sexta-feira, 29 de julho de 2011

Acho que, às vezes, escrevemos mal porque andamos também a ler mal.

Nelson dizia que devíamos ler pouco, muito pouco. Mas reler muito.

Só se aprende a escrever, escrevendo e lendo. Imitando os favoritos. Assim funciona desde as primeiras letras. Até se encontrar, caso seja esta a busca do vivente, o estilo distinto, o suco tinto da própria pena.

Salvo Rimbaud, RIP aos 17, e os esporádicos fenômenos da juventude.

* * *

Ó, Poetinha, alto lá!
A vida é pra viver
Ou é feita pra levar?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

A gente tem é fome

Quando vão deixar de fazer programa esportivo para débil mental?

Já me ocorre a piada: talvez programa esportivo inteligente seja um oxímoro.

TV aberta, SportTV. É um horror.

Em Minas, então, socorro. Apresentadores, comentaristas, repórteres, editores... não sei se esses caras estão fazendo journalism for dummies ou se são dummies fazendo jornalismo.

Por que nivelar por baixo? Eu gosto do Homer Simpson. Mas não preciso ser tratado como um, tal qual preconiza William Bonner.

No fim, o que se vê é que a comunicação de massa no Brasil é uma porcaria; ligue a tv aberta no domingo, ye might, and despair. O pior é que nego acha que o povão gosta é mesmo disso que apresentam. Mas a turma raramente tem chance de provar e se acostumar com outra coisa, meu!

Como lembra Ariano Suassuna. Dizia que um amigo dele nunca tolerou a idéia de que cachorro gosta mesmo é de osso. E desafiava: põe um bife e um osso lado a lado pra ver onde o bicho avança primeiro. Cachorro tem é fome!

E a cambada aqui não quer só comida: quer diversão, arte e jornalismo de verdade (se é que isso existe).

Líder da matilha

Agora os vira-latas deram pra me seguir.

Tem acontecido com alguma frequência, aqui nas cercanias do serviço.

Hoje mesmo, um pretinho ensalsichado. Ontem, um branquinho orelhudo, que chegou a atravessar a rua quando me avistou - inclusive me causando uma baita apreensão na hora, porque descia um carro em velocidade.

Bem. Não deixa de ser uma honra.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Oslo

Chutando pedrinhas na calçada a caminho do trabalho, me pergunto: com o que, hoje em dia, não se pode, não se deve ser intolerante?

O que é intolerável? Assassinato? Racismo? Corrupção? Pedofilia?

É tudo preto ou branco? Há tons de cinza? A tolerância aceita gradações?

* * *
Homossexualismo não é tolerável?

Ó, não sou especialista no assunto, mas me arrisco a dizer que homossexualismo não é natural - do ponto de vista reprodutivo. Friso: nem digo biológico, que sei eu dessas coisas, mas do ponto de vista reprodutivo não parece a escolha natural. Ok. E daí?

Em que isso me afeta? Em que seu casamento civil interfere na minha vida? É da minha conta? Em que dois homossexuais na mesa ao lado me prejudicam?

Ah, replicam preconceitos lá dos recônditos da alma, é constrangedor. Embaraça. Talvez sim, para esta época, para a falta de costume desta época. Talvez seja ofensivo para os costumes da maioria. Mas seria o amor antiético?

Ah, replicam lá dos recônditos, tenho o direito de exigir que meu filho não tenha um professor homossexual. Por quê? Por medo de que o menino ou menina seja influenciado e também vire homossexual?

E, tá, digamos que os pais tenham o direito de escolher a escola que o filho há de estudar, com os professores que ela abriga. Mas, digam uma coisa: como é que você pode determinar que o professor é homossexual ou não? E se ele esconder sua opção sexual e ninguém souber? E se um dia alguém cometer um julgamento equivocado sobre você, julgá-lo homossexual e demiti-lo, a despeito de seu caráter e competência? E se, hipoteticamente, chegar o dia em que o único lugar em que você conseguirá emprego será um "antro" homossexual, e você ser discriminado por ser hetero?

* * *
Pera lá. Eu posso até ter um filho ou filha e desejar que ele não seja homossexual. Até para que a vida dele não fique mais difícil do que já é para qualquer pessoa, para que não sofra preconceitos a mais do que necessário ou para que sua existência não seja estupidamente abreviada por sujeitos como o "terrorista" de Oslo.

