segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Recaídas

Passeando ontem com Nelson em frente a um terreno baldio, vi alguns vasos de cimento abandonados. Grandes, com algum uso, mas em bom estado.

Não deu outra. Chamei Meguinha pra me ajudar, fomos de carro e catamos os vasos.

Isso quando eu não trago pra dentro de casa uns caixotes de feira caindo aos pedaços, dizendo que, um dia, ainda hei de reciclar em estantes coloridas e "descoladas". Ou luminárias velhas sem fios e bocais. Ou pedaços de tábuas. Trastes de tudo quanto é tipo, de parafusos a mesas, que não a deixo jogar fora.

É terrível, terrível. Não posso ver um entulhozinho dando sopa que me dá vontade de levar pra casa e adotar. Uma espécie de filantropia mobiliária, uma compulsão de responsabilidade social-decorativa.

Pobre Meg. Sofre com minhas recaídas.

Interessante

Daqui. Concordo mais com a esfera de cima e da esquerda. A amarela meio que confunde.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Salve, George

Por acaso, li que hoje é aniversário do George Harrison - talvez o bítou mais simpático e menos afetado.
George - como ele mesmoo cantou anos atrás, numa das mais belas homenagens que alguém pode fazer a um amigo - também era um desses que detinha controle sobre lágrimas e sorrisos.

Salve, George.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Hay gobierno...

Barbas molhadas e já encharcadas. Pode estar cedo e seria ótimo queimar a língua daqui a pouco em relação aos primeiros sinais do governo Dilma, mas será que realmente o único jeito de segurar o tranco das contas públicas e pressão inflacionária é continuar privilegiando a especulação financeira e os banksters com a alta dos juros?

Sei lá, caramba. Nessas horas, dá vergonha ser analfa em economia.

A crise de 2008 foi catalisadora e, no caso tupiniquim, benéfica em vários sentidos - empurrou o país para grandes avanços econômicos e sociais. Quem dera a gestão do governo Lula nestes dois anos, de 2008 pra cá, fosse a mesma para todos os oito de mandato.

Ou para este começo de governo Dilma.

Dona Dilma, Dona Dilma...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Meu pai fala cada merda

Realmente não tô lembrado se a Meg postou a respeito. Mas a frida Monix deu uma refrescada na memória e deu vontade de catar na internet um punhado de pensamentos de um livro que a Dra. comprou e que lemos em janeiro, Meu pai fala cada merda. Muito divertido, virou até série. Boêmios no Divã recomenda.

O filho, Justin, conta um pouco a experiência de ter convivido com Sam Halpern o pai ranzinza, sem papas na língua e, no fundo, muito amoroso. Seguem uns petiscos.


“A pior coisa que você pode ser é mentiroso. Tá, tudo bem, a pior coisa que você pode ser é nazista, mas a segunda pior é mentiroso. Nazista, um; mentiroso, dois.”

“Aquela mulher era sexy… Muita areia para o seu caminhãozinho? Filho, deixe que as mulheres descubram por que não querem transar com você. Não faça isso por elas.”

Sobre o primeiro dia no jardim de infância: “Você achou difícil? Se o jardim de infância foi difícil para você, tenho más notícias sobre o resto da sua vida.”

Sobre espírito esportivo: “Você arremessou muito bem no jogo, é sério. Estou orgulhoso de você. Infelizmente, seu time é fraco… Não, você não pode ficar com raiva das pessoas porque elas são fracas. A vida vai ficar com raiva delas, não se preocupe.”

Sobre fazer silêncio: “Só quero um pouco de silêncio… Meu Deus, isso não significa que não gosto de você! Significa apenas que, neste momento, gosto mais do silêncio.”

Sobre amizade: “Você tem bons amigos. Gosto deles. Acho que eles não transariam com sua namorada, se você tivesse uma.”

Sobre festas de pijama: “Tem salgadinhos no armário e sorvete no congelador. Fiquem longe das facas e do fogo. Muito bem, já fiz minha parte. Agora, vou para a cama.”

Sobre os exames de admissão para a universidade: “Lembre-se, é apenas um teste. Se você fracassar, isso não significa que você é um merda. Dito isso, tente não fracassar. Isso é importante.”


“Não me interessa a hora que você volta para casa, simplesmente não me acorde. A regra é esta: não me acorde.”

