obras de juristas consagrados e, sobretudo, a Constituição da República. O erro que cometeu ao exigir de CartaCapital, no prazo de cinco dias, a entrega da documentação completa do nosso relacionamento publicitário com o governo federal nos leva a duvidar do acerto de quem a escolheu para cargo tão importante.
Refiro-me, em primeiro lugar, ao erro, digamos assim, técnico. Aceitou uma denúncia anônima para proceder contra a revista e sua editora. Diz ela conhecer a identidade do denunciante, acoberta-o, porém, sob o manto do sigilo condenado pelo texto constitucional e por decisões do Supremo Tribunal Federal. Protege quem, pessoa física ou jurídica, condiciona a denúncia ao silêncio sobre seu nome. Ou seja, a vice-procuradora comete uma clamorosa ilegalidade.
Há outro erro, ideológico. Quem deveria zelar pela lisura do embate eleitoral endossa a caluniosa afronta que há tempo é cometida até por colegas jornalistas ardorosamente empenhados na campanha do candidato tucano à Presidência. A ilação desfraldada a partir do apoio declarado, e fartamente explicado por CartaCapital, à candidatura- de Dilma Rousseff revela a consistência moral e ética, democrática e republicana dos acusadores, ou por outra, a total inconsistência. A tigrada não concebe adesão a uma candidatura sem a contrapartida em florins, libras, dracmas. Reais justificados por abundante publicidade governista.Sabemos ser inútil repetir que a publicidade governista premia mais fartamente outras publicações. Sabemos que José Serra, ainda governador, mas de mira posta na Presidência, assinou belos contratos de compra de assinaturas com todas as maiores empresas jornalísticas do País, com exceção, obviamente, da editora de CartaCapital. Sabemos que não é o caso de esperar pela solidariedade- dos patrões da mídia e dos seus empregados, bem como das chamadas entidades de classe, sem falar da patética Sociedade Interamericana de Imprensa. Estas, aliás, se apressam a apoiar a campanha midiática que aponta em Lula o perigo público número 1 para a democracia e a liberdade de imprensa.
Nem todos os casos denunciados pela mídia nativa merecem as manchetes de primeira página, um e outro nem mesmo um pálido registro. É inegável, contudo, que dentro do PT há uma lamentável margem de manobra para aloprados de extrações diversas. CartaCapital tem dado o devido destaque a crimes como a quebra de sigilo fiscal e a deploráveis fenômenos de nepotismo e clientelismo, embora não deixe de apontar a ausência das provas sofregamente buscadas pelos perdigueiros da informação, em vão até o momento, de ligações com a campanha de Dilma Rousseff.
Vale, porém, discutir as implicações da liberdade de imprensa, e de expressão em geral. É do conhecimento até do mundo mineral que a liberdade de informar encontra seus limites no Código Penal. Se o jornalista acusa, tem de provar a acusação. E informar significa relatar fatos. Corretamente. Quanto à opinião, cada um tem direito à sua.
Muito me agrada que o Estadão e o Globo em editoriais e, se não me engano,- um colunista tenham aproveitado a sugestão feita por mim na semana passada. Por que não comparar Lula a Luís XIV, além de Mussolini e Hitler? Compararam, para ampliar o espectro da evocação. De ditadores de extrema-direita a um monarca por direito divino, aprazível passeio pela história. Volto à carga: sinto a falta de Stalin, talvez fosse personagem mais afinada com a personalidade de Lula, aquele que ia transformar o Brasil em república socialista. Quem sabe, a tarefa fique para a guerrilheira terrorista, assassina de criancinhas.
Espero ter sido útil, com uma contribuição aos delírios de quem percebe o poder a lhe escorrer entre os dedos. A campanha midiática a favor do candidato tucano não é digna do país que o Brasil merece ser, e sim adequada ao manicômio. Aumenta o clamor de grupelhos de inconformados de uma velha-guarda que não dispensa militares de pijama, todos protagonistas de um espetáculo que fica entre a ópera-bufa e o antigo Pinel. Que tem a ver com liberdade de imprensa acusar Lula e Dilma de pretenderem "mexicanizar", ou "venezuelizar" o Brasil? Ou enterrar a democracia?