Mas isso é um desejo meu. Um desejo meu. Não minha escolha. Não tem a ver com caráter da criança - a menos que se julgue que ter relações sexuais com outro do mesmo sexo é falta ou falha de caráter. Será?

Desde que sejam relações consentidas, pra mim não é. E pronto, durmo feliz pensando que tem coisas mais importantes na vida a me preocupar do que com gente que não gosta de mulher como eu gosto. Ora.

E aí vem um xenófobo, racista, homofóbico de primeira grandeza como este sujeitinho e presta este desserviço à humanidade. Vai embrutecer Oslo. Vai elevar o nível de paranóicos na Noruega. Vai aumentar o medo do outro e do diferente no cidadão comum em todo lugar.

Mas que grandessíssimo idiota.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Espremer as meninges

Copa à moda

Confesso com a paz instalada entre o coração e a alma que o momento mais empolgante da minha vida de estudante do curso clássico do Dante Alighieri deu-se quando o professor Carletti, de Educação Física, me convocou para o time do colégio. Não fujo à regra, gosto da redonda e a ela mantenho-me fiel, embora já não ouse adentrar ao gramado. Um bom jogo consegue bloquear-me diante do vídeo, com a insopitável tendência a torcer pelo mais fraco.

Na adolescência fui do Palmeiras, de sorte a precipitar em meu irmão Luis um súbito pendor corintiano, cultivado pelo prazer da polêmica. Há muito tempo deixei quase sempre de torcer a favor, em compensação aprimorei o vezo de torcer contra. Contra o mais forte porque mais endinheirado, mais exibido, mais prepotente, amiúde o mais disposto à corrupção. Neste momento, a caminho do Mundial de 2014 a ser disputado no Brasil enquanto a seleção canarinho cobre-se de vergonha, percebo uma mudança notável nos comportamentos da torcida brasileira.

O futebol nos toca nas entranhas, não há outro país onde a bola influa de forma tão imperiosa nos humores cotidianos da nação, a funcionar como fator de união e de apelo à identidade. Capaz até de propiciar um raríssimo instante de igualdade, na terra tão desigual, na hora em que o herdeiro da casa-grande levanta hosanas ao herdeiro da senzala e o eleva ao altar dos heróis da pátria de chuteiras.

E então, vejamos. Permito-me alimentar a certeza de que uma pesquisa capilar provaria que a torcida brasileira não está somente decepcionada com os desempenhos da seleção, e tem boas razões para tanto, mas também, e sobretudo, ofendida pelas trajetórias assumidas pelos negócios da bola. Façam a sua própria investigação, perguntem ao acaso: terão de verificar que a maioria identifica o time nacional com as mazelas da CBF, vislumbra a bandalheira no rumo da Copa e se inclina, espanto dos espantos, a torcer contra.

Pergunto aos meus bolipédicos botões se haverá precipitação no entendimento de que a mediocridade dos canarinhos de hoje é da responsabilidade de Ricardo Teixeira. Repicam, não sem aspereza, haver uma ligação escancarada entre o business e o futebol, e Teixeira é o perfeito intérprete desta associação celerada, nutrida pela lavagem de dinheiro e a supervalorização de moços despreparados para fortunas e badalações exorbitantes. Os próprios e enfadonhos torneios realizados no Brasil provam a decadência. Antes moral do que técnica.

Creio viver uma quadra importante, de um certo ângulo, ao observar o amadurecimento da torcida. Ela se habilita a dimensionar a paixão futebolística dentro da realidade contingente, emoldura-a ao sabor da circunstância acabrunhadora. Trata-se de um grande avanço, e se o torcedor entende a primazia da questão moral, e política, e nesta perspectiva consegue enxergar os males do futebol atual, em primeiro lugar evolui como cidadão.

Recordo o Mundial de 1970, e do meu desapontamento ao constatar que até nas masmorras do terror de Estado presos e torturados gritavam gol. Ao cabo, o ditador Emilio Garrastazu Medici, senhor de uma fase duríssima, talvez a mais feroz em 21 anos de ditadura, celebrou a vitória final do Brasil de Pelé e cia. com uma festa popular na Praça dos Três Poderes e, no auge do arrebatamento, entregou-se a umas embaixadas com uma bola de borracha.