“Mal posso esperar para que você tenha um filho e se preocupe com ele. Você nunca para de se preocupar com os filhos. É um inferno. Trate de ver bem onde é que você enfia seu pau porque está é a sua vida, esta droga aqui.”

Precisava?

[Atualizado*]
Pô, Dona Dilma: babar ovo da Folha no convescote de 90 anos daquele desserviço jornalístico?

A blogosfera já está com as barbas de molho. Ou é jogo de cena ou muito cedo ela está fazendo a gente sentir saudade do Luis Inácio, mesmo com seus acertos e omissões.

Agora vai beijar a mão do verdugo que tanto lhe castigou o lombo e ainda segura a chibata?


* Depois de postar, li em CartaCapital que o bom jornalista Leandro Fortes tratou do mesmo tema com propriedade. E que até usamos a mesma metáfora visual - não por coincidência.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dona Dilma, Dona Dilma...

Primeiro, o Paulo Bernardo adota um discurso frouxo sobre a Lei de Medios. Aí é o Jobim e o Zé Eduardo Cardoso incluídos no governo, com este fazendo pouco caso do pedido de um jornalista ter acesso aos dados do Herzog para escrever um livro. A suspensão dos aprovados em concurso. Os "ajustes fiscais", o corte de 50 bilhões no orçamento, a alta das taxas de juros e as medidas que desaceleram o avanço econômico popular/nacional/doméstico. A impunidade do Daniel Dantas. E eu já tô sentindo o aperto, com o aumento da alíquota do Simples este ano.
Dona Dilma, Dona Dilma. Nós te passamos um cheque em branco...

Miro: com Palocci no Planalto, ortodoxos voltaram a ganhar força

As decisões recentes do governo parecem indicar um triste regresso ao “malocismo” – uma mistura de Pedro Malan, czar da economia no reinado de FHC, e Antonio Palocci, czar da economia no primeiro mandato de Lula. Os seus efeitos poderão ser dramáticos, inclusive para a popularidade da presidenta Dilma.

por Altamiro Borges, em seu blog

A decisão da presidenta Dilma Rousseff de promover um corte cirúrgico de 50 bilhões no Orçamento da União confirma que os tecnocratas neoliberais estão com a bola toda no início do novo governo. Eles já bombardearam a proposta de aumento real do salário mínimo, aplaudiram a decisão do Banco Central de elevar a taxa de juros e, agora, festejam os cortes nos gastos púbicos. Tudo bem ao gosto das elites rentistas e para delírio da mídia do capital, que agora decidiu bajular a nova presidenta.

Na justificativa para o corte dos gastos, o ministro Guido Mantega, tão duro contra o sindicalismo na questão do salário mínimo, mostrou-se dócil diante do “deus-mercado”. Sem meias palavras, ele afirmou: “Nós estaremos revertendo todos os estímulos que fizemos para a economia brasileira entre 2009 e 2010... Nós já estamos retirando esses incentivos e agora falta uma parte deles que estão sendo retirados do Orçamento de 2011, que são os gastos públicos, que ajudaram a estimular a demanda”.

Um triste regresso ao “malocismo”?

Numa linguagem empolada, típica de quem esconde as maldades, Mantega argumentou que “este ajuste, esta consolidação fiscal, possibilitará que nós alcancemos o superávit primário” – outro termo que causa orgasmos nos banqueiros e rentistas. A União, explicou o ministro, já teria reservado “quase R$ 81,8 bilhões” somente para o pagamento dos juros – isto é, o dobro dos investimentos orçamentários destinados ao Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC (de R$ 40,15 bilhões).

Na prática, as decisões recentes do governo parecem indicar um triste regresso ao “malocismo” – uma mistura de Pedro Malan, czar da economia no reinado de FHC, e Antonio Palocci, czar da economia no primeiro mandato de Lula. Os seus efeitos poderão ser dramáticos, inclusive para a popularidade da presidenta Dilma. De imediato, as medidas de elevação dos juros e redução dos investimentos representam um freio no crescimento da economia e, conseqüentemente, na geração de emprego e renda.

