quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Complexo de vírus

DEBATE ABERTO

Governados por cegos e irresponsáveis

Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem. Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a mídia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção mas do consumo generalizado.

Afunilando as muitas análises feitas acerca do complexo de crises que nos assolam, chegamos a algo que nos parece central e que cabe refletir seriamente. As sociedades, a globalização, o processo produtivo, o sistema econômico-financeiro, os sonhos predominantes e o objeto explícito do desejo das grandes maiorias é: consumir e consumir sem limites. Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a midia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção mas do consumo generalizado.

As autoridades inglesas se surpreenderam ao constatar que entre os milhares que faziam turbulências nas várias cidades não estavam apenas os habituais estrangeiros em conflito entre si, mas muitos universitários, ingleses desempregados, professores e até recrutas. Era gente enfurecida porque não tinha acesso ao tão propalado consumo. Não questionavam o paradigma do consumo mas as formas de exclusão dele.

No Reino Unido, depois de M.Thatcher e nos USA depois de R. Reagan, como em geral no mundo, grassa grande desigualdade social. Naquele país, as receitas dos mais ricos cresceram nos últimos anos 273 vezes mais do que as dos pobres, nos informa a Carta Maior de 12/08/2011.

Então não é de se admirar a decepção dos frustrados face a um “software social” que lhes nega o acesso ao consumo e face aos cortes do orçamento social, na ordem de 70% que os penaliza pesadamente. 70% do centros de lazer para jovens foram simplesmente fechados.

O alarmante é que nem primeiro ministro David Cameron nem os membros da Câmara dos Comuns se deram ao trabalho de perguntar pelo porquê dos saques nas várias cidades. Responderam com o pior meio: mais violência institucional. O conservador Cameron disse com todas as letras:”vamos prender os suspeitos e publicar seus rostos nos meios de comunicação sem nos importarmos com as fictícias preocupações com os direitos humanos”. Eis uma solução do impiedoso capitalismo neo-liberal: se a ordem que é desigual e injusta, o exige, se anula a democracia e se passa por cima dos direitos humanos. Logo no pais onde nasceram as primeiras declarações dos direitos dos cidadãos.

Se bem reparmos, estamos enredados num círculo vicioso que poderá nos destruir: precisamos produzir para permitir o tal consumo. Sem consumo as empresas vão à falência. Para produzir, elas precisam dos recursos da natureza. Estes estão cada vez mas escassos e já delapidamos a Terra em 30% a mais do que ela pode repor. Se pararmos de extrair, produzir, vender e consumir não há crescimento econômico. Sem crescimento anual os paises entram em recessão, gerando altas taxas de desemprego. Com o desemprego, irrompem o caos social explosivo, depredações e todo tipo de conflitos. Como sair desta armadilha que nos preparamos a nós mesmos?

O contrário do consumo não é o não consumo, mas um novo “software social” na feliz expressão do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima. Quer dizer, urge um novo acordo entre consumo solidário e frugal, acessivel a todos e os limites intransponíveis da natureza. Como fazer? Várias são as sugestões: um “modo sustentável de vida”da Carta da Terra, o “bem viver” das culturas andinas, fundada no equilíbrio homem/Terra, economia solidária, bio-sócio-economia, “capitalismo natural”(expressão infeliz) que tenta integrar os ciclos biológicos na vida econômica e social e outras.

Mas não é sobre isso que falam quando os chefes dos Estados opulentos se reunem. Lá se trata de salvar o sistema que veem dando água por todos os lados. Sabem que a natureza não está mais podendo pagar o alto preço que o modelo consumista cobra. Já está a ponto de pôr em risco a sobrevivência da vida e o futuro das próximas gerações. Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem.

É impertivo um novo rumo global, caso quisermos garantir nossa vida e a dos demais seres vivos. A civilização técnico-científica que nos permitiu niveis exacerbados de consumo pode pôr fim a si mesma, destruir a vida e degradar a Terra. Seguramente não é para isso que chegamos até a este ponto no processo de evolução. Urge coragem para mudanças radicais, se ainda alimentamos um pouco de amor a nós mesmos.


Leonardo Boff é teólogo e escritor.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Atração do abismo

Ai de mim. Na ronda habitual pela internet, caí na besteira de xeretar os comentários dos leitores blog do Augusto Nunes, da Veja. Como nhaca pouca é bobagem, fui inexplicavelmente atraído pelo horror e ignorância, e acabei xeretando as últimas no classemédiasofre. Pronto, consegui começar o dia deprimido.

É a treva. É a treva.

* * *

Aliás, na diagramação do sítio de Veja, você acessa e vai descendo a barra de rolagem até encontrar a trinca, a seção a que secretamente me habituei a chamar de Cérbero: Reinaldo Azevedo, Lauro Jardim e Augusto Nunes.

As três cabeças que guardam os portões do inferno.

* * *

Às vezes, dá na gente uma compulsão de escrever outras vidas, outras personagens, imaginar enredos e histórias. E quando me pego, distraído, caminhando e falando sozinho, vejo que é verdade o que dizem os profissionais, que você faz caras e bocas teclando na frente do computador, chora e sorri, e a faxineira olha pra você e pensa que você não bate bem - no que ela não deve estar de todo sem razão.

O que eu quero dizer é que dá pra entender a compulsão. Se você vai escrever sobre uma figura, um arquétipo, uma personagem, e deseja que ele seja minimamente crível, você tem mesmo que, ainda que momentaneamente, tornar-se essa personagem. Como um ator (tenho vergonha de estar aqui repisando o óbvio, acredito que todo mundo saiba disso).

Essa conversa fiada vem a propósito do post estar hoje, digamos, algo sinistro. Porque, por exemplo, quando me vem na ideia qualquer história policial, tenho que entender as motivações de todos os envolvidos na história. O detetive, a vítima, os figurantes e, evidentemente, o algoz.
Mas, vira e mexe, me incomoda me colocar no lugar de um assassino. Porque, para fazê-lo real, eu realmente teria que entendê-lo e, de um ponto de vista estritamente mental, racionalmente justificá-lo e justificar seus atos.