Mesmo que o presidente não pronuncie sempre palavras irretocáveis, onde estão as provas desse terrificante projeto? Temos, isto sim, as provas em sentido contrário: os golpistas arvoram-se a paladinos de uma legalidade que eles somente ameaçam. A união da mídia já produziu alguns entre os piores momentos da história brasileira. A morte de Getúlio Vargas, presidente eleito, a resistência a Juscelino, o golpe de 1964 e suas consequências 21 anos a fio, sem contar com a oposição à campanha das Diretas Já. Ou com o apoio maciço à candidatura de Fernando Collor, à reeleição de Fernando Henrique, às privatizações vergonhosamente manipuladas.
É possível perceber agora que este congraçamento nunca foi tão compacto. Surpreende-me, por exemplo, o aproveitamento que o Estadão faz das reportagens de Veja, citada com todas as letras. Em outros tempos não seria assim, a família Mesquita tachava os Civita de "argentários" em editoriais da terceira página. As relações entre os mesmos Mesquita, os Frias e os Marinho não eram também das melhores. Hoje não, hoje estão mais unidos do que nunca. Pelo desespero, creio eu.
A união, apesar das divergências, sempre os trouxe à mesma frente quando o risco foi comum. Ameaça ardilosamente elevada à enésima potência para justificar o revide pronto e imediato. E exorbitante. A aliança destes dias tem uma peculiaridade porque o risco temido por eles é real, a figurar uma situação muito pior do que aquela imaginada até o começo de 2010. Desespero rima com conselheiro, mas como tal é péssimo. De sorte que estão a se mover para mais uma Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade. A derradeira, esperamos. Não nos iludamos, no entanto. São capazes de coisas piores.
Otimista em relação ao futuro, na minha visão vivemos os estertores de um sistema, mudança essencial ao sabor de um confronto social em andamento, sem violência, sem sangue. Diria natural, gerado pelo desenvolvimento, pelo crescimento. Donde, por mais sombrios que sejam os propósitos dos verdadeiros inimigos da democracia, eles, desta vez, no pasaran. Eles próprios se expõem a risco até ontem inimaginável. Se houver chance para uma tentativa golpista, desta vez haverá reação popular, com consequências imprevisíveis.
Episódio representativo da situação, conquanto não o mais assombroso, longe disso, é a demanda da vice-procuradora da Justiça Eleitoral para averiguar se vendemos, ou não, a nossa alma. Falo em nome de uma pequena redação que não desiste há 16 anos na prática do jornalismo honesto, pasma por estar sob suspeita ao apoiar às claras a candidatura Dilma.
Sugiro à doutora Sandra que, de mão na massa, verifique também se a revista IstoÉ recebeu lauta compensação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema quando o acima assinado em companhia do repórter Bernardo Lerer, escreveu uma reveladora, ouso dizer, reportagem sobre Luiz Inácio da Silva, melhor conhecido como Lula, publicada em fevereiro de 1978. Ou se acomodou-se em uma espécie de mensalão ao publicar oito capas a respeito da ação de Lula à frente de uma sequência de greves entre 1978 e 1980. Ou se me locupletei pessoalmente por ter estado ao lado dele na noite de sua prisão, e da sua saída da cadeia, quando enquadrado pela ditadura na Lei de Segurança Nacional, bem como nas suas campanhas como candidato à Presidência da República. Desde o dia em que conheci o atual presidente da República, pensei: este é o cara.
Hahaha!
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Imperdível!
Em 2006, o esgoto da Veja não consultou o polvo Paul contra Lula
Em 2006, Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo comentando a 'derrota' de Lula para Alckimin no segundo turno ao mesmo tempo em que não demonstram nenhum confiança num suposto goveno do ex-governador de São Paulo. A tradução é que servia qualquer poste, desde que pudesse derrotar Lula. A vitória 'dos dois', não era a eleição de Alckmin, mas a derrota de Lula. O resto é história. E o pior é que o discurso dos dois, se projetado para 2010, deixa claro que as promessas do Serra de duplicar o Bolsa Família devem deixá-los profundamente irritados.
Moda Galo 2010
Vergonha, vergonha
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Figaro, Figaro
Publicação: 21/09/2010 08:24 Atualização: 21/09/2010 08:38
A chamada para a matéria ocupou o alto da capa do 'Le Figaro' (à esquerda) |
A reportagem conta a história de Ricardo Mendonça, paraibano de Itatuba que se mudou para o Rio de Janeiro à busca de emprego em 2003 e conseguiu entrar na universidade graças a uma bolsa do programa Pro-Uni, do governo federal.
O jornal atribui o sucesso de Mendonça às políticas do governo Lula.
"Histórias como esta de Ricardo o Brasil registra aos milhões. A três meses do fim do seu segundo mandato, este é um país mudado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixará ao seu sucessor", escreve o Le Figaro.