No começo da semana liguei para Juca Kfouri, o jornalista mais processado por Ricardo Teixeira, queria cumprimentá-lo pela substanciosa entrevista que CartaCapital publicou na edição passada. Falou-me de um sonho dele, a trair alguma esperança: ah, se a presidenta se desse conta do risco que todos corremos… Não se trata de espremer as meninges para concluir que com Teixeira estamos nas piores mãos, como se não bastasse Joseph Blatter. E a respeito desta personagem mafiosa é bom lembrar que na Alemanha em 2006 as coisas não correram como teria desejado.

A Fifa, sabe-se, pretende impor as suas regras, a atropelar soberanias nacionais, e aqui vale a referência, em vez de esbanjar ignorância e estultice para dar guarida a um criminoso como Cesare Battisti. A Alemanha recusou-se a atender a várias demandas do herdeiro de João Havelange e fez uma Copa à feição alemã. A mais vergonhosa derrota que o Brasil e Dilma Rousseff podem sofrer em 2014, independentemente do resultado dos gramados, é um Mundial à moda de Ricardo Teixeira.


No ponto. E trata bem o vernáculo, não?

Esse Mino...

Pot pourri

Pra entender a sexta-feira que você vive hoje:

Os modernos reacionários, post que trata do atual lassez faire, lassez-passer ético no Brasil;

Uma crítica sobre o Observatório Político, o blog de Efe Agá, que coesiona com os anseios de Marina Silva: a tentativa de desqualificar a figura do "líder político" (a quem será que se referem?);

O xabu econômico na Europa, resultado de um sistema de idéias que governam os países e inviabilizam o bem-estar da maioria;

Ia botar mais links, mas o bicho tá pegando. 4 jobs urgentes, simultâneos, e um voltou. Bom fim de semana procês tamem.







quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ninharia

Passo em frente à loteria perto de casa. A placa anuncia o prêmio da mega sena desta semana: 2 milhões de reais.

E a loteria vazia, vazia. Às moscas.

Pô. Cerumano é danado mesmo. Até parece que 2 milhões de reais não servem. Fosse prêmio de 12 milhões, 17 milhões, 35 milhões, tava lá aquele bandigente, aquela fila de bermudas e chinelos de dedo.

Pois, pra mim, 2 milhão iam ser muito, muito bem-vindos.

Agora: pergunta se eu joguei.



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pode ser um golaço

Miguel Nicolelis - este herói - taí com o projeto de abrir a Copa do Mundo do Brasil com um espetáculo que, se se concretizar, será um show de bola: fazer um paraplégico andar com um exoesqueleto. Detalhe: o deficiente deverá movimentá-lo com o pensamento.

Entrevista com o cientista aqui.


Ilação post scriptum: pra mim, cada vez mais nublam-se os limites entre o que habituamos chamar de ciência e "magia".



terça-feira, 19 de julho de 2011

O homem

Por Platão: um bípede implume.

Por Aristóteles: um animal racional.

Por Fernando Pessoa: um cadáver adiado.

Pretérito mais que presente


Na igreja onde me casei não tinha sinos.
Mas eu entrei ao som de carrilhões.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

tá ou não tá explicado?


O que parece é. Cada vez mais. Veja, colega:

Por troça, faz tempo que eu e cumpadre Leo nos acostumamos a chamar o tal de Lucas Leiva, do Manchester United, de "Lucas do Empresário". Como era grande a nossa incapacidade para identificar em Lucas Leiva qualidades que o fizessem merecedor da titularidade da Seleção, julgamos que sua maior - e, talvez, única - virtude no futebol era ter um bom empresário. Só podia ser isso. Nada mais poderia explicar sua presença no escrete, nada.

E não é que a gente tinha razão?

Entre atônito e perplexo, como diria Mino Carta, descubro que Lucas Leiva e seus companheiros de Seleção, os craques André Santos e Jadson (e possivelmente, também, Elias), são agenciados por Carlos Leite - o mesmo empresário que agencia a carreira do técnico Mano Menezes.

Epa, opa - afligem-se meus inquietos botões. Não tem um conflito ético aí, não?