Vendo assim de fora, imagino que pensem que isto tudo deve parecer besteira. Mas não é, e evito racionalizar, evito pensar em todo um arcabouço moral diferente do meu, evito a tentativa de reconstruir um sistema de pensamento que esteja além das noções de certo e errado que estou habituado a considerar como modelo ético.

Pessoalmente - vou dar um chute - acho que este deve ser um dos grandes eixos da obra filosófica de Nietzsche, que era um provocador. Ir além dos preceitos. Über tudo.

* * *
Frisando: pra escrever sobre uma personagem que considero asquerosa, eu teria que me imaginar pensando como uma personagem asquerosa. Por exemplo, pegando o que está recente e mais à mão, eu teria que desprezar nordestino e preto. Ter ojeriza de pobre. Considerar essa gente sub-raça. Para escrever com autenticidade, minha imaginação teria que abraçar toda uma série de valores que não gosto nem de cogitar. Teria que deixar aflorar em mim tudo o que considero ter de ruim. Teria que (paradoxalmente) nunca me colocar no lugar do outro. Teria que me deixar de importar. E me arrumar todas as autoindulgências necessárias e possíveis.

No final, tudo não deixa de ser um pouco frustrante. Porque as grandes histórias dependem de grandes vilões.O problema é que acho desconfortável, na falta de termo exato, reconstruir a mente do vilão. Tipo: é melhor não mexer com esta merda.

Portanto, é razoável supor que jamais escreverei uma boa história, nem que tente? Sim.

Assim, talvez o mundo perca um escritor medíocre - e um psicopata em potencial -, mas, por outro lado, ganhe um esforçado homem comum.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O indisciplinado

Cabei duas leituras ontem.

Cabeças de Planilha, do Luís Nassif. O livro esmiuça a oportunidade perdida de desenvolvimento do país durante o período de implantação do Real. Traça um paralelo histórico com a Política de Encilhamento, do Rui Barbosa. E mostra os grupos que, em ambos os períodos, lucraram no jogo financeiro exatamente por comandarem as suas regras.

É interessante, mas não sei se recomendaria o livro a quem não é entendido de offshore, superávit primário e taxa Selic. Quando o Nassif adentra nos detalhes técnicos, a compreensão dos analfabetos econômicos - como eu - é pobre.

Para espairecer, O Rei da Noite, de João Ubaldo Ribeiro. Pequena seleta de crônicas publicadas nos jornais. Apesar de nos últimos anos achar que o pensamento político dele difere cada vez mais do meu, sempre fui com a cara do itaparicano. E como sou baiano de Teófilo Otoni-MG, não sei, vai ver é corporativismo.

Ainda restam alguns livros que comecei, encontram-se na cabeceira e por enquanto não retornarão às estantes : A voz do fogo, O berro impresso das manchetes, a biografia de Mauá. A eles, juntar-se-ão (eita!) hoje pelo menos outros dois, que o dever profissional me leva a dar preferência na fila.

Essa desordem simultânea, essa falta de método e disciplina - em vez de pegar um livro só e levar a leitura ao fim antes de partir pra outra - já faz suas vítimas. Meg começa a acumular uma pilhinha de livros do lado dela da cama.

Que fazer? Passarinha que anda com morcego dorme - e lê - de cabeça pra baixo.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dureza

Semana braba, braba. Semana que vem deve ser mais ainda. Final de semana preciso de desestresse.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nossa linda juventude

Parei no tal blog classemédiasofre e já me arrependi. Dá pra passar mal, é desanimador. Deprimente pra burro.

É um suco amargo, um supra-sumo do que há de mais escroto no pensamento dos novos donos do mundo.

Já que estamos no jardim da direita neocon brasileira, vale a pena lembrar do Nelson. A juventude - sobretudo os brotos que se colhe no classemédiasofre - tem todos os defeitos dos canalhas adultos e mais um: a idade.






segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A rede

Feliz é a casa que, depois de uma Frida, recebe outra.

Não só Helê, que veio do Rio passar o fim de semana em BH, mas houve mais gente boa que fez um pitstop lá no quintal de Dona Meguinha. Gente vinda da blogosfera, que se pode conversar fiado e beber em comunhão.

É a internet. Compartilhando experiências, ideias, pessoas.

Bão tamém.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

De Mino para Fernanda

Sei lá o que anda pensando a irmã jornalista. Suas leituras, suas venturas, suas ideias. Mas, se estiver servida, permita ao broder aqui compartilhar com a jovem profissional as palavras de um velho lobo, um senhor de estatura no jornalismo, uma isola de ética e inteligência no mar tenebroso que é esta nossa imprensa.

De Mino para Fernanda. Não se trata de carta náutica. Mas nessas navegações sem destino certo que a vida impõe, sei lá, um dia talvez lhe sirvam de bússola.


Dois aniversários em um

Em um dia de junho de 1994, quatro jornalistas se reuniram em torno da ideia de lançar uma nova revista que se chamaria CartaCapital-, Carta por nascer à sombra da Editora Carta Editorial, fundada 18 anos antes por meu irmão Luis. Juntos na empreitada três profissionais saídos há meses da IstoÉ da Editora Três, Bob Fernandes, Nelson Letaif e o acima assinado, mais um companheiro de aventuras anteriores, Wagner Carelli.

Leia também:

Delfim Netto e Gonzaga Belluzzo: ‘Fim da União Europeia seria tragédia política’
Economia: “China define a pauta comercial brasileira’
Áudios colocam CBF contra Ricardo Teixeira

Dia 15 de agosto, 17 anos atrás, foi lançada CartaCapital, revista mensal destinada a focalizar o poder onde quer que se manifeste. Agora esta edição de número 660 celebra mais um aniversário de uma vida de ousadia, empenho e honestidade. Dizia um grande do jornalismo americano: não nos peçam objetividade, peçam-nos honestidade. A objetividade de fato é balela nutrida de retórica, somos subjetivos até ao colocar uma modesta vírgula ao meio de um período.