Leia a matéria publicada no Le Figaro
'Barbudo onipresente'
O jornal diz que quando Lula chegou ao poder, em 2003, o Brasil era um país sem "grandes esperanças" que havia finalmente dado uma chance a um "turbulento barbudo onipresente na cena eleitoral deste o restabelecimento da democracia". O Le Figaro destaca que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu combater a hiperinflação com o Plano Real, mas que se tornou "muito impopular" antes de deixar o poder em 2002.
Citando analistas políticos brasileiros, o jornal diz que Lula foi responsável por ampliar políticas sociais do governo anterior. "O chefe de Estado reagrupou algumas medidas sociais do seu antecessor e às deu uma dimensão inimaginável", diz a reportagem do jornal. "Pela primeira vez na história, o Brasil assiste a uma redução continua e inédita das desigualdades. Em dois mandatos, 24 milhões de brasileiros saíram da miséria e 31 milhões entraram para a classe média."
O jornal diz que o governo quer agora usar a riqueza dos novos campos de petróleo descobertos no litoral brasileiro para criar um fundo que beneficie os mais pobres. O Le Figaro destaca que apesar dos avanços, o Brasil ainda é um dos mais desiguais da América Latina e do mundo, com altos índices de analfabetismo e problemas crônicos de saúde pública.
O jornal alerta também que as autoridades e parte dos analistas no Brasil não estão imunes a "complacência".
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
Oxalá
O fim um ciclo em que a velha mídia foi soberana
Enviado por luisnassif, sab, 18/09/2010 - 07:20Dia após dia, episódio após episódio, vem se confirmando o cenário que traçamos aqui desde meados do ano passado: o suicídio do PSDB apostando as fichas em José Serra; a reestruturação partidária pós-eleições; o novo papel de Aécio Neves no cenário político; o pacto espúrio de Serra com a velha mídia, destruindo a oposição e a reputação dos jornais; os riscos para a liberdade de opinião, caso ele fosse eleito; a perda gradativa de influência da velha mídia.
O provável anúncio da saída de Aécio Neves marca oficialmente o fim do PSDB e da aliança com a velha mídia carioca-paulista que lhe forneceu a hegemonia política de 1994 a 2002 e a hegemonia sobre a oposição no período posterior.
Daqui para frente, o outrora glorioso PSDB, que em outros tempos encarnou a esperança de racionalidade administrativa, de não-sectarismo, será reduzido a uma reedição do velho PRP (Partido Republicano Paulista), encastelado em São Paulo e comandado por um político – Geraldo Alckmin – sem expressão nacional.
Fim de um período odioso
Restarão os ecos da mais odiosa campanha política da moderna história brasileira – um processo que se iniciou cinco anos atrás, com o uso intensivo da injúria, o exercício recorrente do assassinato de reputações, conseguindo suplantar em baixaria e falta de escrúpulos até a campanha de Fernando Collor em 1989.
As quarenta capas de Veja – culminando com a que aparece chutando o presidente – entrarão para a história do anti-jornalismo nacional. Os ataques de parajornalistas a jornalistas, patrocinados por Serra e admitidos por Roberto Civita, marcarão a categoria por décadas, como símbolo do período mais abjeto de uma história que começa gloriosa, com a campanha das diretas, e se encerra melancólica, exibindo um esgoto a céu aberto.
Levará anos para que o rancor seja extirpado da comunidade dos jornalistas, diluindo o envenenamento geral que tomou conta da classe.
A verdadeira história desse desastre ainda levará algum tempo para ser contada, o pacto com diretores da velha mídia, a noite de São Bartolomeu, para afastar os dissidentes, os assassinatos de reputação de jornalistas e políticos, adversários e até aliados, bancados diretamente por Serra, a tentativa de criar dossiês contra Aécio, da mesma maneira que utilizou contra Roseana, Tasso e Paulo Renato.
O general que traiu seu exército
Do cenário político desaparecerá também o DEM, com seus militantes distribuindo-se pelo PMDB e pelo PV.
Encerra-se a carreira de Freire, Jungman, Itagiba, Guerra, Álvaro Dias, Virgilio, Heráclito, Bornhausen, do meu amigo Vellozo Lucas, de Márcio Fortes e tantos outros que apostaram suas fichas em uma liderança destrambelhada e egocêntrica, atuando à sombra das conspirações subterrâneas.
Em todo esse período, Serra pensou apenas nele. Sua campanha foi montada para blindá-lo e à família das informações que virão à tona com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr e da exposição de suas ligações com Daniel Dantas.