Suspensão de concursos e outras maldades


Além de reduzir o papel do Estado como indutor do crescimento, o corte drástico de R$ 50 bilhões no Orçamento da União terá impacto nos serviços públicos prestados à população. O governo já anunciou a suspensão dos concursos para a contratação de novos funcionários e protelou a nomeação de 40 mil servidores aprovados em seleções anteriores. Para Maria Thereza Sombra, diretora da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursados, estas medidas levarão ao “estrangulamento da máquina”.

Empolgado com a retomada de alguns dogmas neoliberais, O Globo diariamente dá manchete às medidas de “ajuste fiscal” do ministro Mantega. Na edição de 10 de fevereiro, o jornal festejou: “O corte de R$ 50 bilhões nas despesas do Orçamento de 2011 deixará alguns ministérios a pão e água”. No estratégico Ministério da Ciência e Tecnologia, por exemplo, o corte previsto é de R$ 1,3 bilhão. Até o sistema de vigilância ambiental, alardeado após a tragédia carioca das chuvas, corre sério risco de ser enterrado.

A ditadura do capital financeiro

Como se observa, as perspectivas no início do governo da presidenta Dilma Rousseff são preocupantes. Ainda é cedo para se fazer qualquer avaliação mais conclusiva, taxativa. Mas há indícios de que as velhas teses ortodoxas voltaram a ganhar força no Palácio do Planalto, sob o comando do todo-poderoso ministro Antonio Palocci. Na prática, a opção por retomar a desgastada ortodoxia neoliberal, com aumento dos juros e cortes dos investimentos, evidencia a força da ditadura financeira no Brasil.

Esta opção, porém, não tem nada de racional sob o ponto de vista dos trabalhadores. Foram exatamente as medidas heterodoxas de estímulo ao mercado interno, adotadas no segundo mandado de Lula, que evitaram que o país afundasse na crise mundial que abala o capitalismo desde 2008. Nas eleições de 2010, o povo votou na continuidade e no avanço daquele modelo econômico de desenvolvimento e não na regressão à ortodoxia neoliberal.

Mel


A nova companhia de Nelson Rodrigues

Frases do Homer Simpson

Tirei lá do blog do Nassif. Umas são ruins, outras são muito boas. Uma, aliás, nem é original - "não bebo água, peixes fodem nela" é de algum ator ou atriz norte-americano do século passado, acho - lembro-me de ter passado por ela em uma coletânea do Ruy Castro.


“A culpa é minha e eu a coloco em quem eu quiser.”

“Se algo é difícil de fazer, então não vale a pena ser feito.”

“Bart, com US$ 10.000 nós seremos milionários. Nós poderíamos comprar todo tipo de coisas úteis como… amor.”

“Sair de casa para quê? De qualquer forma, vamos acabar voltando para casa.”

“Tentar é o primeiro passo para o fracasso.”

“Marge, lembre-se, se algo der errado na usina, culpe o cara que não sabe falar inglês.”

“Bem, ele pode ter todo o dinheiro do mundo, mas tem uma coisa que ele não pode comprar… um dinossauro.”

“Eu não estava mentindo. Estava escrevendo ficção com a boca.”

“Existem três frases curtas que levarão sua vida adiante: ‘Não diga que fui eu’, ‘Oh, boa idéia chefe’ e ‘Já estava assim quando cheguei’.”

“Filho, quando você participa de eventos esportivos, não importa vencer ou perder, e sim o quão bêbado você fica.”

“Operador, me dê o número do 911!.″

“Eu não sou normalmente alguém que ora, mas se você estiver aí em cima, por favor me salve, Superman.”

“Álcool, a causa e solução de todos os problemas.”

“Deus, porque eu tenho que gastar 2 horas do domingo na igreja ouvindo as diferentes maneiras que irei para o inferno?”

“Cala a boca Pensamento, ou te enfio uma faca.”

“Eu não sou Deus. Deus tem barba branca e escreveu o Código Da Vinci.”

“Eu não bebo água… Os peixes transam nela.”

“Eu tenho 3 filhos e 1 dinheiro. Porquê eu não posso ter 3 dinheiros e 1 filho?”

“colocar meias…pra q? vou ter que tirar elas semana q vem mesmo!”

“Nâo importe o quanto você se dedique. Sempre haverá ao menos um milhão de pessoas no mundo melhor que você.”

“[Encontrando Aliens] Por favor, não me comam! Eu tenho mulher e filhos. Comam eles."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

No altar

O civil me bastava. Aliás, nem civil. Já me considero casado faz tempo: numa utopia eu dispensaria rubricas e papéis...