Como o colega explica que o técnico do Brasil tenha o mesmo empresário dos jogadores que convoca, escala e, portanto, valoriza no mercado da bola? Como é que pode treinador ter empresário que agencia jogador? E por que praticamente ninguém fala nisso, ninguém insiste nisso, ninguém expõe o óbvio?

Não dá pra torcer pra esses caras. Faz tempo que o Brasil parece um balcão de negociatas, em vez de um time que reunisse os melhores de bola de um país.

Só que, pensando bem, faz sentido.

A Seleção, o treinador da Seleção, a Copa. Tudo é a cara de Ricardo Teixeira.

Caguei montão.


Saiba mais:
Do blog do Perrone:
Outro que não correspondeu à confiança depositada nele pelo treinador foi André Santos, assim como Leiva, ligado ao empresário Carlos Leite, agente do técnico. Decepcionou menos pela tosca cobrança de pênalti, mais pelas fracas atuações na Copa América. Não demonstrou merecer ser titular.

http://blogdoperrone.blogosfera.uol.com.br/sem-categoria/mano-enfrenta-traicao-de-homens-de-confianca/

Do blog do Juca:
http://blogdojuca.uol.com.br/2011/07/trocadilhos-infames-dignos-da-selecao/

Noticia veiculada em O Globo, em junho de 2009:

Seu grande negócio, de fato, foi em 2005 na participação na compra de Anderson, do Grêmio, pela gestora de carreiras de profissionais desportivas Gestifute, com escritório em Portugal. A empresa pertence ao agente Fifa Jorge Mendes e é um dos fundos de investimento do magnata russo Roman Abramovich, dono do Chelsea (ING). Anderson foi comprado por cinco milhões de euros e repassado ao Porto (POR).

A partir dali, Carlos Leite teve sua porta aberta no Grêmio. Conheceu Mano Menezes e passou administrar a carreira do treinador, além de destaques como Lucas e Diego Souza.

Após alguns meses, adquiriu 30% dos direitos econômicos do volante Elias e passou a agenciar a carreira do lateral-esquerdo André Santos.

http://oglobo.globo.com/esportes/mat/2009/06/25/carlos-leite-parceiro-fiel-do-corinthians-756526868.asp

Veja e Rede Globo: tudo a ver

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dia do Homem é coisa de veado

É o que eu tinha a declarar (com a capacidade de síntese que me distingue).

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Teclo e me voy

E a Selecinha Tarja-verde ontem, hein? Ornitologia total. Teve Gavião bueno, Pato, Ganso... e até frango!!! Com os oferecimentos de Júlio Chester. Só senti falta dos comentários acacianos do Falcão. Larga o Inter e volta pro Casão, Falcão!


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Rápido e rasteiro

Teorema da Ausência: O número de redatores numa agência é inversamente proporcional ao número de posts no blog, na razão direta da quantidade de jobs envolvivida.

* * *

Acabei de ler Chega de Saudade, do R. Castro. Interessante. Surpreendente, até. Por exemplo, saber que João Gilberto era o maior zé maconha. Que, depois de uma tentativa de sucesso frustrada no Rio, o bicho passou uma temporada sabática em Diamantina - em Diamantina! - na casa da irmã e do cunhado. Isolado dentro de casa, aperfeiçoando aquela batida de violão no banheiro (a melhor acústica da residência), até voltar ao Rio e explodir de vez.

Sei não, posso até estar enganado, mas a história ainda precisa fazer justiça a esse marido da irmã de João Gilberto. Ora, quem é que ia aguentar um cunhado come-dorme tocando mil vezes o mesmo acorde até de madrugada no banheiro? Durante um ano?

Só um santo, um santo. Toda a MPB deve a sua existência, a sua gratidão a este herói anônimo e desprestigiado.

* * *

Isso pra mais de 50 anos: num dos primeiros shows de bossa nova, sacumé que a galerinha apelidou a Elza Soares?

"O Catarro que Canta".

HAHAHAHA! Maldade.

* * *

Vi, agora, no Jornal Hoje, apresentado por Evaristo "queridinho-queridão-da-vovó" Macedo, que tem um bar em Vitória no qual as patroas podem vigiar seus maridos no buteco através de câmeras que transmitem as imagens ao vivo pela internet.

Sensacional. Vou falar pro pessoal do bar às terças adotar a medida. Quem não deve, não teme.

* * *

Salvo engano, hojé é o tal Dia do Rock.