Todos os dias, obsessivamente, preocupou-se em vitimizar a filha e a ele, para que qualquer investigação futura sobre seus negócios possa ser rebatida com o argumento de perseguição política.
A interrupção da entrevista à CNT expôs de maneira didática essa estratégia que vinha sendo cantada há tempos aqui, para explicar uma campanha eleitoral sem pé nem cabeça. Seu argumento para Márcia Peltier foi: ocorreu um desrespeito aos direitos individuais da minha filha; o resto é desculpa para esconder o crime principal.
Para salvar a pele, não vacilou em destruir a oposição, em tentar destruir a estabilidade política, em liquidar com a carreira de seus seguidores mais fiéis.
Mesmo depois que todas as pesquisas qualitativas falavam na perda de votos com o denuncismo exacerbado, mesmo com o clima político tornando-se irrespirável, prosseguiu nessa aventura insana, afundando os aliados a cada nova pesquisa e a cada nova denúncia.
Com isso, expôs de tal maneira a filha, que não será mais possível varrer suas estripulias para debaixo do tapete.
A marcha da história
Os episódios dos últimos dias me lembram a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim. Dejetos, lixo, figuras soturnas, almas penadas, todos sendo varridos pela água abundante e revitalizadora da marcha da história.
Dia após dia, mês após mês, quem tem sensibilidade analítica percebia movimentos tectônicos irresistíveis da história.
Primeiro, o desabrochar de uma nova sociedade de consumo de massas, a ascensão dos novos brasileiros ao mercado de consumo e ao mercado político, o Bolsa Família com seu cartão eletrônico, libertando os eleitores dos currais controlados por coronéis regionais.
Depois, a construção gradativa de uma nova sociedade civil, organizando-se em torno de conselhos municipais, estaduais, ONGs, pontos de cultura, associações, sindicatos, conselhos de secretários, pela periferia e pela Internet, sepultando o velho modelo autárquico de governar sem conversar.
Mesmo debaixo do tiroteio cerrado, a nova opinião pública florescia através da blogosfera.
Foi de extremo simbolismo o episódio com o deputado do interior do Rio Grande do Sul, integrante do baixo clero, que resolveu enfrentar a poderosa Rede Globo.
Durante dias, jornalistas vociferantes investiram contra UM deputado inexpressivo, para puni-lo pelo atrevimento de enfrentar os deuses do Olimpo. Matérias no Jornal Nacional, reportagens em O Globo, ataques pela CBN, parecia o exército dos Estados Unidos se valendo das mais poderosas armas de destruição contra um pequeno povoado perdido.
E o gauchão, dando de ombros: meus eleitores não ligam para essa imprensa. Nem me lembro do seu nome. Mas seu desprezo pela força da velha mídia, sem nenhuma presunção de heroísmo, de fazer história, ainda será reconhecido como o momento mais simbólico dessa nova era.
Os novos tempos
A Rede Record ganhou musculatura, a Bandeirantes nunca teve alinhamento automático com a Globo, a ex-Manchete parece querer erguer-se da irrelevância.
De jornal nacional, com tiragem e influência distribuídas por todos os estados, a Folha foi se tornando mais e mais um jornal paulista, assim como o Estadão. A influência da velha mídia se viu reduzida à rede Globo e à CBN. A Abril se debate, faz das tripas coração para esconder a queda de tiragem da Veja.
A blogosfera foi se organizando de maneira espontânea, para enfrentar a barreira de desinformação, fazendo o contraponto à velha mídia não apenas entre leitores bem informados como também junto à imprensa fora do eixo Rio-São Paulo. O fim do controle das verbas publicitárias pela grande mídia, gradativamente passou a revitalizar a mídia do interior. Em temas nacionais, deixou de existir seu alinhamento automático com a velha mídia.
Em breve, mudanças na Lei Geral das Comunicações abrirão espaço para novos grupos entrarem, impondo finalmente a modernização e o arejamento ao derradeiro setor anacrônico de um país que clama pela modernização.
As ameaças à liberdade de opinião
Dia desses, me perguntaram no Twitter qual a probabilidade da imprensa ser calada pelo próximo governo. Disse que era de 25% - o percentual de votos de Serra. Espero, agora, que caia abaixo dos 20% e que seja ultrapassado pela umidade relativa do ar, para que um vento refrescante e revitalizador venha aliviar a política brasileira e o clima de São Paulo.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Revolução na comunicação
Luta injusta
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Brincadeira!