Mas, aiai, a patroa quer porque acha que vai ser legal, vai ser divertido e vai agradar a familiares.

Então simbora casar no religioso!

E que seja rápido, simples e indolor - não apenas o que Deus quiser.



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Oclusão

Desde ontem, tô com visual de pirata. Amanheci com lesão na córnea. Do nada. E não deve ser nada de mais.Vamos ver se amanhã rola tirar o tampão.

Até lá, sacode a cabeleira: o olho cego vagueia procurando por um.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Velho para o futebol

O tempo passa e, cada vez mais, compreende-se os pais. Ou os mais velhos. Em inúmeros assuntos.

Por exemplo, um de predileção do blog: futebol.

À medida que aumentam os dias de meu calendário, diminuem as paixões clubísticas - até mesmo a paixão pela seleção. Nas adolescências, eu não entendia o motivo da fleuma, a quase-frieza paterna durante as copas do mundo. Hoje, entendo.

E aí, amigo, você vai levando a vida no jogo da maré. Você já está velho o suficiente para acompanhar o início e o fim de atletas, jogadores e repórteres repetem sua procissão eterna de ladainhas, a miopia e a covardia para jogar futebol ainda permanecem em campo. E você vai tocando o barco nesse fastio corrente, num cinismo cada vez mais silencioso. Porque o devir é assim mesmo, porque o sentimento é natural: o blasé é filho do déjà vu.

Mas, eis que surge um tipo especial de jogador e muda tudo. Um cuja presença faz mesmo a diferença. Traz à tona em você uma espécie de euforia infantil que, surpresa, todos julgavam sepulta. Esse jogador magnetiza a tudo e a todos, a começar pela bola. Por circunstâncias sobrenaturais, começam a se reunir em volta dele os melhores; ele próprio parece despertar nos colegas o melhor de cada um.

Tudo isto é para dizer: como anda fazendo falta o futebol do Ganso.

Ontem mesmo, um sujeito de bicicleta passeava no bairro com a camisa do Messi. Um brasileiro típico, de bermuda e chinelo, vestindo no peito as cores da arquirrival Argentina. Por quê? Ora, porque o craque transcende.

Eu acho, quero acreditar - que Ganso pode se tornar um destes jogadores especiais. Jogador-esquadra, como dizem os italianos. Jogador que se torna de todos os torcedores, de todos os times, de todas as nações.

Hoje, pouco me dá se o Galo bate o Cruzeiro, o Cruzeiro bate o Galo, a Seleção empata com o Azerbaijão. Bandeiras ou emblemas à parte, o que eu quero saber é de bom futebol. Futebol bem jogado.

Por isso, Ganso, meu filho. Recupere-se logo. Volte voando baixo. Estou mais velho a cada minuto.

Se pudesse, onde eu estaria...

Hoje:
Em casa, na rua, em visitas, resolvendo problemas pessoais e de bens condominiais.

Amanhã, às 17h45:
Bem instalado no sofá de casa, se tivesse TV a cabo, abrindo uma latinha para ver Arsenal e Barcelona pela Champions League.

Daqui a um mês:
Trabalhando bem e, como será uma terça, ir à noite pro buteco.

Daqui a um ano:
Em casa, bem, com todos os familiares e amigos bem também.

Daqui a dez anos:
Muito bem de vida, porque ganhei na megassena ou descobri um jeito de garantir o burro na sombra pro resto da vida.

Daqui a cem anos:
Bem morto, eu espero. Mas blogando do além, sem, no entanto, querer assombrar a ninguém.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Domingo, dia de sol, cachoeira e Mel

- Tem certeza, amore?
- Tenho.
- Vai ser mais despesa.
- Eu sempre participei.
- Compra, mamãe! Compra!
- Bora, gato.
- Compra! Compra! Compra!

(...)
- Gacinha... vem cá, Lílian. Oi, Lílian. Ei, Lílian linda.
- Lílian? Raio de nome é esse? Não.
- Lílian!
- Não. Frida?
- Não!!!
- Madame?
- Não. Mabel!!!
- Isso, Mabel!!!
- Não. Mabel por quê?
- Por causa do biscoito.
- Nada a ver. Necas.

