quinta-feira, 31 de março de 2011

Operações

Esse nomes de operações da PF... Há anos me fazem desconfiar de que existe lá um estilista. Um poeta, um publicitário frustrado, talvez. Alguém que, inadvertidamente, trabalha na polícia federal, mas que sofre internamente por saber que sua vocação é outra, seu lugar é outro. E a denominação das investigações se tornou sua via de escape, um meio de expressar seu potencial criativo, a única forma de almejar o reconhecimento do público e, quem sabe, da crítica.

Acho que ele(a) vem melhorando ao longo dos anos. Tanto que, na mais recente ação divulgada, a verve de nosso amigo ou amiga atingiu um status inédito, a ponto de, daqui em diante, a gente até poder fazer piada se assim quiser. Um o-que-é-o-que-é do tipo "qual o nome do filme?"

Senão, vejamos:

- Em Alagoas, funcionários de prefeituras desviavam o dinheiro da merenda da rede de ensino público para comprar uísque e ração para cachorro. Qual é o nome da operação policial?
















Libertadores

Como gosto do jogo bem jogado, tô na torcida para ver um Cruzeiro x Internacional, de preferência na finalíssima do torneio. Roger e Montillo de um lado, Oscar e D´Alessandro do outro. Se bem que desconfio de uma ligeira vantagem para o Cruzeiro. Ao passo que em Cuca transparece um certo destemor, Roth é um cagão incorrigível, que, sempre, na hora agá, tem uma recaída de brucutismo e põe pra jogar uns 15 volantes e 13 zagueiros no time.

* * *
Ah, totalmente desiludido com os rumos da seleção e o ultraje que hoje lhe serve de uniforme, mas meu time atual pra uma Copa América seria: Júlio César, Daniel Alves, David Luiz (Sideshow Bob), Thiago Silva e Marcelo; Arouca, Ramires, Ganso, Lucas (SP), Neymar e Tardelli. Hernanes, Robinho, Fabrício e Roger no banco.



Câmbio

Continuam os procedimentos para il nostro progetto. Eu tava crente que o negócio era aproveitar a condição de correntista do BB ou do Itaú e ir lá pegar os Visa Travel Cards, comprar Euro e pronto.

Santa ingenuidade, Batman. Procesvê como é incauto este provinciano viajante.

Descobri que cada banco e agência de câmbio têm sua própria política e taxas para as operações financeiras. O IOF vale para todos. Mas cada instituição vende o Euro no preço que quiser - com muitos centavos acima da cotação que divulgam nos jornais -, variando também se há ou não uma taxa extra de administração, ou sei lá qual eufemismo chamam a isto. Por exemplo, além do indigitado IOF, o Itaú cobra uma taxa fixa de 77 reais sobre montante de qualquer valor e o Euro é cotado a R$2,45 (acho). Já o BB cobra 3% sobre o montante da operação, mas a cotação do Euro é R$2,39.

Ora, como papito aqui é um sujeito chegado numa economiazinha, dá-lhe pesquisar e fazer conta. Posto que inda falta averiguar mais alguns bancos e lojas de câmbio.

Para lascar um pouco mais: quando, de alguma maneira, nos escritórios do Ministério da Fazenda e do Banco Central chegou a notícia de que Rubão ia mesmo para o exterior na lua-de-mel, os técnicos do COPOM ficaram naquele alvoroço todo, com a ameaça de desestabilização do mercado, queda dos juros e redução do superávit primário. Depois de várias reuniões noites adentro com o Mantega e o Tombini, o governo aumentou o IOF para compras do cartão de crédito no exterior, de 2,38 para 6,38%.

Se o governo disse que o aumento do IOF foi por outros motivos, não acredite. Só aqui em Boêmios no Divã você se informa de verdade.

terça-feira, 29 de março de 2011

Filmmaker do Buritis

O DETRAN é um dos piores lugares para se ir em Belo Horizonte. Para se precisar de algum serviço.

Há anos ouvimos sobre o DETRAN: - "É uma máfia". Se for, é ainda um organismo ineficiente, burro e burocrático.

Veja: para mudar de endereço no meu cadastro, a fim de receber o DUT em domicílio, tenho que ir lá pessoalmente, pegar uma senha e, é certo, despender horas até ser atendido.

Ao 12h30 de hoje peguei uma senha de no. 498. Quinze minutos depois, chamavam o 437. Sem chance.

Deve ser mesmo complicadíssimo você mudar seu endereço pela internet.

O DETRAN é um lugar muito ruim de se estar. O pior é que, além do desserviço, à sua volta há um bando de despachantes e aproveitadores de tocaia, como rêmoras em busca de um pedacinho seu. Uma indústria que, se fosse prestado um bom serviço ao cidadão, nem precisaria existir nos moldes que existe, perfazendo uma cultura de espertalhões: falta de educação, baixa cooperação, má vontade e, quando não, golpes. Esse povo deveria estar em outras ocupações.

E eu deveria era comprar logo uma câmera. Ir lá e mostrar o processo todo, entrevistar as pessoas, detalhar o descalabro com o contribuinte e por cima de tudo salpicar humor. Editaria o vt, divulgaria na internet e utilizaria a mídia nativa a meu favor para causar.

Sei lá, virar o Michael Moore do bairro.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Neologismos

Laurinha deixou uma revistinha da Turma da Mônica no banheiro. Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão aprontam em visita a um museu.