Hitler, Mussolini e a campanha eleitoral
Cynara Menezes16 de setembro de 2010 às 14:00hOposição muda estratégias e compara Lula a ditadores
Com o candidato José Serra estacionado nas pesquisas mesmo após três semanas de fabricação ininterrupta de factóides pela imprensa, a oposição começou nos últimos dias a desenhar uma nova e desesperada estratégia: comparar o presidente Lula, eleito, reeleito e prestes a fazer sua sucessora democraticamente, a ditadores nazistas.
Primeiro foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que retornou do ostracismo em que foi jogado pelos próprios correligionários para comparar Lula a Benito Mussolini. “Outro dia eu vi um filme sobre o Mussolini, ‘Vincere’. Fiquei horrorizado porque o Mussolini tinha quase unanimidade. Todo mundo estava do lado dele”, contou FHC. “Faltou quem freasse o Mussolini. Claro que Lula não tem nada a ver com ele no sentido específico, mas o estilo, dizer ‘eu sou tudo, quero o poder total’, não pode. Alguém tem que parar”, conclamou o tucano mor, para quem Lula é o “chefe de uma facção” por fazer campanha para sua candidata, Dilma Rousseff.
Fernando Henrique repercutia uma frase do presidente Lula do dia anterior, segunda-feira 13, em comício em Santa Catarina. Lula disse aos eleitores ali presentes que era preciso “extirpar o DEM da política brasileira”. Como já virou prática, a fala do presidente em relação ao ex-PFL e ex-Arena se transformou, sob a ótica dos colunistas da grande imprensa, em uma tentativa de “extirpar” a oposição no país como um todo.
O presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen, aquele que um dia exortou os brasileiros a “acabar com a raça” do PT, colocou o filho Paulinho para repetir a cantilena ensaiada do “nazifascismo” de Lula. “O presidente tem de estar são e lavar a boca para falar dos Bornhausen em Santa Catarina”, declarou Paulinho bem no estilo familiar, acusando Lula de “mostrar a verdadeira face de protótipo de ditador”. Na quarta-feira 15, foi a vez de outro príncipe herdeiro do DEM, Rodrigo Maia, filho de César, fazer coro, dizendo que o desejo de Lula de extirpar seu partido da política “lembra a perseguição dos nazistas aos judeus”. No mesmo dia, em Juazeiro do Norte, no Ceará, o tucano Tasso Jereissati comparou Lula a Hitler, Mussolini e ao ditador paraguaio Alfredo Stroessner.
Não deixa de causar espanto, neste momento, a iniciativa da Folha de S.Paulo de ressuscitar um velho anúncio de televisão, de 1987, em que cantava loas a si própria como o “jornal que mais se compra e nunca se vende”. Com sua credibilidade abalada por sucessivas reportagens contra Dilma sem similares contra o candidato tucano, a Folha fez reportagem anunciando a ressurreição do comercial “premiado”, que voltou ao ar justamente nos intervalos do último debate entre os presidenciáveis, na rede TV!, no domingo. O texto da peça: “Este homem pegou uma nação destruída, recuperou a economia e devolveu o orgulho a seu povo. O número de desempregados caiu, o produto interno cresceu, a renda per capita dobrou, o lucro das empresas aumentou…” No final, “este homem” aparece: é Hitler.
Alusão a Lula? Coincidência? Haverá quem fale em teoria de conspiração. E haverá quem fale também em orquestração. No ponto a que chegou a campanha eleitoral, não seria forçado dizer que infelizmente nada mais é fortuito.
Cynara Menezes
Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista "VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Recordar é viver
22/07/2010 10:57:03
Mauricio DiasFHC denuncia a invasão ao falar de Lula enquanto Serra usa os argumentos dos golpistas de 1964
Os quase 120 anos de história da República brasileira registram poucos gestos de devoção constitucional que possam se igualar à decisão do presidente Lula de vetar mudanças na legislação e abrir caminho para ficar no poder com um terceiro mandato.
Lula resistiu com determinação democrática às pressões e caprichos da vaidade pessoal às quais sucumbiu FHC. O tucano deu sinal verde para que, em causa própria, fossem quebradas as regras. O metalúrgico reverenciou a lei. O sociólogo deu o maior “golpe branco” já registrado nos anais da citada história republicana.
Expressivo contraste. No entanto, mesmo diante dessa evidência, a oposição lança suspeita de golpismo no intruso operário que, para ela, cometeu um erro imperdoável. Um erro intencional, diga-se. Lula invadiu o “Clube de Eleitos”, na expressão de FHC no ensaio “Dos governos militares a Prudente-Campos Sales”.