Mas, depois de ler sobre o esforço e a complexidade que foi João Gilberto inventar um novo jeito de tocar, finalmente caí em mim. Difícil demais, aprender nessa idade. Lá se foi a idéia de reunir quatro elementos da boemia para criar um conjunto chamado The Bottles.

The dream is over.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Tá ozo

Hoje voltei à médica com os resultados dos exames de sangue e ecocardiograma. Como na piada, notícia boa e ruim.

A boa é que, aparentemente, é um coração de boi. A má é que o colesterol entope-tubos-e-conexões bateu na trave. Mais um cadim e era partir pros medicamentos.

Não estou muito empolgado, mas raciocinei que ou corto carboidratos e mexo essa bunda gorda ou... ou o quê mesmo?

Ah, é. Ela disse que o nível de colesterol tá alto pra idade. Fora o agravante hereditário: cardiopatia na família não é só questão de hábito. E, por fim, que me exercitar seria essencial.

Ou seja. Quero poder continuar comendo de tudo. Tomar minha cervejinha. Não me privar a nada. Não gastar uma baba com remédio. E emagrecer.

Dancei.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Caguei montão II: Síntese

Rick Teixeira esfregando na minha, na sua, na nossa cara:



PARA: DANIELA PINHEIRO (Revista piauí)

DE: RICARDO TEIXEIRA (CBF/COL)

“Caguei montão [para as denúncias da imprensa]. O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: ?quero um igual?. O negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria”

“Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas merdas.”

“Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.”

“Esse UOL só dá traço. Quem lê o Lance? Oitenta mil pessoas? Traço. Quem vê essa ESPN? Traço.”

“Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”

“Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito com a Globo.”

“Tudo que ela pôs na matéria ela ouviu, o presidente falou mesmo, não tem nada de errado. Tudo que Teixeira tinha para falar, falou à piauí, disse agora à tarde, na Argentina, o assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva.

Caguei montão

07/07/2011 - 10h25

Teixeira expõe conchavo com Globo, xinga críticos e promete "maldades" na Copa

Do UOL Esporte
Em São Paulo
Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa de 2014, quebrou o silêncio. O cartola que domina o futebol brasileiro passou cerca de uma semana na Suíça com uma repórter da revista Piauí e dissertou sobre diversos temas. No meio da longa reportagem, publicada na edição de julho, ele expõe a relação que tem com a Globo, xinga os críticos e promete maldades com a imprensa no Mundial que comandará, daqui a três anos.

“Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas m...”, disse Ricardo Teixeira, que vai ainda mais longe ao rebater as denúncias.

“Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão. O neguinho do Harlem [bairro pobre nova-iorquino] olha para o carrão do branco e fala: ‘quero um igual’. O negro não quer que o branco se f... e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria”, vaticinou.


Sinal amarelo

Colesterol no limite. Dinheiro contado. Nova doméstica em fase experimental (e alguns maus presságios). Trabalho dobrado na agência (sozinho na redação). Meninas sem ter onde passar as férias. Meg e eu sem jeito de tirar recesso.

Segura.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Paranóico Futebol Clube

Proponho um teste. Toda vez que você tomar conhecimento de uma medida, gestão ou política públicas que, à vista de qualquer um e de todos, é claramente uma sandice, uma parvoíce, uma estupidez, pergunte-se se isso acontece mesmo é porque quem está no comando é apenas idiota.

Pode ser aí no seu bairro, na sua região, no seu estado. Aqui na minha cidade é direto. Toda vez que leio cidadão reclamar - por exemplo, da mudança da Lei de Uso e Ocupação do Solo de áreas que antes eram exclusivamente residenciais e dos impactos que advirão -, dizendo que, "à Prefeitura ou à Câmara de Vereadores faltou bom senso"... sei não. É ouvir a expressão do frequentemente ausente "bom senso" e me começam urticárias imaginárias.

É impostura. Os burros não são eles, somos nosotros por engolir essa xaropada. Ninguém pode ser insensato com tanta contumácia sem que esconda outras intenções. Ninguém pode ser repetidamente burro, infalivelmente burro, sempre burro.

Falta dinheiro?

Lá do Azenha.

O nosso futuro e o casaco de 29 reais

por Luiz Carlos Azenha

Vivemos tempos interessantes. A acreditar no noticiário, falta dinheiro aos governos.