Lá pelas tantas, Magali faz um comentário equivocado sobre uma peça em exposição (que ela acreditava ser uma caixa para guardar uma guitarra gigante) quando a dentucinha a reprende, dizendo:

- Realiza, Magali. Isso aí é um sarcófago egípcio.

Faz tempo que não me cai nas mãos nada do Maurício de Sousa; portanto, é certo que estou desatualizado sobre o que as crianças leem e conversam. Mas não pude deixar de estranhar o anglicismo. Mesmo porque, nunca ouvi Bibi e Laurinha falando realizar nesta acepção de perceber do verbo to realize (tu rialaise).

A reação inicial minha foi torcer o nariz. Mas eu mesmo, ao longo da vida, devo ter incorporado sem maiores reflexões alguns neologismos estrangeiros - "eu sou boy", penalizar, customizado (argh), cedê/devedê -, todos do inglês. Se retrocedermos mais, por exemplo, ao século 18/19 pro 20, constataremos que essa dominação cultural já foi francesa (abajur, butique e cotonete) e, vai saber, dentro de alguns anos mesmo, não me surpreenderia se o português brasileiro assimilasse expressões de alfabetos alienígenas - refiro-me, é claro, ao mandarim.

Enfim. Seja qual for a época, se a gente realizar bem, tudo é sinal dos tempos.

Um raio-x

Clara, cristalina, didática análise sobre o que rola atualmente sobre a comunicação no Brasil e no mundo. Ideal para quem quer ficar bem informado. Deveria ser texto obrigatório para debate nas universidades. O tal de Bernardo Kucinsky foi em cima, na mosca, bullseye quando fala da revolução e deturpação midiática que nós, consumidores de informação, estamos sofrendo. Afinal de contas, notícia viciada no Kucinsky dos outros é refresco.

Sensacional

Olhaí a Islândia dando exemplo. Não sei se a gente vai encontrar notícias como estas no Jornal Nacional - posso estar enganado, mas não estou vendo a mídia tradicional dar cobertura. Têm sido praticamente invisíveis também as manifestações populares na Inglaterra, contra o tal plano de austeridade (cortes de verbas para serviços públicos), e também em Portugal (contra a falta de perspectivas econômicas e aviltamento de direitos trabalhistas).

O fato é que os países europeus cujos governos, nos últimos anos, colocaram em prática o receituário pró-mercado financeiro + Estado mínimo, em vez do Estado indutor da economia, colhem agora os frutos dessa política concentradora de renda.

A Islândia, que quebrou em 2008, mostrou um caminho possível. Democraticamente possível. Sou cético, mas quem sabe isso não inspira outras nações?



A Islândia pune os que quebraram o país

Por MiriamL

Da Carta Maior

Islândia, um país que pune os banqueiros responsáveis pela crise

A grande maioria da população ocidental sonha desde 2008 em dizer "não" aos bancos, mas ninguém se atreveu a fazê-lo. Ninguém, excepto os islandeses, que levaram a cabo uma revolução pacífica que conseguiu não só para derrubar um governo e elaborar uma nova Constituição, mas também enviar para a cadeia os responsáveis pela derrocada econômica do país. Crise financeira e econômica provocou uma reação pública sem precedentes, que mudou o rumo do país. O artigo é de Alejandra Abad.

Na semana passada, nove pessoas foram presas em Londres e em Reykjavik (capital da Islândia) pela sua responsabilidade no colapso financeiro da Islândia em 2008, uma profunda crise que levou a uma reação pública sem precedentes, que mudou o rumo do país.

Foi a revolução sem armas da Islândia, país que hospeda a democracia mais antiga do mundo (desde 930), e cujos cidadãos conseguiram mudar com base em manifestações e panelas. E porque é que o resto dos países ocidentais nem sequer ouviram falar disto?

A pressão da cidadania islandesa conseguiu não só derrubar um governo, mas também a elaboração de uma nova Constituição (em andamento) e colocar na cadeia os banqueiros responsáveis pela crise no país. Como se costuma dizer, se você pedir educadamente as coisas é muito mais fácil obtê-las.

Este processo revolucionário silencioso tem as suas origens em 2008, quando o governo islandês decidiu nacionalizar os três maiores bancos - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir - cujos clientes eram principalmente britânicos, americanos e norte-americanos.

Depois da entrada do estado no capital a moeda oficial (coroa) caiu e a Bolsa suspendeu a sua atividade após uma queda de 76%. A Islândia foi à falência e para salvar a situação o Fundo Monetário Internacional (FMI) injectou 2.1 bilhões de dólares e os países nórdicos ajudaram com mais de 2.5 bilhões de euros.

As grandes pequenas vitórias das pessoas comuns
Enquanto os bancos e as autoridades locais e estrangeiras procuravam desesperadamente soluções econômicas, o povo islandês tomou as ruas, e com as suas persistentes manifestações diárias em frente ao parlamento em Reykjavik provocou a renúncia do primeiro-ministro conservador Geir H. Haarde e do governo em bloco.

Os cidadãos exigiram, além disso, a convocação de eleições antecipadas, e conseguiram. Em abril, foi eleito por um governo de coligação formada pela Aliança Social Democrata e Movimento Esquerda Verde, chefiado por uma nova primeira-ministra, Johanna Sigurdardottir.