Em março de 1996, CartaCapital tornou-se quinzenal, e semanal em meados de agosto de 2001, então já produto de uma nova editora de nome entre otimista e esperançoso, Confiança. Donde, aniversário duplo, 17 anos de existência e 10 de semanal. Da equipe fundadora sobrou apenas o acima assinado. Muitos passaram pela redação e todos deram sua contribuição, alguns ficaram.

As mudanças na periodicidade não alteraram o conceito, a valorizar o trabalho da equipe pequena e afinada. Poderíamos dizer na linguagem futebolística que o vestiário funciona. No momento oito profissionais, este que escreve incluí-do, atuam em São Paulo, dois em Brasília e um no Rio. Onze ao todo. Marcou-me, desde o começo da carreira, a ventura de ter trabalhado por cerca de quatro anos fora do Brasil, em lugares onde redações de 30 jornalistas produzem diários bem melhores que os nossos jornalões.

No início da história, enfrentamos dias difíceis. Sem maiores surpresas, diga-se: arraigada convicção da sociedade nativa soletra que tamanho é documento. Tiragem e ibope solaparam implacavelmente a qualidade do nosso jornalismo, em detrimento do prestígio que determinados veículos atingem ao alvejar o público mais influente. Se a The Economist fosse brasileira, tadinha, estaria em dificuldade. Imaginem, em um país com altos índices de leitura como o Reino Unido, tem tiragem inferior não somente a Veja, mas também a Época e IstoÉ.

Há também um problema a envolver política e filosofia de vida. A mídia nativa, como se sabe, nas condições de instrumento do poder dos herdeiros da casa-grande, é a do pensamento único à mais pálida chance de alteração do status quo. A favor, ou contra. Basta uma nuvenzinha no horizonte. Para citar somente fatos desses últimos 17 anos, vale lembrar que a nossa mídia apontou, qual verdade definitiva, em Fernando Henrique Cardoso o autêntico salvador da pátria, o estadista que o mundo nos inveja, e em Luiz Inácio Lula da Silva o metalúrgico iletrado e inzoneiro fadado a nos envergonhar em todas as ocasiões possíveis.

CartaCapital lamenta esse jornalismo maniqueísta, nem jornalismo o considera. Seria tolo, até desumano, pedir ao profissional que fosse tão objetivo quanto um computador. Nós acreditamos que jornalismo honesto é aquele baseado na verdade factual e na informação isenta. Aquele que não omite, e tanto menos inventa ou mente. Com Hannah Arendt, sabemos que, omitida, a verdade soçobra para sempre como um barco furado.

Escapar à injunção do pensamento único custa muito caro no Brasil. Definir a posição da revista no início das campanhas eleitorais, ação corriqueira em outros cantos do mundo, por aqui é ofensivo aos ditames dos senhores midiáticos e dos seus manuais de redação, prontos a proclamar, com hipocrisia imbatível, uma isenção, uma equidistância, um pluralismo jamais navegados.

CartaCapital orgulha-se do seu percurso em 17 anos de vida e por ter passado incólume em meio a ofensas e aleivosias, até a perseguições, para afirmar, ao cabo, uma visão diversa, e honesta, das coisas da vida.

Prorrogação

Meguinha me lançou um desafio que me deixou com o bicho carpinteiro. Será que consigo economizar x até uma certa data pra gente aproveitar e fazer uma viagem rápida numa promoção turística?

Como sobraram alguns euros da lua-de-mé e faltou uma cidade italiana, daquelas manjadas, em nosso roteiro...

Querer, eu quero. Posso? Devo?

Eita. Como diria Wilde, resistimos a tudo. Menos a uma tentação.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ontem

Ontem me senti indisposto e larguei o trabalho à tarde. Fui pra casa.

Ontem foi a final da supercopa entre Barcelona e Real Madrid, jogaço.

Não acredito em las coincidencias. Pero que las hay, las hay...



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Altruísmo

Depois do feudalismo, do mercantilismo, do capitalismo, do socialismo, do comunismo e do neoliberalismo, bem que a próxima idéia de organização social e econômica da humanidade poderia ser o altruísmo.

Por quê não?

Imagine um sistema baseado na cooperação e na colaboração. Na reciprocidade. Um mundo onde o grande valor não é a competitividade, mas a benevolência. Onde as pessoas e empresas sejam medidas não pela capacidade de explorar a maioria e acumular riqueza, mas pela capacidade de partilhar riqueza e gerar benefícios a outrem. Onde as relações são ganha-ganha e perde-perde, como no Dilema do Prisioneiro (num sonho assim, cada vez mais, não cabe indulgência e ingenuidade).

Imagine um sistema que inverta a roda do capitalismo, que reverta o sentido das suas engrenagens e o faça girar a favor dessa ideia. Um sistema inteligente, que aproveite o egoísmo natural do indivíduo em prol do coletivo. Tipo: mais você vai ganhar quanto mais bem você fizer pelo seu semelhante. Você só é beneficiado se beneficia. Ou só ganha (seu ordenado, seu dicumê, ao final do dia) se fizer com que o outro também ganhe - com sua ação pessoal, seu trabalho, sua empresa - sei lá.

Pra mim, é aí que a idéia esbarra: a prática. Como imaginar isso dando certo hoje em dia, dentro do sistema? Ou é apenas incorreto imaginar que uma forma de organização social altruística poderia dar certo dentro do sistema, que seria preciso botar a casa abaixo e começar a construir de novo, ou que tudo, afinal, não passa de utopia e ilusão?

Não sei. Pretendo pesquisar mais a respeito. A ideia não é nova no jardim; lembro-me de ter topado com a experiência de uma empresa americana colaborativa
no filme Corporation. Aqui e ali, já se colhem exemplos de gente que se dedicou e se dedica a semeá-la nesta nossa breve existência.