No entanto, o Rio de Janeiro é um canteiro de obras.

E os estádios sobem.

E o BNDES — sim, eu sei, a BNDESPar — ajuda o Abílio, o Eike e outros pobres milionários.

Não, não há dinheiro para investir nos grandes equalizadores: educação pública e gratuita para todos (com bons salários para os professores) e banda larga realmente larga e universal para todos.

Lá na Coreia do Sul eles deram um jeito. Tudo bem, já entendi, sei que o país, comparado ao Brasil, é pequeno e a densidade demográfica é grande. Custaria mais caro, aqui, fazer o backbone feito lá, através do qual o estado cripto-comunista espalhou as redes de fibra ótica.

Lá foi dinheiro público financiando a iniciativa privada: quem cuidou e cuida da “última milha” são as empresas de telefonia e internet. Mas, ao controlar a infraestrutura, além de garantir a própria soberania na idade da informação, fazendo as ferrovias do século 22, o estado sul coreano ganhou poder de barganha diante das empresas privadas. Ditou as regras com um porrete na mão: lá, segundo a OECD (Organização para a o Desenvolvimento e Cooperação Econômica) 100 mbps pelo equivalente a 60 reais mensais; aqui, 1mbps por 35 reais. Nossa vantagem é que temos a Anatel para garantir que o serviço será de fato prestado nas condições propagandeadas…

[Ao contrário do que vocês imaginam, não apoio a banda larga como ferramenta para combater o PIG. É para impulsionar os pequenos empreendedores e negócios. Para facilitar a produção e disseminação de conteúdo cultural regional. Como forma de aumentar a mobilidade urbana. Para impulsionar a indústria nacional ligada às tecnologias de informação.Como descobriram os japoneses e os sul coreanos, ter uma banda larga realmente veloz e universal cria uma série de novos "problemas" e a solução para eles exige inventividade e criatividade. Starcraft vicia, mas também cria emprego!]

Aqui, só falta escalar o ministro para vender o combo da Telefonica. Não duvido que em breve surja alguma lei exigindo número de telefone fixo para tirar documento. Aí vai ser possível empurrar dois serviços ruins combinados nas classes C e D. Aliás, o que é do projeto que extinguiria a cobrança da “mensalidade” dos telefones?

Ao contrário do que imaginávamos, vivemos o aprofundamento do sistema pelo qual os lucros são privatizados e os prejuízos, socializados. Taí o resgate de Wall Street para não me deixar mentir. Depois, a Grécia. Agora, privatizaram o Paulo Bernardo.

Como repetiu um milhar de vezes um antigo leitor deste site, hoje sumido, as empresas-casca da telefonia terceirizaram tudo. Ficaram apenas com o financeiro. E remetem os lucros obtidos no Brasil para tapar buraco na matriz. Agora, diz um executivo do banco Santander, eles vão correr atrás da classe C e D no Brasil. Como alertou a Conceição Oliveira, corram!

Ou, como disseram os bancários no Pacaembu, na final da Libertadores:

O fato é que nós, assalariados, já não temos mais representação política.

Quantos governadores ou deputados você viu, recentemente, defendendo os professores grevistas em Minas Gerais? Ou em Santa Catarina?

E os bombeiros que se amotinaram no Rio de Janeiro? Quem é que se arrisca a dar a cara a tapa e dizer que apoia a PEC 300, que aumenta os salários dos policiais?

Vejam bem, caros amigos: os salários são inflacionários! Quem sugere é ministro de um governo do Partido dos Trabalhadores!

Notaram como a falta de dinheiro público é relativa?

Depois de toda a gastança e a gatunagem que precederá a Copa do Mundo no Brasil, lá pelos fins de 2013 ainda vão tentar nos convencer de que precisamos fazer “trabalho voluntário” no evento.

E, às vezes, o que parece uma vantagem imediata pode ter consequências terríveis a longo prazo.

Como não entendo de economia, deixo para vocês os comentários. Apenas conto o causo.

1985. Acabo de desembarcar em Nova York, para trabalhar como correspondente da Rede Manchete. Um dia sim, outro também, um dos jornais importantes publica reportagem sobre um “terrível” problema do Japão: o país é fechado às grandes redes varejistas dos Estados Unidos. Por conta disso, os jornalistas estadunidenses associam os japoneses ao atraso. Os mercadinhos são um horror, os preços são altos, a qualidade é péssima, etc.