(...)
- Ah, gato. Adoro.
- Adora o quê?
- Essas suas presepadas.
- Minhas. Presepadas.
- É.

(...)
- Ei, Mel!!! Ei, Melzinha.
- A Mel fez xixi no carro.
- Droga.

(...)
- Ei, Mel! Fica bonitinha aí embaixo da mamãe. Mel, tá tudo bem? Tá salivando. Mel, nã....
- Que foi?
- Mel vomitou.
(hihihi)
- Gato, não sei como você me deixa fazer essas loucuras.
- Eu.
- Você.
- Vem, não. Foi você quem pediu para parar o carro, que falou que comprava, que ficou enlouquecida junto com as meninas.
- É que você desperta toda a insanidade que há em mim.
- É, Rubão!! No fim, foi você que comprou a Mel!!
- Porque sou um insensato coração.
- Péssima, amor. Péssima.
- Eu sei. Mas não foi você que disse que adora uma presepada?

Batendo a mesma tecla

Achei sensacional este trecho da reportagem que o Viomundo republicou de um jornalista português. Fala do depoimento dos populares do Egito sobre o papel libertário que a internet desempenhou e dos meios de comunicação como instrumento de dominação e manipulação política - tema ao qual este blogueiro é extremamente sensível.

“A internet fez-nos pensar”

Desvalorizaram-nos, dizendo que eram os miúdos do facebook. “Mubarak e Suleiman tentaram humilhar-nos dessa forma”, explica Ahmed Shamak. “Mas agora sou eu que lhes digo: foram os miúdos do facebook que vos tiraram do poder”.

O facebook iniciou o processo, mas a revolução tomou a sua dinâmica. “Olho em redor e não me parece que estas pessoas tenham uma página no facebook”, diz Amin. Mas Samy, 60 anos, médico, admite: “Foram eles, os jovens, que fizeram isto. Olhamos para eles e vemos finalmente o que este país é. Estivemos cegos, incapazes, durante 30 anos. Este regime roubou-nos a nossa vida. Mas estes jovens vão vivê-la por nós, e isso faz-me feliz”.

Ahmed Shamak diz que a internet foi importante porque abriu os horizontes aos jovens. “Os nossos media eram controlados pelo regime, e eram mentirosos. Não nos falavam do mundo, não nos mostravam a verdade. A internet permitiu-nos saber o que se passava. Ver que havia outras formas de vida. A internet fez-nos pensar”.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Não há desânimo




Egípcios rejeitam permanência de Mubarak

Reproduzo reportagem de Tom Perry, da Reuters, publicada no blogViomundo:

A alegria se transformou em desespero e raiva na praça Tahrir, no centro do Cairo, quando o presidente do país, Hosni Mubarak, acabou na quinta-feira com a esperança de centenas de milhares de manifestantes que exigem sua renúncia após 30 anos no poder.

A multidão acampada na praça dançava, cantava, gritava frases e exibia um mar de bandeiras egípcias, nas cores vermelho, branco e preto, na expectativa de que o tão esperado discurso iria satisfazer o desejo do povo de ver o líder renunciar ao cargo.

“Ele sai nesta noite, nesta noite ele sai”, cantavam alguns na medida em que as notícias sugeriam que Mubarak realmente renunciaria.

Foram muitos os boatos. Alguns diziam que ele iria à Alemanha, enquanto outros estavam confiantes de que o presidente viajaria para os Emirados Árabes Unidos.

Os organizadores do protesto pintavam os rostos daqueles que aderiam ao movimento com as cores nacionais do país. Num certo momento, a praça Tahrir pareceu sediar uma festa de carnaval ao invés de um protesto.

Como de costume, egípcios de todos os estilos de vida e convicções políticas estavam unidos, de islâmicos a esquerdistas seculares, liberais e famílias inteiras.

Uma garota, sentada sobre os ombros de seu pai, tinha a palavra “saia” pintada em sua testa, repetindo a principal exigência de uma multidão que tomou conta da praça Tahrir ao longo da semana.

Momentos antes de Mubarak começar a falar, os manifestantes diziam que estavam prestes a testemunhar a história. “Senta, senta, senta”, gritavam alguns.

Milhares responderam, sentando no chão da praça, numa cena que refletia o espírito de cooperação no acampamento de protesto.