Mas o que importa não é a novidade, se é que, filosoficamente, há algo de novo no universo. O que importa é que se divulgue a intenção de se criar uma nova receita; que esta receba a contribuição e os pitacos de cozinheiros de boa vontade de todas as nações, para enfim a idéia crescer e a mistureba atingir massa crítica. Depois, é botar no forno, esperar o ponto e servir.

Nada pode ser mais gostoso do que saciar a fome de sentido na vida.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pílulas

Não apenas Meg; também recebi de Bibi o cartão ValeBibi. Confeccionado com folha de papel, cerca de 6 x 4 cm, editado em esfererogáfica. O qual me dá direito a um favor a qualquer hora.

Achei mó legal e criativo. Tanto que gastei o de Meg pra receber uma latinha gelada em mãos e guardei o meu, que não sou bobo.

Acho que vou tirar xerox.

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Ainda não inventaram o dia do Padastro - ô palavrinha madastra -, mas recebi de pai presente mesmo assim. :)

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Recebi críticas da irmã, que não gostou do novo visual do blog. Concordei. Verei o que fazer a respeito.

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Bicho ser promovido não pelo talento que (não) possui, mas pelos relacionamentos que mantém.

Cada vez mais normal gente que acha isso normal, banalidade. Infelizmente.

Os mais privilegiados têm ética. A própria.

* * *

Filosofices repentinas:

Psicografia: quem sabe faz ao vivo.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Promete

Toda vez que posto aqui um filme em que eu fico na expectativa, quebro a cara.

De qualquer maneira, se o todo não prestar, pelo menos você talvez concorde comigo: traillerzão.




It´s neoliberalism, mate

David Cameron falou que os saques eram coisas de ladrões, baderneiros e delinquentes. A seguir, outras visões.

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Seulmas Milne, do The Guardian:

O gatilho foi a morte de um jovem negro pela polícia em um país onde os negros tem 26 vezes mais chances de serem parados e revistados pela polícia que os brancos. Os distúrbios que explodiram em Tottenham no fim de semana seguinte aconteceram em um bairro que tem a maior taxa de desemprego de Londres, onde os clubes de jovens foram fechados para atender a um corte de 75% no orçamento dos serviços para a juventude.

Depois os distúrbios irromperam em várias partes do que é hoje a cidade mais desigual do mundo desenvolvido — onde a riqueza dos 10% mais ricos atingiu 273 vezes a dos mais pobres — atraindo jovens que tiveram sua ajuda de custo em educação cortada justamente no momento em que o desemprego de jovens bateu recorde e o acesso à universidade foi dificultado depois que as mensalidades foram triplicadas.

Artigo completo, aqui.

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Gianni Carta, na Carta Capital:

Foram raros os articulistas britânicos a questionar o discurso simplista do primeiro-ministro conservador. Para minha surpresa, até colunistas de diários de esquerda, como o The Independent, concordaram com Cameron. Esses escribas não levaram em conta como a maior recessão desde os anos 1930 e o programa de austeridade implementado pelo governo suscitaram a erosão da qualidade de vida das classes médias e pobres. Também ignoraram o fato de os integrantes de minorias serem os mais afetados pela crise e pelo programa de austeridade. Colunistas da imprensa brasileira adotaram, acríticos, a fórmula de Cameron: os rebeldes são ladrões.

Artigo completo, aqui.

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Folha de S. Paulo:

A polícia diz que muitos dos tumultos foram organizados por líderes de gangues juvenis, mas entre os presos estão pessoas de 11 a 46 anos e até uma universitária de 19 anos que estudou numa boa escola e pertence a uma família de classe alta.

Notícia completa, aqui.

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A visão de um lojista londrino:

“Esta geração que nasceu lá por 1995 é de jovens excluídos socialmente. Eles vivem uma subcultura. Eu tenho 41 anos, e quando eu era criança eu sabia que, se estudasse e trabalhasse, eu ganharia dinheiro e teria uma vida boa. Hoje eles acham que podem ter dinheiro sem fazer nada.”

Tem colunista de jornal até citando o filósofo Thomas Hobbes e seu estado de natureza para explicar o caos nas ruas inglesas, como se o problema residisse no excesso de liberdade e a solução estivesse em um governo forte, capaz de decidir por todos.

Artigo completo, aqui.

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A desculpa que faltava para um perigoso precedente:

O primeiro-ministro britânico David Cameron anunciou nesta quinta-feira (11/08) que estuda adotar uma polêmica medida com o objetivo de combater a onda de distúrbios violentos ocorridos nos últimos cinco dias em algumas das principais cidades do Reino Unido.O premiê pretende bloquear toda a comunicação de serviços de internet e telefonia móvel on line durante eventos que considere comprometedores à segurança.

Notícia completa, aqui.

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Site Carta Maior:

Domingo, 6 de agosto, Tel Aviv: 350 mil israelenses protestam nas ruas por melhores condições de vida. Segunda- feira, 7 de agosto, Londres: distúrbios sociais iniciados nos subúrbios pobres transformam-se em explosão viral que envolve milhares de jovens em diferentes pontos do país. Terça-feira, 8 de agosto, Santiago: 150 mil estudantes vão às ruas em defesa de uma reforma educacional que universalize o ensino público, gratuito, de qualidade. O que interliga esses levantes quase sincronizados em lugares tão díspares, antecedidos de rebeliões massivas que irromperam como que abruptamente das areias dos países árabes e da modorra social em outras partes do mundo?


Editorial completo, aqui.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Glória

Meu Deus, o que foi isso? Hahahahaha!

Mesmices

Sem querer dar uma de catastrofista, mas, diante das frequência das convulsões sociais pelo mundo, há cada vez mais gente que aposta que vem coisa por aí.

No entanto, Il gattopardo. Tudo muda pra ficar tudo na mesma.

Maria Antonieta
Por Vladimir Safatle

Em 2006, a cineasta Sofia Coppola lançou um filme sobre Maria Antonieta. Ao contar a história da rainha juvenil que vivia de festa em festa enquanto o mundo desabava em silêncio, Coppola acabou por falar de sua própria geração.

Esta mesma que cresceu nos anos 1990.

