sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
É isso
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Augúrios
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Dudão
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Sem exagero
Steinbruch e a despedida de Lula
Enviado por luisnassif, ter, 21/12/2010 - 13:46Da Folha
BENJAMIN STEINBRUCH
Prezado presidente Lula
Não é fácil presidir um país com o tamanho e com a complexidade do Brasil, mesmo com boas intenções
DENTRO DE DEZ dias estará encerrado seu período no comando do país. Nós todos, que sempre sonhamos com um Brasil desenvolvido e próspero, o aplaudimos quando conseguiu, depois de três tentativas frustradas, chegar à Presidência, com 52,4 milhões de votos.
É justo reconhecer que havia alguns receios, principalmente por causa de seu passado radical e de sua falta de experiência administrativa. Adversários se aproveitaram disso para assustar o país com previsões de catástrofe.
tão, o senhor escreveu uma carta ao povo e prometeu respeitar contratos, combater a inflação e, mais importante, remover obstáculos que impediam, durante longos anos, o crescimento da economia.
Entre as suas promessas, presidente, estavam criar 10 milhões de empregos, incentivar a construção habitacional e apoiar a empresa nacional, pequena ou grande.
Mais do que ninguém, por sua origem nordestina e operária, conhecia os problemas dos pobres. Comprometeu-se a combater a fome que atingia 22 milhões de pessoas e a pobreza, que sufocava 53 milhões de brasileiros.
Lembro-me de que ao lhe desejar boa sorte, escrevi aqui na Folha que sua eleição decorria desses compromissos que não poderiam ser abandonados, sob pena de frustrar o povo que acabara de cativar.
Sua vantagem era a ousadia que desaparecera nos anos anteriores, em que prevalecera a falta de apetite para o desenvolvimento e a acomodação com planos de estabilização monitorados pelo FMI.
Estávamos acostumados a usar a desculpa da falta de recursos para tudo: para a fome, para a violência, para justificar as escolas de péssima qualidade, os juros que esfolavam as empresas, a falta de moradias, a saúde em frangalhos e os buracos nas estradas.
Mas, mesmo com boas intenções, não é fácil presidir um país com o tamanho e a complexidade do Brasil. No começo, talvez para mostrar que não iria flertar com heterodoxias radicais de triste memória, o senhor adotou políticas que mantiveram um jeito muito conservador de conduzir a economia. Depois, houve um momento de decepção, em que poderia ter sido mais duro com desmandos dentro do governo.
Os programas sociais foram muito bem-vindos e tiraram da pobreza 11 milhões de famílias logo no primeiro mandato. Só no segundo, porém, o senhor demonstrou obstinação para adotar a política desenvolvimentista, com a criação do PAC e os investimentos em infraestrutura, ainda que a política monetária continuasse a frear a economia.
Quando veio a crise global, no fim de 2008, sua condução foi correta: redução de tributos sobre itens importantes para incentivar o consumo e a criação de emprego, estímulo ao crédito e outras medidas para fortalecer o mercado interno. Em pouco tempo, depois do susto inicial, o consumo interno crescia em ritmo chinês e o emprego se recuperava, mesmo tendo o Banco Central resistido em usar o instrumento poderoso da redução de juros.
Ao passar a faixa presidencial a Dilma Rousseff, dentro de dez dias, o senhor estará entregando também um país em franco crescimento econômico, com taxa de expansão próxima de 8%, algo que não se conseguia havia muitos anos.
Talvez seja o caso de sugerir a Dilma que faça o esforço que for necessário para manter o país em um ritmo de crescimento parecido com esse que o senhor conseguiu -para isso, ela terá de baixar juros, cuidar do câmbio e reduzir custos para o setor privado. E sugerir também, já que ela é do seu partido, que tente cumprir algumas tarefas que o senhor não conseguiu concluir.
Como brasileiro, agradeço pelo seu empenho nesses oito anos de trabalho. Espero que sua sucessora, a primeira mulher a ocupar a Presidência, tenha a coragem de assumir, como o senhor o fez, um projeto de desenvolvimento nacional.
BENJAMIN STEINBRUCH, 57, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp. Escreve às terças, a cada 15 dias, nesta coluna.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Osso
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Achismo
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Ó Nicolelis de novo aí, geeente!