Ao longo de 2009, a economia islandesa continuou em situação precária (fechou o ano com uma queda de 7% do PIB), mas, apesar disso, o Parlamento propôs pagar a dívida de 3.5 bilhões euros à Grã-Bretanha e Holanda, um montante a ser pago mensalmente pe as famílias islandesa durante 15 anos com juros de 5,5%.

A mudança trouxe a ira de volta dos islandeses, que voltaram para as ruas exigindo que, pelo menos, a decisão fosse submetida a referendo. Outra nova pequena grande vitória dos protestos de rua: em março de 2010 a votação foi realizada e o resultado foi que uma esmagadora de 93% da população se recusou a pagar a dívida, pelo menos nessas condições.

Isso levou os credores a repensar o negócio, oferecendo juros de 3% e pagamento a 37 anos. Mesmo se fosse suficiente, o atual presidente, ao ver que o Parlamento aprovou o acordo por uma margem estreita, decidiu no mês passado não o aprovar e chamar de volta os islandeses para votar num referendo, para que sejam eles a ter a última palavra.

Os banqueiros estão fugindo atemorizados
Voltando à situação tensa de 2010, enquanto os islandeses se recusaram a pagar uma dívida contraída pelos os tubarões financeiros sem os questionar, o governo de coligação lançou uma investigação para resolver juridicamente as responsabilidades legais da fatal crise econômica e já havia detido vários banqueiros e executivos de cúpula intimamente ligados às operações de risco.

Entretanto, a Interpol, tinha emitido um mandado internacional de captura contra o presidente do Parlamento, Sigurdur Einarsson. Esta situação levou os banqueiros e executivos, assustados, a deixar o país em massa.

Neste contexto de crise, elegeu-se uma Assembleia para elaborar uma nova Constituição que reflita as lições aprendidas e para substituir a atual, inspirada na Constituição dinamarquesa.

Para fazer isso, em vez de chamar especialistas e políticos, a Islândia decidiu apelar directamente ao povo, soberano, ao fim e ao cabo, das leis. Mais de 500 islandeses apresentaram-se como candidatos a participar neste exercício de democracia direta de redigir uma Constituição, dos quais foram eleitos 25 cidadãos sem filiação partidária, que incluem advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais.

Entre outros desenvolvimentos, esta Constituição é chamada a proteger, como nenhuma outra, a liberdade de informação e expressão, com a chamada Iniciativa Islandesa Moderna para os Meios de Comunicação, um projeto de lei que visa tornar o país um porto seguro para o jornalismo de investigação e liberdade de informação, onde se protejam as fontes, jornalistas e os provedores de internet que alojem órgãos de informação

Serão as pessoas, por uma vez, para decidirão sobre o futuro do país, enquanto os banqueiros e os políticos assistem (alguns da prisão) à transformação de uma nação, mas do lado de fora.

Tradução para o português: Vermelhos.net

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17600

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ensejo



Azado me pareceu aproveitar um comentário da querida sogrinha para alinhavar aqui uma de minhas mais recentes obsessões: a imprensa nativa.

O que me deixa razoavelmente confortável para emitir juízo a este respeito não é o fato de ser jornalista, ainda que não exerça a profissão. O que me deixa confortável é a prerrogativa de ser um cidadão comum, condição pela qual, aliás, é muito perigoso ser não-praticante.

Há coisa de um ou dois posts, comentou minha querida sogrinha que estranhara a ausência, nas diversas mídias, de uma reprovação formal quanto à invasão da Líbia pelos americanos e sátrapas amestrados. Aparentemente, ninguém nas mídias que a sogrinha visitou havia se dado ao trabalho. Ninguém, imagino, em nossos jornais, portais, revistas, havia ofertado aos leitores uma reflexão a la "rei está nu" ou questionado a licitude do ataque a um país, seja governado por ditadura ou não, soberano. Pois, no fundo, até os dromedários sabem do que essa luta pela democracia na Líbia se trata: oil.

Desde meados do ano passado - desde que pude enxergar como diversos órgãos da imprensa tradicional atropelam a ética jornalística e se comportam como um partido político, apesar de frisarem justamente o contrário, afirmando que são isentos, imparciais e apartidários -, a questão que me coloco é: se os caras deturpam ou distorcem sutilmente uma informação qualquer (ao mesmo tempo que se cobrem do manto da objetividade), como é que eu posso confiar no que estou lendo?

Quem me garante que a lista dos livros mais vendidos é aquela mesma? Quem me assegura que o cronista não está levando algum ao defender a convocação de um jogador de determinado time? Quem há de me provar que a crítica elogiosa a um blockbuster idiota com aliens azuis não é exatamente honesta e descompromissada? Se se publica uma ficha falsa da Dilma; se dão 8 minutos de telejornal (eternidade numa TV) sobre uma bolinha de papel que por pouco, segundo notáveis especialistas, não causou um traumatismo craniano; ou se somente esta semana uma revista traz à tona entrevista feita em setembro passado com um governador cassado e preso que fez graves acusações a políticos que, à época, estavam em plena campanha eleitoral - essas mídias então concedem a mim, cidadão comum, o total direito à suspeição.

Como poderei acreditar em qualquer coisa que esse pessoal fala?
Como eu, leitor, separarei o joio do trigo, a informação da desinformação, o que provavelmente deve ser fato e o que não deve ser fato, ou talvez até seja, mas que vem embalado por um viés esquisito?