No filme, há uma cena premonitória sobre nosso destino. Após acompanharmos a jovem Maria por festas que duravam até a manhã com trilhas de Siouxsie and the Ban- shees, depois de vermos sua felicidade pela descoberta do “glamour” do consumo conspícuo, algo estranho ocorre.

Maria Antonieta está agora em um balcão diante de uma massa que nunca aparece, da qual apenas ouvimos os gritos confusos. Uma massa sem representação, mas que agora clama por sua cabeça.

Maria Antonieta está diante do que não deveria ter lugar no filme, ou seja, da Revolução Francesa. Essa massa sem rosto e lugar é normalmente quem faz a história. Ela não estava nas raves, não entrou em nenhuma concept store para procurar o tênis mais stylish.

Porém ela tem a força de, com seus gritos surdos, fazer todo esse mundo desabar.

Talvez valha a pena lembrar disso agora porque quem cresceu nos anos 1990 foi doutrinado para repetir compulsivamente que tal massa não existia mais, que seus gritos nunca seriam mais ouvidos, que estávamos seguros entre uma rave, uma escapada em uma concept store e um emprego de “criativo” na publicidade.

Para quem cresceu com tal ideia na cabeça, é difícil entender o que 400 mil pessoas fazem nas ruas de Santiago, o que 300 mil pessoas gritam atualmente em Tel Aviv.

Por trás de palavras de ordem como “educação pública de qualidade e gratuita”, “nós queremos justiça social e um Estado-providência”, “democracia real” ou o impressionante “aqui é o Egito” ouvido (vejam só) em Israel, eles dizem simplesmente: o mundo que conhecemos acabou (exagero - Rubão).

Enganam-se aqueles que veem em tais palavras apenas a nostalgia de um Estado de bem-estar social que morreu exatamente na passagem dos anos 1980 para 1990.

Essas milhares de pessoas dizem algo muito mais irrepresentável, a saber, todas as respostas são de novo possíveis, nada tem a garantia de que ficará de pé, estamos dispostos a experimentar algo que ainda não tem nome.

Nessas horas, vale a lição de Maria Antonieta: aqueles que não percebem o fim de um mundo são destruídos com ele (outro exagero - Rubão). Há momentos na história em que tudo parece acontecer de maneira muito acelerada.

Já temos sinais demais de que nosso presente caminha nessa direção. Nada pior do que continuar a agir como se nada de decisivo e novo estivesse acontecendo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O estigma

Nada mais simbólico da treva que vivemos em várias esferas, no caso em questão, no futebol, do que o tal de Fernandinho (who? joga aonde?) deixar o Ganso no banco - o Ganso!!!, que mesmo em campo lendo gibi da Turma da Mônica, joga mais ali que qualquer um. Fernandinho é jogador do empresário Carlos Leite.

O técnico Mano Menezes, os cracaços Jádson, Elias, Jucilei, Renato Augusto, Renan - todos são empresariados por Carlos Leite, que tem ligações com o português Jorge Mendes, da GestiFute, que tem ligações com Kia Joorabchian, que tem ligações com a máfia russa.

Alias, já reparou como vem crescendo, nas últimas convocações, o número de caras de times lá daquelas bandas, como o Shaktar Donest, da Ucrânia?
Isso não é mais a seleção brasileira, na qual deveriam ser chamados os melhores. Podem até chamar de seleção, mais jamais a brasileira. É a seleção da CBF. O balcão da CBF, a lavanderia da CBF.

Em 20 anos, Ricardo Teixeira e associados conspurcaram o futebol brasileiro e acabaram com a Seleção Brasileira. Com a cumplicidade da Rede Goebbels.

A propósito, a exemplo do que aconteceu em Porto Alegre, São Paulo repete no próximo sábado a manifestação "Fora Ricardo Teixeira", na Av. Paulista.

Nem adianta tentar ver que isso não vai passar no Jornal Nacional, nem no Sportv.

Amigo, num dá pra torcer. Num dá.

Inda tem nego aqui no trabalho que acha tudo "normal".

Mano e a seleção da CBF são a cara do Ricardo Teixeira.

Para saber mais sobre essa curriola, é só gugar Blog do Juca, blog do Paulinho, Andrew Jennnings, Espn Brasil.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dos palcos ao palanque

Vejo aqui e aqui que Michael Moore apoiaria a candidatura de Matt Damon para presidente nas eleições americanas do ano que vem.

Bravata ou não, o cineasta sustenta seu ponto de vista: diz que os republicanos já tiveram sua cota de experiências bem-sucedidas nas urnas com o Ronald Reagan e o Xuazenéguer.

E se a moda pega por aqui? Por que não? Ora, a meu ver a ideia é brilhante. Se Hollywood pode, temos aí o Projac pra essa gente bronzeada mostrar seu valor.

No Brasil, é rotina nossas celebridades fulgurantes se tornarem vereadores, deputados, etc. Por que não ousar, por que não pensar numa estrela midiátia para presidente? Todo político já é um ator nato, evidentemente. O contrário é possível e, talvez, necessário.

Como rolam boatos que, em algum ponto futuro, Luciano Huck será o candidato da direita brasileira - a vice-candidatura deve ser disputada entre o fidalgo Bruno de Luca e a filósofa Dani Bananinha -, nós, da esquerda festiva, boêmia e progressiva, não podemos ficar atrás. Precisamos de um adversário cênica e dramaturgicamente à altura.

Por Sófocles! Quem poderia ser o candidato das esquerdas? Me pergunto, me pergunto e não encontro resposta.

Paulo Betti, não. Talvez tenha as ideias certas, mas lhe falta a estampa. José de Abreu idem. Nao têm apelo junto à geração Y (pena, Natalie Portman não ter nascido no Brasil, ia ser barbada). Enfim, para fazer frente a Luciano Huck, precisamos de carisma e desenvoltura diante das câmeras. Um puta ator, um gênio, uma estampa.

Só consigo pensar em um nome: Gianecchini.

Mas aceito sugestões.