Miguel Nicolelis, um brasileiro, e seu projeto ilustrando uma matéria de seis páginas da mais recente edição da Science.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Caroço no angu
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Uma idéia
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Batismo de água
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Pega geral
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
A entrevista de Lula aos blogueiros
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Um brasileiro
Um gentleman
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Homilia verde
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Escuta essa
Vida em condomínio, por Relembrando Braga
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21 :45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio.
...Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Peraí
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Per inciso
O cosmonauta
O bigonauta
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Modos
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Guerras de secessão
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Vitória
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Bom domingo pra vocês
Já ganhou, já ganhou
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Farofada
Mais claro, impossível
Diários da desinformação: parte um
Coluna do Leitor28 de outubro de 2010 às 10:37hPor Val Klay*
Muitas das críticas ao governo Lula que semanalmente me chegam por e-mail são marcadas pela paranóia e pela falta de lucidez.
Principalmente quando o alvo é o próprio presidente, sobre quem as ofensas e acusações se disparam em adjetivos que vão do usual “analfabeto” até o despropositado “terrorista”, desfilando sandices tais como “nazista” ou “ditador” e até “anticristo”. Em certo e-mail, Lula, ao longo de uma abarrotada lista de comparações absurdas, é descrito como “pior que Adolf Hitler”. Noutro, surge personagem de Nostradamus, relatado pelo profeta medieval em alguma suposta centúria sobre uma “besta barbuda” que, no terceiro milênio, desceria sobre um “condado do hemisfério sul” atraindo para a desgraça o mesmo “povo tolo e leviano” que lhe deu poder. Que maldade!
Algumas visões sobre o desempenho do Brasil durante o atual governo são tão distorcidas e perniciosas que eu sequer cogitei em responder. Uns vêem no PT uma artimanha dos narcotraficantes colombianos das FARC que logo tomarão o país, outros vêem a ameaça de uma ditadura comunista transformando o Brasil, e logo a América latina inteira, numa imensa cuba continental.
“Eu não sou comunista, sou torneiro mecânico”, confessou o presidente da República.
Minha falha foi não ver que essa enxurrada de tolices, simples negação sem sentido, estava virando costume, uma brincadeira de mau gosto, e resultaria numa eficiente campanha de difamação que ajudou a comprometer a vitória no primeiro turno. Por que perder tempo com a faceta mais feia do debate eleitoral, com tanta discussão interessante ocorrendo web à fora? Qualquer tentativa era, no mínimo, desagradável. A falta de respeito pelas conquistas do governo Lula e sua popularidade, quanto mais infundada é, mais agressivamente se defende — chega a querer impor-se como um direito. O direito de discordar sem ter razão nenhuma. Parecia fútil tentar debater, quando as respostas mais decentes eram do seguinte calão:
hê, mas que papo furado ein…
vc ganhou dinheiro pra falar isso?
Vc mora no plano piloto?
A desinformação é o maior trunfo da oposição. Ninguém precisa ser comprado para apoiar o governo Lula. Basta conhecer a realidade para saber em quem votar.
Sim, eu moro no Plano Piloto. Sou professora de nível superior, já tendo lecionado inclusive na UNB, e agora possuo um pequeno estúdio de gravação onde também dito aulas de música, lidando com pessoas de diversas classes sociais diariamente. E posso afirmar sem vacilação que, ao longo do governo Lula, mais marcadamente durante o segundo mandato, passei a ter mais alunos e um nível de vida melhor. O aumento do poder aquisitivo das classes baixas diversificou minha pasta de alunos, beneficiando diretamente a minha vida profissional e pessoal. Gente que antes não tinha condições de cursar minhas aulas agora veio a poder e o tem feito com freqüência crescente.
E não apenas quem trabalha com serviços se beneficiou. Digam Merval Pereira e André Trigueiro o que quiserem, a verdade é que o período pós-PSDB se caracteriza por uma indústria nacional notavelmente favorável à política econômica do governo. A população está comprando mais. Os números históricos do natal passado, por exemplo, devem ter feito mais de uma edição da revista Veja ter o impulso de se rasgar sozinha. Carros, imóveis, eletrodomésticos, construção, educação, até turismo: um recorde setor após setor.