Na grande tela à frente, a aparição do presidente de 82 anos fez com que todos pedissem o fim de qualquer burburinho. Novamente, a multidão cooperou. Um manto de silêncio caiu sobre a praça Tahrir.

Sapatos

Sob um céu claro e uma meia-lua, os soldados em cima de tanques e veículos blindados prestavam mais atenção ao discurso do que qualquer outra pessoa. Alguns fumavam cigarros quando o presidente começou a falar.

Em menos de um minuto, a alegria da multidão deu lugar à aflição. Um homem abaixou a cabeça na medida em que ficava claro que Mubarak não pretendia renunciar.

Alguns tiraram os sapatos, acenando com a sola em mãos. Outros exibiram sua desaprovação com os dedos ou fizeram sinais negativos para Mubarak. Alguns choraram.

Na metade do discurso, a paciência dos manifestantes pareceu se esgotar. Eles se levantaram e gritaram: “Saia, saia, saia.”

“Ele não quer entender. O povo não o quer no poder”, disse Hesham al-Bulak, de 23 anos. “Ele está se mantendo no poder de uma forma que é totalmente bizarra.”

Alguns manifestantes abandonaram o local logo em seguida, enquanto outros ficaram onde estavam, gritando frases de protesto. Falando aos que deixavam a praça, um organizador, com os olhos cheios de lágrimas, gritou: “Não desanimem, não desanimem.”

“Não há desânimo”, respondeu um manifestante. “Não há desespero e não há rendição.”

Notas registradas de um dia capicua

Registrado hoje em cartório o pacto antenupcial, nos quais os outorgantes e outorgados aqui comungam o imóvel em que residem.

Agora é ver outras pendências de cartório de imóveis e depois marcar a data no civil.

* * *

Notaram que hoje é uma data capicua? Palíndromo? A mesma cousa de trás pra frente e de frente pra trás? 11.02.2011.

Vai que significa alguma coisa. Se bem que significado, como diria o Rorschach, é a gente que dá.

* * *

Tentei aproveitar a ida ao cartório, mas não consegui tirar o BB visa travel money. Primeiro, no 0800 não te falam nada. Depois, cê vai na sua agência no centrão caótico, pega uma senha, espera a vez. O bancário que o atende sabe menos do que você sobre o cartão. Ele lê no monitor, busca informações, chama o gerente e então você fica sabendo que naquela agência eles não podem solicitar o VTM, é só em outras duas agências da cidade. Por acaso uma delas é ali a quatro quarteirões; cê vai, já tá aqui mesmo atrasado e faltando ao trabalho; chegando lá, pega uma fila quilométrica só para pegar a senha!, e quando finalmente pega a senha, desiste, dado o volume de gente esperando atendimento. Até porque se dá conta de que matar a manhã de serviço vá lá, mas faltar o dia inteiro, ninguém tá podendo se dar ao luxo.

Fica pra próxima.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ninguém continua me perguntando

Pra mim, não ser religioso não necessariamente quer dizer que você é sujeito sem fé ou alguma crença, ou de não ser espiritualizado.

Sobre o comentário bem-humorado do Brunim, não acho que a questão seja sobre quem escreve a história - se grupo x ou y. A questão da minha bronca com religião é a intolerância, basicamente - seja de ateus ou crentes de quaisquer naipes.

No mais, minha missa é tomar cerveja e minha comunhão é olhar pro céu à noite. É o mais próximo que posso chamar de minha religião.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ninguém me perguntou, mas...

Quanto mais leio, vejo, conheço, envelheço, menos religioso me torno. Menos, menos, menos.

Aliás, pensando bem, acho que nunca fui religioso. A verdade é essa.

E, em termos gerais, devido aos intolerantes, acho que religião já faz mais mal do que bem.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sessão de domingo


Little Miss Sunshine - que sempre falo trocado, "Miss Little Sunshine" - foi o filme de fim de domingo passado, eu e as meninas. Exausta, Meguinha já tinha capotado.

Foi muito legal. Porque elas gostaram, riram, vibraram, se emocionaram com um dos meus filmes favoritos. Foi um momento agradável entre nós, das meninas com o padrasto - essa palavrinha tão madrasta, não?

Não deixou de ser um momento de insubordinação e molecagem conjuntas, porque o filme tem censura 14 e resvala aqui e ali em questões adultas - ainda aqui de forma muito tangencial ao cerne da trama.