A propósito da ausência de comentários

"Me elogia, vai!
Escreve um troço, aí!
Não dói, não; faz de conta
Que eu morri."

Millôr


Panela em fogo baixo

Você confere as notícias neste mundo instantâneo e não sente cheiro de algo queimando no ar?

A extrema direita, a extrema esquerda, os chauvinistas, os fundamentalistas muçulmanos, os xiitas católicos, os xenófobos e racistas (fui alvo de comentário do gênero outro dia), a impunidade da elite financeira transnacional, o resultado da política ultra neoliberal e desreguladora dos governos a la Bush, FHC, Berlusconi, Cameron, Sócrates, etc, a queda das bolsas mundiais, o arrocho na Europa, o desemprego nos EUA, o fim gradativo do Estado de bem-estar social no hemisfério norte, as convulsões no mundo árabe, as revoltas na Espanha, Grécia, Inglaterra, os genocídios, o aumento das rebeliões, o aumento as repressões - tudo isso tá fazendo a panela ferver.

Mas acho que ainda vai levar um tempo pro caldo derramar.

Rima dos Sabores

Deu um gostinho de sastifação.

O buteco onde comemoramos o casamento foi eleito pela Veja (ok, vou dar um desconto) como a melhor cozinha de BH. Modéstia à parte, minha intuição acertou. Pra mim, que não apóio a ideia de bancar superproduções, e, também, em consonância com a identidade boêmia - tenho afinal uma reputação a lazer -, fazia todo o sentido brindar o enlace com Meguinha em minha casa, meu habitat, meu nicho ecológico: um bar. Onde me sinto à vontade, onde todo mundo bebe-papeia-sediverte-aproveita, onde a frescura não tem lugar à mesa.

Bem recomendo a todos. Reproduzo email que recebi dos caras. O dono, Juliano, é um zé-simpatia.

Olá pessoal!

É com muito prazer, que convidamos amigos e clientes a nos visitarem nesta semana especial, onde o Rima dos Sabores completa 2 anos de funcionamento!!!!!

Também gostaríamos de dividir com todos o presente que ganhamos: O RIMA DOS SABORES FOI ELEITO PELA REVISTA VEJA COMER E BEBER “A MELHOR COZINHA DE BH”, veja o link: http://vejabrasil.abril.com.br/belo-horizonte/roteiro/restaurantes/as-mesas-campeas-83#cozinha

A semana esta recheada de novidades e promoções, confira:

Terça-feira (09/08) – DUPLO FALKE (rodada dupla de chopp Falke bier Pilsen, Ouro Preto e Red Baron). Serviremos ainda os Chopps Kud Bier Pilsen YELLOW LEDBETTER e o Chopp La Roche Saarsgard Weiss do Pablo Carvalho.

Quarta-feira (10/08) – DUPLO CARDAPIO ( rodada dupla de todo o nosso cardápio de petiscos exóticos. Você pede uma porção e ganha outra do mesmo valor) Promoção valida apenas para petiscos consumidos no local e no dia.

Quinta-feira (11/08) – CERVEJA DE VERDADE ( Todo o nosso cardápio de cervejas especiais com 30% de desconto! Venham experimentar os lançamentos da Falke, as maravilhas da Wals, Colorado, Erdinger, Backer e muito mais!!!!) Promoção valida apenas para cervejas consumidas no local.

No Sábado (13/08) faremos um sorteio de vários brindes, todos os clientes que comparecerem durante esta semana poderão concorrer:

1 JACARÉ INTEIRO

  • 3 VOUCHER DE NOSSOS PETISCOS EXOTICOS
  • 1 VAGA NO PROXIMO CURSO DE CERVEJAS COM HARMONIZAÇÃO
  • 1 KIT PAULISTANIA
  • 2 CERVEJAS LA TRAPPE QUADRUPEL
  • 1 CERVEJA FALKE MONASTERIUM
  • 1 MANDALA DO ESPIRITO SANTO
  • 2 PEÇAS DE DECORAÇÃO DA ASMARE FEITAS COM MATERIAL RECICLADO
PS: Não tô levando nada pelo jabá.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cuca, novo treinador do Galo

Não é só a administração do clube que é burra. Iludida, a maioria da torcida também o é.


O platinado

Luis Fernado Verissimo

Sei tão pouco do motor de um carro quanto sei da alma humana. Olho o que tem debaixo do capô como se olhasse um abismo sem fundo e só peço do motor do meu carro que funcione, sem precisar entrar na sua intimidade.

Conheço algumas partes do motor de ouvir falar, claro, como o radiador e a bateria, e simpatizo com o virabrequim apesar de não ter a menor ideia do que seja. Mas o virabrequim é o limite do meu envolvimento com o abismo. Não sei o que é o platinado, por exemplo. E me surpreendo com o número de vezes em que o platinado é citado quando busco ajuda profissional para um motor com defeito.

Muitas vezes a opinião do mecânico precede um exame do motor.

— Talvez seja o platinado...

Outras vezes o exame confirma o diagnóstico precoce:

— É o platinado.

E é raro se ouvir que o platinado tem conserto.

Normalmente a única solução para um problema com o platinado é um procedimento radical. Transplante.

— Tem que trocar o platinado.

Cheguei a desconfiar que, como tenho cara de quem não sabe nada de motores, estavam me enganando, e trocar o platinado fosse só uma maneira de me cobrar mais. Talvez o platinado velho estivesse em perfeitas condições. Talvez nem existisse o platinado! Ou então a troca do platinado era a maneira prática de dispensar uma intervenção mais trabalhosa. Na falta do que fazer, trocava-se o platinado.

Penso no platinado sempre que ouço que mais um técnico de futebol foi trocado por outro, para melhorar a produção do time, acabar com uma fase má ou simplesmente aplacar uma torcida revoltada. A conclusão em todos os casos é que a culpa é do platinado e a solução é um platinado novo.

Quase sempre a culpa real é de uma administração incompetente ou um time irreparavelmente ruim, mas trocar isto equivaleria a ter que trocar todo o motor. E trocar o platinado adquiriu até uma conotação mística.