Minha resposta: é impossível, não dá mais para acreditar. Porque não dá para confiar em quem se diz isento e não é, em quem defende certos interesses camufladamente e publicamente diz defender princípios jornalísticos. Puro farisaísmo; pra essa turma, jornalismo é só um negócio como outro qualquer, de tráfico de influências e comércio de interesses. Dá impressão de que poderiam estar em qualquer ramo, no ramo de mercearias, talvez; desde que mercearias tivessem o poder de moldar o que as pessoas pensam, conversam, acreditam. O caso é que, uma vez quebrada a confiança, acabou. A moeda do jornalista, do jornalismo, do jornal, sempre será a credibilidade. Por aí se mede o valor da sua reputação.


Acrescente-se a esta salada o resultado de pesquisa recém-divulgada: executivos brasileiros leem mais blogs do que jornais e revistas online, segundo a 4ª pesquisa CDN de credibilidade da mídia (2010-2011). Mais de 90% dos executivos costumam acessar blogs contra 53% que afirmam ler jornais e revistas na internet.

Embora a revolução da web tenha dado às pessoas a possibilidade de ser uma empresa de comunicação de si mesmas, e, descontando o fato de que qualquer idiota hoje tem um blog (taí Boêmios no divã que não me deixa mentir), acredito que os blogueiros transmitem atualmente muito mais credibilidade do que as mídias tradicionais. Porque estas fingem ser o que efetivamente não são; os blogueiros, por outro lado, não perdem tempo defendendo isenção, imparcialidade, objetividade ou quaisquer outros desses mitos que empurram goela abaixo do povão. Ninguém é isento, objetividade inexiste. Não dá pra ter 100% de certeza e no fim todo mundo defende algum tipo de interesse, mas, com certos blogs, pelo menos a gente fica sabendo que a informação ali tem um viés. Tem um determinado enfoque. E é bom que seja assim. A leitura de certos blogs se torna um ótimo contraponto às notícias que você leria, por exemplo, em O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de São Paulo, Veja (argh!), ou veria no JN, Globonews, ou ouviria na CBN. Porque aí você tem pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto: blogs X mídia tradicional.Na comparação das informações, na justaposição e ênfase de cada notícia, você tem a chance de exercitar seu juízo crítico e, dialeticamente, tentar retirar deste embate aquilo que sua intuição julga ser provavelmente factual e verdadeiro.

Controlar a informação que você recebe é estratégico. Se sua formação cultural são seus tijolos, a informação é a argamassa que consolida sua opinião.

Então, querida sogrinha, todo esse rodeio é para apresentar a alternativa para quando a senhora não encontrar nas mídias tradicionais a indignação que o bom senso dos cidadãos comuns de todo o mundo deveria exigir, seja sobre que assunto for.

Seguem links dos blogs que ando lendo para acessar informações, artigos, opiniões e análises que, decerto, a senhora jamais encontrará nos editoriais solenes do Estadão ou no perfil de cocheiro de Drácula do William Wack.

Seu criado,

rubão

Prolegômenos

Vivemos, atualmente, o prefácio da nossa lua de mé.

Poderia até parecer que não, mas o planejamento para a viagem envolve uma miríade de ações por fazer, pesquisas e detalhezinhos.

Até porque, como se sabe, a gente só se preocupa com a logística de alguma coisa quando dá merda.

Dispensamos os pacotes e vamos por conta própria. Como é muita coisinha pra resolver antes de passar vinte dias na Itália, eu - que não sou disso - resolvi até apelar para uma agenda. É tanto item que se deve deixar resolvido para nossa ausência no período - minúcias como contas, habilitação internacional, condomínio (ainda sou síndico), cachorro e até a questão de molhar as plantas - quanto arrumado para nossa estada lá: horário dos museus e atrações por cidade, montagem de pré-roteiros, passes culturais (valem ou não a pena?), trem ou aluguel de carro?

Diria alguém que são doces problemas. De fato. Mas, ai de mim se eu não me ocupo deles.

terça-feira, 22 de março de 2011

Oficinas

Pela manhã, deixei o carro na oficina pra trocar o óleo.

Você troca o óleo, o cara aproveita para trocar o(s) filtro(s). Normal.

Você troca os filtros, o cara diz: dotô, tem que olhar essa correia dentada. E o esticador.

Enquanto pensa na correia dentada e no esticador, o cara complementa: ó, essa mangueira do radiador tá toda rachada. A suspensão dianteira esquerda e direita estão quebradas. E a parafuseta da rebimboca só dura mais dois mil km.

- Tudo bem, tô com pressa, depois faço tudo, só quero o óleo e os filtros, até porque viajo sexta...

- Ih... vai viajar? Eu, se fosse o senhor, confiava não. Trocava tudo.

Tá certo. E o carro ainda tá com um pneu esvaziando. Só que nesta oficina não tem serviço de borracheiro. Aliás, não tem no bairro inteiro.

Às vezes, só o clínico geral não resolve. Você precisa de especialistas. O único problema é que desconfio que, na vida ou nas oficinas, uma consulta leva à outra - ad eternum.


Go home

Este ataque à Líbia é indecoroso, imoral, vil, covarde, hipócrita, odiento, abjeto. Prontofalei.com.

Nada de novo ou diferente do que os americanos e aliados perpetraram no último século. É só conferir nos livros de história. A indústria da guerra gira a roda da economia lubrificada com sangue civil.