Então, pensando melhor, talvez seja verdade: eu defendo o atual governo porque ele me dá dinheiro. Admito.
Um governo bem-sucedido tem o efeito de um imenso esquema de compra de votos, sem ser um escândalo. Mantenha a economia em franco crescimento, com mais acesso facilitado a crédito e legítimos programas de assistência social e o que você tem em mãos é um verdadeiro mensalão de pobre. Foi a lição mais humilhante que a oposição (essa oposição que antes governava) aprendeu da Era Lula. A estratégia mais ardilosa para se manter no poder é praticar o grande golpe de ser realmente um bom governo.
Contra isso a única munição eficaz que existe é a desinformação. Por isso a oposição do tucano José Serra é tão dependente da grande mídia. Porque desinformar é o papel da imprensa. Ou ao menos tem sido. É o que explica porque ainda há tanta gente ignorando o que realmente estava acontecendo quando nós colocamos um metalúrgico sindicalista nordestino na presidência da república, oito anos atrás.
O Brasil passou a acompanhar, e em posição de destaque, a onda de renovação que está mudando a cultura política da América Latina.
Após séculos de exploração empobrecedora e dominação sócio-cultural, os governantes das nações latino-americanas em fim começam a ter a cara do povo que governam. O mesmo ocorre com seus governos, o que dá à fase em que vivemos um caráter de verdadeira transformação histórica. É o que explica a presidenta da argentina Cristina Kirchner ao diretor Oliver Stone no documentário Ao Sul da Fronteira, que analisa inclusive a poderosa muralha ideológica que se ergueu em resistência. Hoje mais que nunca as televisões, jornais e revistas mais influentes dessa parte do continente somam forças contra a renovação cultural, defendendo praticamente cada item da agenda norte-americana e cada interesse da pasta política do G-8, o clube dos oito países mais ricos do mundo. Aqueles mesmos que nos colonizaram em primeiro lugar.
A ALCA é um bom exemplo: todos os grandes veículos de comunicação latino-americanos — via de regra — pleiteiam relações unilaterais entre seus países e os EUA, todos combatem abertamente o MERCOSUL. O conchavo chega a ser escandaloso de tão evidente. E, como a impávida senhora Kirchner (com sua lei dos meios de comunicação) logo descobriu, é difícil tomar alguma medida que não seja automaticamente taxada de censura.
Onde o jornalismo pode criticar sem ser criticado, a liberdade de imprensa é inimiga da liberdade de expressão. Independente do que se ouve nesse grande coral montado pela Globo, a Veja, o Estadão e a Folha de São Paulo, não é a imprensa livre que eles estão protegendo. É o loby da grande mídia, da imprensa milionária, em nada livre, mas acorrentada aos óbvios interesses em comum e às inevitáveis coligações ideológicas (quase partidárias) que se espera de seus donos, as poderosas famiglias de sempre. Como o clã dos Nobre, lá na Argentina, e dos Marinho, aqui no Brasil.
“Em nenhuma democracia séria do mundo”, alerta o jornalista Paulo Henrique Amorim que debandou da Globo, como tantos, e hoje é um de seus grandes críticos, “jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil”. O poder de fogo que o loby da grande mídia, essa opinião pública artificial, aglomera em defesa de interesses imperialistas é devastador. “Eles se transformaram num partido político”, ironiza o jornalista, “o PiG, Partido da Imprensa Golpista”.
Na crise econômica mundial de 2008, era de partir o coração flagrar a Globo News, claramente, sem sombra de dúvidas, torcendo contra as medidas do governo, com retórica e clamor de oposição. Só faltou admitir. Depois eu vi, sem poder crer, com meus próprios olhos, mais de um jornalista se morder de raiva — visivelmente, cara feia em pleno horário nobre —, quando, por fim, o desempenho da equipe econômica de Lula deu uma rasteira na crise mundial. Contrariando os prognósticos, o governo, não somente livrou o Brasil de uma grave recessão (desemprego, inflação, etc.), mas compartilhou sua receita de salvação com outros países emergentes, como a Índia, dando uma aula de gerência e estadismo para os economistas neo-liberais dos países desenvolvidos. Aqueles mesmos que provocaram a crise em primeiro lugar.