Um novo técnico teria, como um deus, a capacidade de mudar o clima no vestiário. De fazer pernas de pau acertarem chutes, jogadores cegos enxergarem a bola e ameaçados de sepultamento na zona de rebaixamento ressuscitarem.

Raramente consegue, o que não diminui o poder da ortodoxia: quando as coisas vão mal, troque-se o platinado.


* * *

Já que estamos de Luis Fernando, veja que ele - e o cineasta Michael Moore - tem análises semelhantes sobre a América recente, embora cada qual com seu ponto de vista sobre o assunto.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Lobotomia

Conheço gente fina que é incapaz de acreditar que certos conteúdos jornalísticos - tais quais o Jornal da Fátima e do William - são na verdade lobos em camisola de vovozinha, prontos para abocanhar as opiniões e juízos de cérebros alheios [aliás, é um belo trabalho: novela à tarde (vale a pena ver de novo), novela às 5 (malhação), novela às 6, novela às 7, JN, novela às 9, novela às 11h (o Astro)].


Olhaí, merece a pena ser lido. Grifos meus.

Do Observatório da Imprensa

Mexam-se, boicotem a Fox!

Por Alberto Dines em 02/08/2011 na edição 653

A mídia internacional continua fixada na história dos grampos ilegais para produzir manchetes sensacionalistas. É uma narrativa simples, fácil de entender, tal como a dramaturgia dos filmes de ação.

Gente, o tablóide marrom, News of the World, já morreu. O estrago que a Fox News está fazendo no mundo a partir dos EUA é muito mais grave do que o esgoto político-midiático produzido pela News Corp. no Reino Unido.

Murdoch não inventou o Tea Party, mas o seu canal de TV energizou-o a tal ponto que sua primeira vítima é o Partido Republicano, a segunda poderá ser o sistema democrático americano. Mostrar os perigos representados pela ascensão do Tea Party dá trabalho, as referências são mais sutis, mostrar as semelhanças da lindinha Sarah Palin que só mata as alces do Alasca com as doutrinas do monstro de Oslo que mata os compatriotas com balas dum-dum exige da grande mídia internacional uma vocação didática e analítica que ela não tem. Ou só exibe em ocasiões muito especiais.

É evidente que um jornal com a entonação do El País faz isso em todas as edições, em todas as suas seções. Não se pode esperar o mesmo da grande mídia brasileira, que erroneamente jogou-se aos pés da musa da direita americana imaginando que defendia a livre iniciativa contra as intervenções do Estado na economia.

Ação de autodefesa

Murdoch queria acabar com o “socialista” Barack Obama e o delirante Tea Party estava à disposição com o seu simplório arsenal de evocações históricas contra a imposição de taxas pelos colonizadores britânicos. O grande mafioso midiático não imaginou que o Tea Party – a pretexto de lutar contra o Estado previdenciário – acabaria estressando inexoravelmente a maior economia do mundo. Mesmo que o vergonhoso calote seja evitado, o aparato institucional americano sofreu uma ruptura que levará anos para ser reparada.

A insanidade do Tea Party impedindo os republicanos históricos de autorizar a taxação das grandes fortunas vai produzir um bumerangue e atingir em cheio o capitalismo americano. China, Europa e Japão serão imediatamente afetados, em seguida virão os chamados emergentes – nós.

E o que fazer? Malhar Murdoch no Sábado de Aleluia de 2012? Melhor boicotar a Fox News. Agora. Ela está no menu oferecido aos assinantes brasileiros de TV por assinatura. O boicote é uma ação de autodefesa legítima. O cidadão tem o direito de escolher o serviço que melhor lhe convém.

Mortos e desempregados

A Fox News e o Tea Party representam um partido contrário aos nossos interesses. Contrário aos interesses da humanidade, conforme o demonstrou em Oslo o quisling Anders Breivik.

Os editores do caderno de TV do Estado de S.Paulo que badalaram no domingo (31/7) a nova temporada do seriado “Modern Family” da Fox deveriam ter pensado duas vezes antes de oferecer esta vantagem à mafiosa corporação dos Murdoch.

Jornalistas não podem ser apáticos nem omissos: boicotar a Fox e o seu odioso canal de notícias é um desagravo aos mortos em Oslo e aos que serão desempregados nos próximos meses nos quatro cantos do mundo.


Cursos que me atraem

E que não sei se um dia os realizarei:

De design, etc:
- Illustrator
- Photoshop
- In Design

De casa:
- Pedreiro
- Bricolagem
- Pintor

De lazer:
- Pintura
- Escultura
- Estêncil

De utilidade:
- Mecânica de auto
- Mecânica de computadores

O perigo dessas vontades é a coisa toda ficar só na ideia de potência, jamais tangenciando a esfera da realidade. Como muitos projetos que a gente costuma ter ao longo da vida. Como se a declaração de intenções fosse o moto-contínuo para um eterno sonhar, um álibi para a a inércia e a consecução que nunca viria.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Síntese

Descobri um blog chamado Mesa de Bar, Divã do Boêmio.

Certas coisas não se privatizam*

Nessa matéria, muita gente boa discorda de mim - claramente um equívoco terrível, só existem dois tipos de opiniões nesse mundo: a minha e as erradas - mas eu realmente acredito que certas coisas não se privatizam*. Mesmo.

Estradas, por exemplo.

É bem público, deveria ser sempre. Quando você deixa as estradas sob o domínio de um grupo privado, você corre o risco de sofrer abusos. Não importa que privatizá-las melhore a qualidade das rodovias e evite acidentes. Isto é obrigação de quem gere o bem comum. A privatização das estradas é o Estado tirando o corpo fora de um bem público estratégico.

Praias. Absurdo total. Já vi barracas de praia em Porto Seguro que não permitiam que você seguisse em frente pela orla do mar. Dizem que há lugares na Europa que também se paga para entrar, sentar, tomar sol na areia.