Mas eu fico aqui pensando no futuro por causa das pessoas que não enxergam nada de mais em todos estes perigosos precedentes - uai, é lícito aos falcões invadir qualquer país soberano que lhes der na telha, embora este último seja palco de uma ditadura que teve o apoio do ocidente durante anos.

Sim, penso no futuro porque agora, amigo - yes, nós temos pré-sal.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Fim de semana de emoções

1) Casamos. Bem ali na Av. Amazonas, entre a Casa de Ferragens Alvorada e o Frigorífico Vereda Plus, num cartório quente como o inferno e completamente lotado, com gente pendurada até no lustre - parecia bilheteria do Mineirão em dia de jogo. Mas foi tudo bem; creio que, no geral, os familiares gostaram e, se eles gostaram, nós também gostamos. Enfim. Agradecido e feliz por todos, por Meg e por mim.

2) Fizemos o tal curso de noivos. Prefiro não comentar.

3) No dia do curso, Meg teve uma experiência domética intensa e diferente - atípica, eu ainda diria, para mulher de sua linhagem, classe e estirpe. Mas eu tô de boca fechada. Quem quiser, que pergunte a ela o que aconteceu.


Como escreve bem, o Mino Carta.




sexta-feira, 18 de março de 2011

Casório

Pessoal, vô ali trocar aliança de mão e já volto.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Hipócritas

Quando misteriosas forças interessadas que Éfe Agá e seus camaradas permanecessem no poder, subornaram deputados para votarem a favor da reeleição, tudo beleza, tá valendo - isso pode, né Arnaldo?

Um golpe que judiciário, legislativo, executivo e mídia legitimaram. E a falta de ética de ser favorecido no próprio mandato em exercício ainda consegue ser menor do que a indignação com a impunidade daqueles corruptos que até hoje a desfrutam.

Mas, passam os dias. Veio Lula, depois Dilma. Estas forças olham para o horizonte e vislumbram a perspectiva de ficar anos longe do poder. Hora então de virar o jogo. E o que decidem seus representantes no senado? Acabar com a reeleição. E, aposto meu dólar furado, com a certeza secreta de que, "Uma vez no trono, a gente muda tudo de novo".

Hipocrisia. Eu quero uma pra viver.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cumequié?

Maria Bethânia ganhando 1 milhão e 300 mil reais do Ministério da Cultura pra fazer um blog de poesia, com um vídeo por dia produzido pelo diretor Andrucha Waddington?

Como a informação parece ter pipocado primeiro na Folha, não dá pra saber se é verdade. Mas, se for, como diria Zeca Camargo: vão combinar, né.

E o tal blog seria chamado de "O Mundo Precisa de Poesia". Mas, e euzinho? Meu mundo precisa de dinheiro!!!

Irmã do Chico, veja, veja:

Tanto din-din
Pra dona Betânia
É moeda vã
Pra mim
O mió é patrociná
Boêmios no Divã


Poesia é isso, ministra.

terça-feira, 15 de março de 2011

Rubens, e a crise atual?

Lendo um comentário antigo do Alan Moore, julguei conveniente reproduzir aqui. Acho que, de alguma maneira, já manifestei uma certa melancolia com radicais e extremistas de quaisquer naipes político-religiosos.

Por que o comentário do Moore é propositado? Porque, não raro, a gente tromba com os preconceitos nas mesas dos botecos, nas baias do trabalho, nos bancos das escolas.

Tipos, um que pode ser bobinho ou sério: "- Argentino é tudo (adjetive o que você quiser)". Um que é sério mesmo: "- Veado é tudo (adjetive o que quiser)".

É o óbvio repisado, mas vamos lá. Diz o Moore:
O Islã é uma fé nobre e humana que, desafortunadamente, sofre por não ter uma cadeia evidente de comando terrestre, com uma resultante vulnerabilidade dos auto-nomeados homens santos que podem desejar liderar o Islã para terríveis conflitos, freqüentemente contra si mesmos.


Neste ínterim, eu desnecessariamente acrescentaria que, apesar de refratário às religiões, o Islã é, a priori, com seja lá o que você julgue como virtudes e defeitos inerentes, um sistema de crenças tão legítimo como qualquer outro - religião católica, protestante, judaica, budista, etc,etc.

Frisando:

O Islã é uma das mais importantes fontes da cultura mundial, e se ele deseja preservar sua considerável integridade no futuro, precisa colocar sua própria casa em ordem e fazer o seu melhor para isolar quaisquer malucos que não representem o muçulmano médio comum, amante da paz (mais ou menos a mesma coisa poderia certamente ser dita sobre cristianismo e judaísmo; o Islã dificilmente tem o monopólio de fanáticos sectários, dos quais todos estaríamos melhor sem).

A tradução não está lá estas coisas. Mas segue o trecho final:

E quanto à América, então? Somos todos nós, europeus liberais metidos, anti-americanos por estes dias? Certamente que não. Quem lhe falou isso? O que, nós somos anti-Duke Ellington, Tom Waits, Herman Melville, Jackson Pollock, Chester Himes, Emperor Norton, Patti Smith, Tex Avery, Dorothy Parker, Edgar Allan Poe, Orson Welles, Billie Holliday, Raymond Chandler, Kathy Acker, Edwin Starr, Nina Simone, Raymond Carver, Paul Robeson, Bob Dylan, Chuck Berry, Emily Dickinson, Lou Reed, Wilhelm Reich, Thomas Alva Edison, Jimi Hendrix, Captain Beefheart, William Burroughs, Emma Goldman, Jack Kerouac, William Faulkner, Walt Whitman, Spike Lee, Allen Ginsberg, John Waters, Matt Groening, The Sopranos, Robert Crumb, Damon Runyon, Woody Guthrie, Edward Hopper e todas aquelas milhares de outras pessoas maravilhosas que expressam o que realmente é o coração gigante, incontrolável e enorme da América? Não. Os EUA são um grande país, mas os americanos (e o resto do mundo) foram "embushcados". Um estranho grupinho que, por um período de tempo contentou-se em ser parte de um Governo Fantasma não-eleito, agora subiu audaciosamente à ribalta, onde eles sentem (talvez corretamente) que agora podem fazer ou dizer o que quer que desejem, e que ninguém pode ou fará nada sobre isso.