Para o chamado padrão Globo de telejornalismo, aquela era uma notícia demasiado amarga de divulgar.
Míriam Leitão, por exemplo, num ritual jornalístico de pura aceitação, um ato de absoluta fé editorial que transcende provas, fatos e outros fenômenos mundanos, é uma das maiores pregadoras do mito lendário do governo incompetente. Incansável sacerdotiza da seita neo-liberal, passou as duas gestões do governo Lula enclaustrada no templo da Globo News, profetizando os piores apocalipses para o Brasil. E o fez com uma assiduidade e uma inflexibilidade tão religiosas que o mundo sem censura da Internet a batizou de “Urubóloga”. Enquanto isso, o prometido desastre econômico, que há quase oito anos está em vias de afundar a nação, acabou se acostumando a ser sistematicamente adiado para o trimestre que vem, quando aí sim virá, com certeza, como antes…
Essa é a mesma lógica circense dos articulistas da revista Veja: sendo contra o governo, pouco importa a consistência da crítica, o que importa é a constância. Numa verdadeira refutação da teoria de que os pessimistas são mais lúcidos, nunca um ser humano errou tanto quanto Diogo Mainardi. É como se não soubesse o que diz, já foi até processado! Esse sim é pago, e muito bem, para ter a “correta” opinião própria (ou imprópria, no caso) que possui sobre o atual governo. Mainardi, que eu me lembre, surgiu praticamente ao mesmo tempo que o governo petista, defendendo o neo-conservadorismo hereditário do clã Bush, os empobrecedores subsídios agrícolas dos países ricos, a guerra do petróleo, vários tópicos do gênero, enquanto chamava o Lula de brucutu e o povo brasileiro de burro.
Deixando de lado eventuais escândalos, como o da colunista Maria Rita Kehl, proibida pelo Estadão de escrever sobre política por elogiar o governo (isso não seria censura?), em geral a campanha de oposição por parte dos grandes jornais, embora forte, é mais sutil. Com exceção da Folha de São Paulo, é claro. “Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler”, fuzila Amorim. “Folha é aquele jornal (…) da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de bom caráter porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é porque o dono é o que é; nos anos militares a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores”.
Desaparecidos às centenas de milhares, presos políticos com seus filhos seqüestrados, jamais vistos, esquemas industriais de extermínio, ataques militarizados a resistências populares, nenhuma ditadura teria a menor viabilidade sem a meticulosa desinformação de povos inteiros, sem controle sobre a mídia. Embora isso seja assunto para outra parte desse artigo, não é mais segredo que, nos bastidores da grande mídia, era comum certa cumplicidade com os golpes militares que extorquiram a América Latina. Países como o Chile e a Argentina têm descoberto muita roupa suja totalitarista para lavar. E o Brasil não teve melhor sorte. Mesmo em períodos de repressão, o poder do dinheiro sobre a imprensa e a política se mostra o que há de mais persuasivo. A sombra silenciosa dos interesses imperialistas que paira sobre nós e nossas riquezas sempre reconheceu isso. Sai mais em conta subornar, comprar, que reprimir.
Principalmente quando nossas instituições são tão subservientes. A falta de respeito pela própria soberania já foi uma característica nacional. “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, a frase célebre proferida pelo general Juracy Magalhães, no ano do golpe que poria o país de joelhos sob a mira de fuzis, jamais nos permitirá esquecer isso. Desde então, até quando o PSDB saiu da presidência, nós, todo o povo brasileiro, éramos um gigante sem peso, quase sem voz na própria vizinhança.
Hoje em dia Hugo Chaves declara: “A América Latina vai para onde o Brasil for”.
O Brasil de hoje é uma nação com cacife para dar conselhos e até financiar empréstimos para o Fundo Monetário Internacional, o famigerado FMI que, junto à obediência incompetente dos governos anteriores — principalmente o de FHC —, leiloou nossas maiores empresas sem conseguir tirar o Brasil do buraco, agravando a desigualdade social mesmo numa época de inflação controlada. Foi o mistério da “privataria”, pela qual hoje o Fernando Henrique culpa o Serra . “Eles venderam tudo e aumentaram a dívida”, reclamou o ex-ministro Delfin Neto.