Água. Imagina, os grandes grupos empresarias neocons e neolibs botarem as mãos no bem vital. O que você acha que ia acontecer? Por exemplo, na França teve, eles viram a bobagem que fizeram e recuaram. Imagina o desastre se o Estado deixa de gerir a água, entregando-a aos humores do mercado.

Genes. Pensa, essa moçada patenteando genes. Onde isso vai dar.

E, por que não, educação. Educação não deveria ser privatizada. Ah, você dirá, és um utópico. Educação pública de qualidade só nos antigos estados europeus de bem-estar social, só em países do primeiro mundo. É mesmo? Dá uma pesquisada e veja como são as coisas ali na Argentina.

Pode dizer, I´m a dreamer.



* Na pressa, cometi um assassinato gramatical, um caso de concordância, que já foi facilmente solucionado. Não se fazem mais crimes linguísticos como antigamente.




quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Simbolismo de araque

Boêmios no divã, mutadis mutandis.

Mas a nova paginação apresenta:
A Terra (que é a procedência, embora o blog viva no mundo da lua) dividida entre o dia (trabalho, responsabilidades, chatice) e a noite (romantismo, beleza, prazeres).

Como um boêmio destilando suas culpas no divã.

Sacou? Ahn? Ahn?

Cara nova, casa nem tão nova assim

Meg deve ter se esquecido. Ou, se lembrou, deixou de comentar que hoje faz um ano que nos mudamos pra este cafofo. Aproveitei a efeméride pra mudar um pouco as coisas por aqui.

Não sei, deve ter algum simbolismo aí.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Serial neighbor ou Raymond Chandler se contorce no túmulo


Acabei de ter ideia para uma novela pulp.

Uma onda de assassinatos aterroriza os moradores de um grande condomínio da MRV. A Polícia não consegue encontrar evidências conclusivas pois o caso não parece fazer sentido. Para os detetives, além do fato de residirem no mesmo condomínio, as vítimas não tem nenhuma conexão entre si.

No final, um novo morador soluciona o caso. O culpado pelos homicídios é o ex-síndico, vingando-se de todos aqueles que atazanaram sua vida e a transformaram num inferno.

Seria ficção. Mas baseada em fatos reais.

Hei, viziiiiiiinhô! Meu açúcar acabou, tem um xicrinha aí pra me emprestar?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

As gentes e as agências

De Combustíveis, Telecomunicacões, Eletricidade Saúde... afinal, as agências nacionais servem pra quê?

Fiscalização pra inglês ver. Uma impostura e também uma descompostura. As agências têm o descaro de um juiz de futebol ladrão.

O cidadão se sente completamente abandonado num combate injusto. De um lado, com uma carteira meio vazia e talvez um rábula camarada, você! - pessoa física. Do outro, milhares de acionistas, milhões de ativos e uma firma de advogados, uma pessoa jurídica! Covardia.

E tome jabs e cruzados de planos de saúde, operadoras de telefonia, seguradoras, cartéis diversos e sei lá mais o quê. É uma surra.

Do jeito que a coisa vai, não é implausível que Brasília cogite seriamente a criação de uma agência para fiscalizar as agências. Mas se hoje já se ignora quem vigia os vigilantes! Em latim fica até mais bonito: quis custodiet ipsos custodes?

É nóis, mano.

* * *

Pergunta que ofende: ao saber que funcionário foi comprovadamente afastado do governo por corrupção, por que as pessoas não estão ligando se o bicho foi ou não foi preso? Acaso corrupção não é crime penal?

O poder das ideias

Já pensou que as ideias podem ser tóxicas? Venenosas e daninhas para o seu cérebro? Ou que há ideias que deveriam ficar lacradas em lugar seguro, mantidas fora do alcance das crianças?

Você decerto já ouviu dizer "Que ideia contagiante". E ideias contagiosas?

Influenciado pelo inglês Alan Moore, faz tempo que adoro, adoraria explorar com profundidade esta excitante perspectiva: as ideias como forças transformadoras da realidade.

Afinal, tudo o que existe ao seu redor, suas crenças, seus conceitos, seus sistemas de valores, sua ética, sua moral, sua fé na existência de vida após a morte, a cadeira que você está sentado e o ecrã pelo qual agora me lê - tudo - absolutamente tudo existiu, em primeiro lugar, no mundo das idéias. Só mais tarde entrou com um pé no plano físico. Só depois virou matéria. E só depois entrou na sua mente.

Há anos li uma obra de um espanhol, se não me engano Felipe Arnesto, que catalogava, quase como num almanaque, as grandes ideias que modificaram a humanidade ao longo da história. Interessante e instigante.

Essas digressões chegam expressamente da minha memória sem pedir nenhuma licença, intercalando-se ao verdadeiro objeto do post: apresentar um artigo que li esta manhã, sobre um tal de Edward Bernays.

Eu, que insisto na importância estratégica da comunicação - meu metier, meu arroz-cum-feijão - nos tempos atuais, e suas implicações em nosso cotidiano de ideias, achei muito pertinente ler uma palhinha sobre o que fez e o que pensava este vienense, sobrinho do Freud.

“ A consciente e inteligente manipulação dos hábitos e das opiniões das massas é um importante elemento na sociedade democrática. Os que manipulam esse mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível, o verdadeiro poder dirigente de nosso país. Nós somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos formados, nossas idéias sugeridas amplamente por homens dos quais nunca ouvimos falar. Este é o resultado lógico de como a nossa “sociedade democrática” é organizada."

(...)
É preciso envenenar a mente dos homens, como envenenada foi a inteligência do assassino de Oslo – e desmoralizar, tanto quanto possível, as instituições do Estado Democrático – sempre a serviço dos donos do dinheiro. Quem conhece os jornais e as emissoras de televisão de Murdoch sabem que não há melhor exemplo de prática das idéias de Bernays e Goebbels do que a sua imensa empresa.

Pra quem quiser, o artigo completo está aqui. E, se ideias envenenam, é inteligente deixar o antídoto sempre à mão. Na estante ou na cabeceira.