Classes médias do mundo, uni- vos.

domingo, 13 de março de 2011

A quem interessar possa

Senhoras e senhores, estou casando.

(Ou seria me casando? - leitores sabidos em regência, help)

Nesta sexta-feira, às 14h40, dona Meg e este humilde servo oficializam sua união no civil.

No íntimo, é estranho. Porque já me sinto casado há muito tempo.

Vamos juntos assim, com toda a beleza que há na simplicidade.. Sem muito alarde ou pirotecnia. Discretos e mansos, se Deus estiver servido.

Quem quiser aparecer, será bem-vindo. Quem não quiser ou não puder, relaxe. Quem me conhece de verdade sabe que eu nunca me chatearia com ausências.

Apesar do horário ingrato do definido pelo cartório, todos estão convidados para a grande festa, a se realizar no coração de cada um que nos queira bem.

Na mosca

Quem tem medo da verdade?

Temos diante de nós uma oportunidade de ouro: a de colocar em pratos limpos quem é democrata de fato no País e quem usa a democracia como uma bandeira de conveniência. Durante oito anos, a grande imprensa brasileira cobrou do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fictícios atentados contra a liberdade de expressão. Acusavam Lula de possuir “anseios autoritários”. Nunca antes na história viram-se jornais tão zelosos do sagrado direito do cidadão de se informar. Mas quem agora, dentre estes baluartes da democracia, será capaz de se posicionar ao lado da presidenta Dilma Rousseff em favor da instalação da Comissão da Verdade, que pretende apurar os crimes cometidos durante a ditadura? Ou isto não é direito à informação?

Dilma tem manifestado a auxiliares seu interesse em proporcionar uma satisfação oficial do Estado a familiares e vítimas da ditadura, como fizeram nossos vizinhos na Argentina, Chile e Uruguai. Faz parte da agenda da ex-guerrilheira, presa e torturada, destacar-se na defesa dos Direitos Humanos. A titular da pasta, ministra Maria do Rosário, declarou, de chegada, ser assunto prioritário do governo a instalação da comissão. Mas foi só a presidenta assumir que sumiram das páginas mais “liberais” de nossa imprensa os artigos dos colunistas fixos em defesa da comissão. Foram suplantados por textos em defesa da… Defesa, o poderoso ministério que abriga os militares das três Forças.

No final do governo Lula, um articulista da nobre página 2 da Folha de S.Paulo, por exemplo, chegou a publicar várias colunas cobrando do presidente mais vigor na investigação do período militar, que tirasse a Comissão da Verdade do papel. Depois que Dilma demonstrou estar decidida a encarar o desafio, nunca mais. O que se vê atualmente são matérias, à guisa de furos de reportagem, ecoando a opinião dos militares mais obtusos da ativa, se não simplesmente já em seus pijamas. Em editoriais, mesmo, nenhum dos nossos grandes e democráticos jornais foi capaz de defender a instalação da comissão.

O Globo, aliás, fez justamente o contrário: espinafrou qualquer possibilidade de se mexer num passado que não lhe foi, afinal, o que poderia se chamar de “período de vacas magras”. Em editoriais, o jornal dos Marinho, sempre tão vigilante na hora de apontar tendências antidemocráticas em Lula, chamou a comissão de “orwelliana” e “encharcada de revanchismo”. Uma verdadeira “CPI da Ditadura” – como se isso não fosse algo a celebrar. O diário carioca fez malabarismos ao aliar o suposto “autoritarismo” de Lula a uma comissão “ao gosto dos regimes stalinistas”. É certo que Stalin reescreveu a verdade a seu bel-prazer. O Globo, porém, parece preferir que ela não seja nem sequer contada.

No início deste ano, a Folha bem que tentou disfarçar sua real opinião sobre o período que alcunhou de “ditabranda”, intercalando artigos de convidados contra e a favor da instalação da comissão. E uma ou outra carta apareceu em seu painel do leitor francamente favorável à investigação do passado. Mas a posição oficial do jornal é de editorial publicado em 31 de dezembro de 2009. Os crimes da ditadura, assegurava a Folha, “foram cometidos pelos dois lados em conflito”. Revisar a Lei da Anistia, nem pensar, publicou no editorial: “Não há nenhuma vantagem para a democracia em atiçar ressentimentos”. Para concluir: “O passado não deve ser esquecido – mas que não seja entrave e fonte de perturbação para o presente”.