Na contra-mão de tudo isso, o governo do PT fez o que todos diziam ser impossível: dignificou o salário mínimo, que subiu de 64 para mais de 291 dólares (valores de janeiro de 2010), sem quebrar a previdência, como o FHC previa. Aliás, pagou as dívidas do governo dele e tampou cada buraco deixado pelo PSDB, sem descontar nos desvalidos. Só nos últimos oito anos, 32 milhões de pessoas saíram da condição de miséria absoluta e se tornaram consumidores. Chamam a isso de “crescimento sustentável”, coisa que até então era só uma lenda. Agora os economistas estão vendo que é real, que é possível.
Com a mídia criticando cada passo, o governo Lula conseguiu baixar o IPI fazendo a indústria automobilística brasileira, assim como a linha branca de eletrodomésticos, bater recorde.Com a Dilma criou o PAC, um pacote de medidas que nos blindou contra a crise e hoje, inclusive, é imitado por outras nações. Abriu mais escolas e universidades que seus antecessores juntos (14 universidades públicas e estendeu mais de 40 campi), além de criar o PRÓ-UNI, um programa que leva filhos de famílias carentes à universidade (meio milhão de bolsas para pobres em escolas particulares). De tão competente, foi aceito sem resistências na liderança dos países emergentes (fato antes impensável), encurralando o imperialista G-8 com o estratégico G-20. (Cheque-mate!)
Ressuscitou o Proálcool, lutou pelo biodiesel e levou o país à liderança mundial de combustíveis renováveis. A televisão pode até não falar, mas o Brasil de hoje possui o maior programa de energia alternativa ao petróleo do planeta. E, por fim, colocou o primeiro negro no Supremo e uma mulher no comando da casa civil. Ela que, golpismos a parte, logo estará sentada na cadeira da presidência, como sucessora do maior presidente que esse país já teve.
Os resultados do governo Lula, aplaudidos por políticos e economistas do mundo inteiro, são uma vitória legítima da democracia nacional, demonstrável em números sólidos, conhecidos e respeitados — até mesmo pela oposição. Aqueles que, por desconhecimento ou preconceito, contribuem com essa campanha leviana de negação das conquistas e virtudes do atual governo estão deliberadamente prejudicando o desenvolvimento do país e o futuro da nossa gente.
Não vote na escuridão, vote bem informado.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Não será a última
A última cruzada tucana
Leandro Fortes27 de outubro de 2010 às 16:27hO conteúdo abaixo caiu na minha caixa de spam, hoje de manhã, enviado por um certo Rodrigo Roni, certamente um dos muitos brucutus de internet a serviço da campanha de José Serra. Normalmente, apago da minha caixa de mensagem de e-mails correntes de quaisquer naturezas, pela óbvia razão de serem escritas e disseminadas por fanáticos religiosos, militantes políticos extremistas e idiotas em geral. Esta, contudo, embora não fuja à regra, é bastante emblemática sobre o desespero de certa porção da classe média em relação à perspectiva da vitória de Dilma Rousseff e da continuidade dos programas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um panfleto anti-petista por excelência, recheado de preconceitos e ofensas amarguradas, um último apelo à insensatez em nome da preservação dos piores e mais mesquinhos valores dessa parcela da sociedade brasileira que caminha, felizmente, para a extinção.
Para garantir votos ao tucano José Serra, a corrente estabelece uma fórmula baseada, explicitamente, nas relações da Casa Grande com a Senzala. Ensina ao patrão e à dona-de-casa de classe média como convencer empregadas domésticas, porteiros, motoristas, ascensoristas e empregados em geral do perigo que representará a eleição de Dilma. Reparem que as recomendações são para os empregados de dentistas, advogados, clientes, nunca para os dentistas, advogados e clientes, desde já colocados como pessoas de primeira categoria, portanto, imunes ao discurso patético de persuasão apregoado pelo panfleto. Há, ainda, o risível apelo a ser feito “ao atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças”.