O clube seria uma entidade que só admitia sócios com diploma superior ou cedia, docemente constrangido, aos que chegavam com “espada na cinta e ginete na mão”.
Veio de José Serra a mais recente frase de desconfiança lançada sobre o operário: “Diziam que existia uma República sindicalista no período de Jango. Eles eram anjos. República sindicalista existe agora”.
Para quem não sabe, ou esqueceu, era assim o discurso golpista em 1964. O mantra que acirrou os militares a derrubarem o presidente João Goulart.
Lamentável. O comportamento político de Serra faz corar frades de pedra.
O que move a oposição de 2010 é a mesma farsa vulgar encenada pela oposição de 1964. Embora tenha tentado recentemente, os oposicionistas não querem, agora, derrubar o presidente. Tentam algemá-lo e amordaçá-lo para derrotarem Dilma Rousseff que, com maiores chances de vitória herda, em intenção de votos, a avaliação positiva que a sociedade faz do governo Lula.
Não foi com truques de marketing que o presidente construiu a popularidade histórica que alcançou. Ela apenas reflete o desempenho de quase oito anos de governo, com tantas ações positivas, que nem mesmo o bloqueio dos meios de comunicação obstruiu a propagação dos resultados desde o Oiapoque ao Chuí.
Ainda agora, foram divulgados índices de redução da pobreza que projetam a possibilidade de, em seis anos, reduzir a quase zero a pobreza extrema no Brasil. Tarde, porém melhor que nunca.
A oposição tentou tirar casquinha ao invocar os benefícios do Plano Real, criado no governo de Itamar Franco e tendo FHC no Ministério da Fazenda. De fato, a estabilidade monetária, mas não a econômica, alcançada pelo real teve um impacto na diminuição da pobreza. Mas há uma diferença entre o impacto secundário e o impacto direto do objetivo político. Diz o Ipea:
“Quando se projeta no tempo a redução nas taxas de pobreza absoluta e extrema alcançadas no período de maior registro de sua diminuição recente (2003-2008), pode-se inferir que em 2016, o Brasil terá superado a miséria e diminuído a 4% a taxa nacional de pobreza absoluta”.
Tiro no pé
Dirceu e os abusos da imprensa
Enviado por luisnassif, qua, 15/09/2010 - 11:11Por foo
Nassif,
Vale a pena dar destaque a esta manchete, pois, logo logo vão começar a repercutir:
José Dirceu reclama de "excesso de liberdade de imprensa"
O ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, reclamou, na noite de segunda-feira (13), em encontro com petroleiros, do "excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa", como divulgou em nota, na tarde desta terça-feira (14) a assessoria de imprensa do PT na Bahia. O trecho completo da nota do PT: "O primeiro ano do governo da Dilma certamente será marcado pela política. Todos os articulistas na Globo batem na mesma tecla. O problema é o monopólio das grandes mídias, excesso de liberdade e de direito de expressão e de imprensa. A imprensa já disputa até a constituição do governo".
Que absurdo!
Mas vamos ver o que o Dirceu realmente falou?
"Nós somos um partido e uma candidatura que coloca em risco o que eles tão batendo, todos articulistas da Globo escrevem e falam na TV, todos os analistas deles: a noção das garantias individuais e da constituição, que nós queremos censurar a imprensa, que o problema no Brasil é a liberdade de imprensa?
Gente do céu. Como alguém pode afirmar do Brasil é(...). Não existe excesso de liberdade. Pra quem já viveu em ditadura(...)
Dizem que nós queremos censurar a imprensa. Diz que o problema é a liberdade de imprensa.
O problema do Brasil é excesso, bom, é que não existe excesso de liberdade, mas o abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem. Que está na Constituição igualzinho a liberdade, a Constituição não colocou o direito de resposta e de imagem, a honra, abaixo ou acima da proibição da censura e da censura prévia, corretamente, ou do direito de informação e da liberdade de imprensa, de expressão. São todas cláusulas pétreas."
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=324508&ch=n
Ou seja: o artigo que denuncia Dirceu é um exemplo daquilo que o próprio Dirceu denuncia na mídia: o abuso do poder, a distorção, a mentira.
Infelizmente, não é isso o que o restante da imprensa vai divulgar; e, mais uma vez, os leitores dos grandes jornais serão mal informados, e passarão correntes por email onde garantirão que Dirceu disse o que não disse, e que o PT defende o que repudia.