A mim parece no mínimo curioso que órgãos de imprensa tão ciosos da democracia acatem os argumentos dos generais que impingiram ao país – eles sim, não Lula – uma ditadura. O projeto da Comissão da Verdade inclusive contempla a caserna, ao propor também a investigação de possíveis abusos cometidos pelos que lutaram contra o regime militar. Exigência, como se vê, dos militares, aliados aos jornais, e levada a cabo pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que por fim conseguiu embuti-la no texto levado ao Congresso. Ainda assim, continuam as restrições à comissão, pelos soldados armados e os de papel.

Um observador atento diria que a atitude reticente dos jornais em relação à Comissão da Verdade deixa transparecer um certo temor das investigações. Mas por que a grande imprensa brasileira teria medo da verdade? Acaso seria uma verdade inconveniente? Tempos estranhos estes em que democratas preferem o obscurantismo à luz.

Uma nota: O Estado de S.Paulo fica de fora desta análise apenas porque não encontrei em seu arquivo online e na internet nenhuma opinião do jornal sobre a Comissão da Verdade. Teria optado pelo silêncio?

sexta-feira, 11 de março de 2011

Valendo a mariola mais fácil da semana


Me diga: se Richard Nixon fosse do PSDB, e Bob Woodward e Carl Bernstein fossem repórteres de Veja, Estadão, Folha ou da Globo, o que você acha que realmente aconteceria?

R: Nada.

Espia, Galo, espia!


por André Kfouri em 11.mar.2011 às 7:22h

(publicada ontem, no Lance!)

NÃO CHUTARÁS

Algo verdadeiramente incrível aconteceu anteontem no Camp Nou. Não, não foi o insano percentual de posse de bola do Barcelona contra o Arsenal. Os 68% são inatingíveis para qualquer outro clube, mas relativamente comuns para os catalães. No jogo de Londres, por exemplo, os visitantes ficaram com a bola durante 61% do tempo. Não custa frisar: isso aconteceu na casa do adversário. Nos 2 x 0 sobre o Rubin Kazan, na fase de grupos, na Espanha, a posse ficou em torno dos 74%.

Também não foi o baixíssimo número de faltas cometidas pelo time que monopoliza o futebol bonito-e-competitivo no mundo atual. Foram apenas 8, contra 19 do Arsenal. Oito faltas numa partida chega a ser ridículo (só Rodrigo Souto fez 5 no último jogo do São Paulo), mas pode deixar o torcedor mais atento meio preocupado com os altos níveis de violência do time. Na já citada vitória sobre o Rubin, o Barcelona cometeu 3 faltas. Isso mesmo, três.

O jogo da terça-feira gorda foi tão unidimensional que um amigo meu achou que sua televisão estava quebrada. Ele acabou de comprar uma LCD widescreen e, ainda inexperiente nas configurações da tela, não entendeu por que via só metade do gramado. O Barcelona encaixotou seu adversário entre a linha do meio-campo e a linha de fundo. O Arsenal ficou como um lutador de boxe no corner, cabeça entre as luvas, apanhando.

Tudo bem que tentar tomar a bola do Barcelona não é um sinal de inteligência. O Arsenal não foi o primeiro e não será o último time a se fechar e apostar na saída rápida, especialmente com o empate como aliado. Só que se você não freqüentar o campo de ataque, qual é o ponto de sair do vestiário? Mas isso também não é incrível. Na verdade, é usual.

Verdadeiramente incrível foi o que se viu pela primeira vez na Liga dos Campeões da Uefa. Pelo menos, desde que uma empresa inglesa chamada Opta passou a registrar as estatísticas de todos os jogos do torneio, em 2003. O Arsenal foi o único time a sair de campo sem dar um chute a gol. Um único chute. Veja, não estamos falando de chutes que acertem o alvo. Estamos falando de qualquer chute que possa ser qualificado, ainda que com boa vontade, como “na direção do gol”. Sabe aquela batida que espana e passa perto da bandeira de escanteio? Nem isso.

No segundo jogo das semifinais do ano passado, a Internazionale de Milão deu um chute ao gol do Barcelona. O Panathinaikos, na fase de grupos, também deu um. O Zaragoza, pela última rodada da Liga Espanhola, não viu a bola (ela ficou com o Barcelona por 80,39% do tempo), mas tentou três chutes. O Arsenal, nenhum.

Se lembrarmos que o gol inglês foi contra, podemos dizer que o Barcelona superou o Arsenal até nas conclusões ao próprio gol. Provavelmente nunca vimos algo assim.

Everybody loves Rubens

Da mulher, prestes a dormir:
- Você está muito tenso. Tenta relaxar.

* * *
Da mulher, na cozinha:
- Posso te dar um toque? Depois de lavar copos, deixe-os de cabeça para baixo.

* * *
Da mulher:
- Amor, cê sabe como é que troca o gás aqui do condomínio?

* * *
De uma irmã:
- Credo! Camisa indiana? Agora você usa isso?

O pai:
- É carnaval. Deixa.

* * *
Do vizinho:
- Tem uma goteira do 101 pingando no meu carro; sei que, como síndico, você não pode fazer nada, mas eu gostaria de marcar uma reunião.

* * *
Saudando uma enteada:
- Bom-dia!
- ...
Despedindo-se de uma enteada à porta da escola:
- Tchau, tenha uma boa aula.
- ...
- Ei, não bata a por...!

* * *
Da mãe:
- A calça não está suja... a camisa está limpinha... muito bem, é assim que gosto de vê-lo ir trabalhar.

Da irmã:
- Pelo menos hoje ele não está vestido como o Agostinho da Grande Família.