Enfim, um texto altamente representativo do tipo de elite que temos no País, suas razões, seus preconceitos, seus medos e seu instinto de preservação baseado em conceitos primários. Uma elite que acha que pode convencer seus serviçais, a quem trata como escravos, a não votar na continuidade de um projeto político que lhes garantiu, pela primeira vez na vida, emprego formal, crédito, qualidade de vida, auto-estima e representação política real.
No auge do desespero, o autor do texto deixa transparecer seu caráter doentio ao se referir a Dilma como “perereca assassina e terrorista”. É essa gente que se coloca como alternativa a um governo popular que tirou o Brasil do buraco.
Vale a pena ler, portanto, esse tratado da demência de auto denominados “formadores de opinião”:
Como Ganhar Votos para o Serra
Meus amigos,
Tenho recebido da maioria de vocês, quase que diariamente, emails de indignação contra PT e Dilma.Ficar falando entre nós não leva a nada. E o que a gente precisa fazer é ir atrás dos indecisos, dos que possam até gostar do Lula mas não necessariamente da Dilma, quem sabe ainda dá pra virar essa eleição.
Mas eu pergunto – o que realmente estamos fazendo para que o José Serra ganhe esta eleição??? Por que não adianta nós, os denominados “formadores de opinião” ficarmos trocando emails de coisas que já sabemos. Assim, convoco a todos para um pacto que é:
CONVERSAR COM, NO MÍNIMO, DUAS PESSOAS POR DIA SOBRE A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL E CONVENCER ESTA PESSOA A VOTAR NO SERRA
Quem são as pessoas que temos que conversar e convencer:
· a sua assistente doméstica / sua diarista
· seus funcionários
· o guarda da escola das crianças, a tia da escola, a tia da cantina
· o porteiro da sua casa e do seu trabalho
· o manobrista do seu carro, para quem usa estacionamento
· o ascensorista do prédio do seu dentista, do seu advogado, do seu cliente
· o frentista do posto de gasolina
· a caixa do supermercado, da farmácia, do sacolão, …..
· a recepcionista da empresa do seu cliente
· a vendedora da loja de sapato, de roupa, ….
· o garçon do restaurante e do boteco
· o cabeleireiro, a manicure, a fisioterapeuta, a massagista,
· o atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças, etc
Vejam que todos os dias, encontramos no mínimo 10 pessoas diferentes na nossa vida. Daqui até o dia 31 de outubro são somente 12 dias de trabalho, em prol da mudança de grupo político para governar nosso país.
Não queremos ver o PT mais 8 anos no governo se locupletando e explorando a boa fé dos incautos e/ou ignorantes.
Em vez de falar do tempo, vamos falar da eleição. Quando encontrar alguém no elevador, pergunte em quem ele vai votar. E se essa pessoa disser que vai votar no Serra, instigue ele a entrar nessa campanha.
Não envie apenas, emails falando do passado da Dilma, que o Lula não estudou, que o governo do PT sabia do mensalão, (isso nós já sabemos).
Vamos à luta!!!
Esse é o momento, FAÇA A SUA PARTE!!! Ninguém vai saber se você fez a sua parte, somente você e Deus.
A hora de trabalhar é agora !!
Esta é uma corrente… do BEM.
Funciona assim:
Se você passar este e-mail para pelo menos 10 outras pessoas e estas passarem para outras 10, e assim por diante, ao final de outubro um milagre irá acontecer e beneficiará você e sua família e a todas as famílias que repassaram esta corrente. Já, se você simplesmente ignorar esta corrente, não a repassando, ao final de outubro você será amaldiçoado com o pior de todos os pesadelos: aturar a perereca assassina e terrorista por quatro longos anos de sua vida!!!! Pense bem !!
Não se esqueça!
Foi a Internet que ganhou o plebiscito do desarmamento.
Portanto, podemos vencer essa eleição também, se nos concentrarmos em um candidato melhor que o Lula. Com ela: PODE FICAR MUITO PIOR.
Leandro Fortes
Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor, autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo e Fragmentos da Grande Guerra, entre outros. Mantém um blog chamado Brasília eu Vi. http://brasiliaeuvi.wordpress.com