Mas julguei que a mensagem humana, a mensagem "família unida, por mais louco/chato/pirado/idiota/senil/revoltado/mala sem alça que cada um seja" era algo pelo qual valia correr o risco.

Depois que o filme acabou e Bibi e Laurinha me perguntaram se eu tinha alugado ou comprado - pra poderem assistir de novo - senti que tinha valido a pena.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Hard talk

O pugilista Stephen Sackur, Cassius Clay da BBC de Londres



Esse jornalista inglês do Hard Talk é bom de punchs e jabs, hein.
Espia só:
Com FHC, em 2009 (creio)
Com Lula, em 2007.

Os links contêm só a primeira parte. Mas é tão interessante que duvido que você não vá clicar nas outras para ver o resto.

Não é esse mingau que se vê todo dia na mídia tupiniquim, não. Com um jornalista acostumado a levar o entrevistado às cordas, a diferença entre os dois peso pesados da política brasileira fica clara como água e azeite.

Permitam-me ligeira maldadezinha: na minha ótica, uma entrevista foi empate técnico; a outra, um verdadeiro massacre, com o entrevistado sendo salvo pelo gongo. Uma mariola se você adivinhar qual foi qual.

PS: A calhar, se interessar, dentro do mesmo tema: veja o filme Frost x Nixon. Uma beleza.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

E o Elano, hein?

Já na Copa do Mundo, vinha bem. Machucou-se numa entrada assassina de um marfinês, e aí a Seledunga perdeu o caráter que era um contrapeso à pequenez de Felipe Melo e de outros mais ou menos equivocados (sim, eu acredito que caráter, no sentido de força anímica e moral, também ajuda a ganhar jogo).

De volta ao nosso Santos, assumiu um protagonismo inédito em sua carreira, meter gol em tudo quanto é partida. E, ontem, fez um de falta com a mais genuína picardia - um gol que lembrou aquela famosa cobrança de Joãozinho do Cruzeiro na Libertadores de 76 - só que, naquela oportunidade, o mis en scène não foi premeditado e sim espontâneo.

Já o teatro de Elano contra a Ponte Preta foi puro caso pensado. Bom Elano.


PS. Leitor, releve quando não uso vírgulas de acordo com as leis gramaticais; o desvio à norma ou é por pressa ou é por birra.

Tá brabo


Lendo hoje um post do Duas Fridas, um comentário sobre o Achei que meu pai fosse Deus, doPaul Auster.

D´imediato, pensei: - Pô, eu tenho que ler esse livro. Dois minutos depois: - Per
aí. Acho que já li esse livro!

Lembrei de trechos. Sim, sim, eu o comprei no ano passado.

Não me culpe pelo bug de memória. É essa exposição omnimidiática full time.

Epa, tô falando igual ao Lobão. Tá brabo, tá brabo.

* * *
2666, do Roberto Bolaño, é um bom romance para leitores infiéis e inconstantes como eu. Com grandes tramas paralelas que, imagino, vão se amarrar mais adiante. Tipo os filmes do Iñarritu. Só que as tramas paralelas não são entrecortadas para efeito de suspense-prende-leitor tipo Dan Brown. São narrativas até longas, de mais de cem páginas, e à medida que você as percorre, vai deixando para trás os personagens da trama passada e se interessando cada vez mais pelo destino daquelas da trama presente. Bora ver se o home não perde o fio no final.

* * *

Quadrinhos: li Os Borgia, do Milo Manara mais um tal de Alejandro Jodorowsky. Histórica e eroticamente interessante. Aguardo o lançamento do último capítulo.




terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tectonismo

Egito, Tunísia, Facebook, Wikileaks, Assange, Fox News, PIG nacional e internacional, interrogações em Israel, Palestina e Arábia Saudita, Grécia, Irlanda, neoliberalismo fundamentalista de férias na América do Sul, Berlusconi, Sarkozy, cortes nos gastos públicos na Inglaterra, neoxenofobia, escalada dos preconceitos, sexismo, racismo, intolerância religiosa, censura à internet, guinada para autoritarismo de governos, China, Estados Unidos,Tea Party, Serra e FHC, Lula e Dilma.

Que tempos tectônicos!

As placas estão em movimento, mais turbulências virão por aí.