* * *
Diálogo no trabalho:
- Chegou cedo hoje.
- Poisé, chefe. Às vezes, não dá pra evitar.


quarta-feira, 9 de março de 2011

De Túnis a Madison

Vendo este discurso do Michael Moore pra massa reunida em Madison, Wisconsin... pô, os olhos chegaram a marejar.

Fico divagando: quem acha que a luta dos trabalhadores nos Estados Unidos não tem nada a ver conosco, com a situação aqui no Brasil, pode estar enganado.

Dizem que Wisconsin é, historicamente, o estado da maior tradição sindical dos americanos, símbolo da garantia de direitos trabalhistas. Se o governador neocon de lá destruir o que resta de resistência dos direitos da classe trabalhadora; se Wisconsin cair, pronto: efeito bola de neve nos outros estados. Consequência: se os EUA em peso adotarem esse modelo de arrocho de estado, adivinha onde isso pode parar.

Menino, hoje um peido de camelo no Iemen aumenta o preço do papel higiênico aqui no Buritis.

Pra entender um pouco do que está acontecendo em Wisconsin, do que representa e do que está em jogo, clique aqui.

Para ver como é bonita a indignação diante da injustiça, aqui.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Era a chance da gente ver futebol às 8 da noite


A Globo e um golpe no futebol brasileiro. Leia aí.

A propósito, ontem, o JN foi mais uma pérola de parcialidade travestido de imparcialidade.

Como sempre, contra os interesses do povo brasileiro, em geral. É no viés que dá ao noticiário
econômico, é na ênfase do noticiário político, é no recorte que dá a qualquer assunto que vai contra a manutenção de seus próprios privilégios e dos privilégios dos grupos que ela representa/defende/se confunde: bancos, políticos que servem a grandes monopólios, oligarquias, governo americano.

Tudo isso com isenção, honestidade, profissionalismo. Apartidariamente.

Bem, amigos do Boêmios no Divã. Essa emissora dos Marinho joga contra todas as torcidas.


Olhaí a cara de pau.
Tá te chamando de burro, amigo.




quinta-feira, 3 de março de 2011

Praga

Não é nada pessoal. Just business. Mas não dá mais pra ficar parado, esperando que o devir da natureza resolva as coisas para nós. Não bastassem a dupla canina e o granizo, as formigas estão acabando com o que resta de plantas em nosso quintal.

Primeiro, foi um brinco de princesa. Depenado. Ou melhor, desfolhado e morto. Duas samambaias estão em estado crítico e, nesta noite, o xodó da patroa - uma trepadeira, jasmim-dos Açores- entrou na UTI.

Hoje, 6h45. Sigo o caminho das formigas e descubro que elas atravessam o muro por dentro de uma abertura na arandela. Desparafuso e coloco a isca tóxica na abertura, volto a fechar.

O problema é que não dá pra espalhar o cavalinho de tróia na carreira das bichinhas por causa dos cachorros estabanados. Outra: pelo menos no trajeto que espiei, as danadas praticamente não utilizam trechos planos, o ideal para amontoar as partículas de veneno. Só andam verticalmente, as safadas.

* * *

Nós e as formigas. É uma luta entre duas sociedades, entre duas civilizações, duas formas de vida. Como disse, nada pessoal. De um lado do ringue: pesando 150 milhões de indivíduos e não sei quantas vitórias, aaaas cortadeiras. Do outro, Meeeeeeg e Rubeeeeeeeens - fora de forma e com um pouco de sobrepeso.

A batalha é justa? Quem está certo? Quem tem a razão nesta contenda? Os dois lados. Ninguém. Ambos dão duro para sustentar seu modo de vida; mantêm a casa segura e em ordem; buscam prosperar e expandir suas atividades; cuidam da prole e da alimentação dos pequenos.

Aliás, a tática, corriqueira em guerras, de demonizar um lado, só encontraria eco talvez, neste caso, naqueles que querem cultivar um jardim. Afinal, enquanto uns lutam pela sobrevivência, outros lutam pela estética e uma sensação de bem-estar. Nestes parênteses, eu toparia numa boa trocar plantas e flores bonitas, que as formigas adoram, por plantas sem-graça e flores feinhas mas resistentes, que as formigas rejeitam. Mas, quem são estes vegetais?

Bem, agora não importa. Independentemente da força ideológica que motiva cada exército, a jihad está declarada. Além de inventar meios de proteger os desmiolados recrutas Nelson e Mel, penso seriamente em utilizar todos os recursos estratégicos ao meu alcance: armas químicas naturais e industrializadas, repelentes eletrônicos, serviços de dedetização. Sem falar que ainda acalento a ilusão de recrutar um tamanduá pra chefiar as tropas na trincheira, na linha de frente com o inimigo. Não é doidera, com dinheiro e internet se consegue de tudo.

É nóis. Ou a gente acaba com a saúva...

terça-feira, 1 de março de 2011

Hurricane domiciliaris

Nelson Rodrigues + Mel Rodrigues + granizo = Katrina.

A reunião de condições meteorológicas propícias com a ação de diferentes forças da natureza produziu aqui em casa um efeito devastador.

Foram-se as plantas dos vasos e canteiros, que nós escolhemos. Foi-se também uma boa parte das enraizadas no quintal, legado dos antigos habitantes.

Bueno. A graça está em começar de novo. Já é hora de termos um projeto paisagístico com a nossa cara. Ou seja: tudo minuciosamente improvisado.

Já esfrego as mãos.