Aquele soldado japonês que não sabe que a Segunda Guerra acabou fica no mato por culpa da péssima qualidade das lojinhas “pop e mom” do Japão…

Foi a primeira campanha do PIG internacional que vi de perto, ainda que sem entender direito, na época, o que estava acontecendo.

Mais para a frente, lá pela metade dos anos 90, percebi em retrospectiva o que tinha acontecido: foi quando, nas minhas andanças pelos Estados Unidos (modéstia à parte, em meus vinte anos por lá só não fui à Dakota do Norte) descobri a grande campanha que se organizava contra o Walmart, que existe até hoje e que rendeu até mesmo um documentário, Walmart: O alto custo dos preços baixos.

Só que, se a campanha para “abrir” o Japão tinha ocupado as manchetes da grande mídia americana, a campanha local contra o Walmart mereceu um silêncio ensurdecedor…

O argumento contra o Walmart é de que o conglomerado detona o comércio local e, portanto, compromete a sobrevivência das pequenas cidades. Há um toque saudosista e conservador na campanha, quando se diz que a rede detona “the real America”. Solapa a base fiscal. Substitui centenas de salários médios por dezenas de salários miseráveis. Faz isso contando com o gigantesco poder de barganha diante dos fornecedores e, acima de tudo, com a capacidade de importar imensas quantidades de produtos baratos da China. O Walmart compra cerca de 10% de tudo o que a China exporta para os Estados Unidos!

Ontem, depois de publicar um texto de um leitor manifestando preocupação com a concentração dos supermercados no Brasil, tive a sensação de déjà vu, quando um colega jornalista contou que tinha ido ao Walmart e comprado um casaco made in China por apenas 29 reais.

Ei-lo:

A pergunta que me assalta é: corremos o risco de ver, no Brasil, o mesmo fenômeno que testemunhei nos Estados Unidos?

É possível que o Brasil enfrente ao mesmo tempo dois fenômenos contemporâneos turbinados pelo crescimento da China, a saber: a desindustrialização e o “desvarejo”?

Qual é o risco de a gente, gastando os tubos na Disney – agora que o Disney On Ice no Brasil é bancado com dinheiro público – descobrir, de repente, que só nos resta produzir alimentos para os porcos asiáticos?

Se eu comprar o casaco de 29 reais, é bom porque combato a inflação ou é ruim porque exporto um emprego para a China?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Pena do Galo

A tal "garra" do Atlético Mineiro não resiste a um insucesso vulgar. Uma derrota banal - como aquela de 1 a 0 para o São Paulo - é o suficiente para despertar velhas inseguranças, velhas fragilidades. Basta ver qualquer entrevista: do roupeiro ao centroavante, é um plantel que desconfia dos próprios méritos - apesar de, frente às câmeras, prometerem "fibra" e se declararem "confiantes". Pura fachada. Muda-se o treinador, muda-se o time, a tal "confiança" do time do Galo tem a solidez de um mocotó. Em vez de cobrar dos jogadores "vergonha na cara", os dirigentes poderiam exigir de todos um pouco mais de massa cinzenta, a começar por si mesmos.

Este é o resultado de séculos de uma cultura administrativa que valoriza a burrice. Digo, o jogador forte e burro, mas que tem "garra", em detrimento daquele bom de bola e inteligente. Faz tempo o Galo se habituou a perder, se acostumou com a mediocridade - esta é a verdade. Precisa da derrota para alimentar seu martírio eterno. E mais, basta olhar o retrospecto de todos os últimos campeonatos: tem o Galo uma necessidade impressionante de ser goleado. Não suporta a idéia de passar mais de três jogos sem uma humilhação. E aí, vem o pranto de toda uma geração frustrada, gente que vai nascer e morrer sem ver uma vez sequer um time que preste. Mas nada vai mudar até que lá substituam até o último idiota. Aí, talvez, começará alguma esperança.

Ainda bem que torço pro Santos.

* * *
Com o anúncio da doença de Hugo Chavez, houve decerto o espocar de champanhes em alguns setores da Venezuela e dos Estados Unidos.

* * *

Cada vez mais, ser simples é complicado. Ser complicado que é simples.