quarta-feira, 31 de março de 2010

Gratidão

Vamos esperar a confirmação do diagnóstico. Mas, a todos que, de um jeito ou de outro, nos deram apoio: obrigado.


terça-feira, 30 de março de 2010

Hoje vou assim

Hoje vou assim, à moda Cris Guerra.

Para João, para Maria:

Papai resistiu em escrever sobre nossa família porque poderia parecer auto-comiseração. Mas pensou que, por outro lado, poderia ser útil tirar um dia pra ficar triste, muito triste. Pra purgar tudo, mesmo.

Sabia que vamos nos mudar para uma casa enorme? Bem, é um apartamento, na verdade. Mas tem uma área privativa grande, com gramado e plantas. Não demora muito a gente consegue colocar uma piscina. Ou isso ou suas irmãs me matam.

Mas, prefiro não me alongar. Não leve papai a mal. Só mais uma coisa que eu queria te contar. Sabia que, no dia em que eu e a mamãe descobrimos que a gente ia ter você, eu fui trabalhar todo abobado. E a primeira canção que ouvi no carro naquela manhã foi João e Maria; e então, pensando em você, sei lá por quê, comecei a chorar.

Agora eu era o herói

E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

Ironia, né?

A vida, João, Maria, tem dessas coisas.



Oh, pedaço de mim

Não havia embrião na ultrassonografia.

É bem improvável que haja na próxima, já que completar-se-ão oito semanas.

Talvez seja melhor dar adeus.

Vamos sobreviver. Mas palavras como oco e vazio adquiriram uma inesperada acidez.

Eu fui pai por um instante.



segunda-feira, 29 de março de 2010

Armando

Lá se foi o Armando Nogueira - que era uma espécie de tiozão de quem todos gostavam.

Até o Nelson gostava de implicar com ele, de vez em quando.

Uma vez, pai me indicou uma crônica do Armando: um técnico que, sentindo-se roubado pelo juiz, entrou em campo pra protestar e baixou as calças. "A bunda cívica", se não me engano. Era muito boa (a crônica).

Já houve mais, mas felizmente ainda restam bons cronistas esportivos. Helena, Tostão, Juca, Calazans e, vá lá, Renato Maurício Prado. O resto é paisagem. O problema é, para cada bom homem que se vai deste lado do campo, há do outro um batalhão insaciável de idiotas.

Morte e vida que seguem. Bola pra frente, sempre.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Fica tudo em casa


Gracias, Rodrigão.


Jotapê


Nasceu meu primeiro sobrinho favorito. Se tiver sorte não puxou o pai nem o tio. Parabéns, maninha, cunhadinho.

Hrrm. Aposto que o avô já está lá estragando o menino com badulaques do Cruzeiro.


quinta-feira, 25 de março de 2010

Parabéns

Parabéns! Você adquiriu um novo apartamento!

Parabéns! Você é dono de uma dívida de mais de cem mil reais!

Parabéns! Você vai ser titio, sua irmã já está com dois centímetros de dilatação!

Parabéns! Você vai se casar!

Parabéns! Você vai ser papai e sua vida nunca mais será a mesma!

* * *

Que ano. E ainda tem Copa do Mundo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Casa

Na busca por um imóvel, hoje quase acendi uma vela pra Deus, outra pro diabo. No fim, as coisas resolveram-se por si mesmas.

Inda bem.

Às voltas com a paternidade e seus desdobramentos, meus pensamentos andam meio desencontrados. Mas, se Deus quiser, a partir de amanhã eles começarão a se encontrar. Em um novo lar.

A suntuosa residência onde eu morava - Nova Granada Manor - já foi vendida. E parece que Meg e eu finalmente encontramos uma maloca pra chamar de nossa.

terça-feira, 23 de março de 2010

hai-kai do entrevado

Contraí um torcicolo
Do qual não tive dolo.
Daí q dói, sem consolo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

La Pulga

Em 2005, falei pro Leo: Esse Messi é diferente. Soará acaciano, mas vai assim mesmo: se a besta do Pekerman tivesse botado o menino pra jogar direito em 2006, tudo poderia ser diferente para os argentinos. Agora, parece que todo mundo anda enxergando o óbvio. O bicho já figura na ante-sala do Panteão do futebol: só falta o êxito numa copa pra consagração.

sexta-feira, 19 de março de 2010

¡ay!

Topei com um concurso cultural da Espn na internet e, custa nada, fui lá participar. A promoção consistia em responder a uma questão em no máximo 256 caracteres. Autores das duas melhores frases ganham uma viagem à Espanha (com acompanhante) para presenciar, dia 11 de abril, no Santiago Bernabéu, o clássico entre Real Madrid x Barcelona.

A pergunta era a seguinte:

De que lado desta batalha você está? E por quê?

Ai, quién me dera ter ganho. Me desembestei a responder assim:


Viver o futebol num sonho de Quixote
“Que chute! Que dribles! Que toque!”
Valente, como se a domar o touro à unha
Somente entre as fileiras da Catalunha
Pois é este o futebol cuja alma não esgarça:
Por ser Brasil, mais do que nunca hoje sou Barça!


quinta-feira, 18 de março de 2010

Rosinha, sim, vai encarar?

Agora o Galo estréia camisa de treino rosinha.

Por que esse tumulto, essa chacota toda, pessoal?

Que há de errado com a cor rosa?

Trata-se apenas de uma faixa do espectro eletromagnético visível, nada mais.

E, de mais a mais, taí o Glorioso sendo assunto nacional hoje, discutido e comentado em todo o Brasil.

Fosse um cinza desses qualquer, so over, ninguém taria falando nada.

Parabéns. Isso é que é marquetim.

/ / /


Juro, mais que a vontade de falar agora "Eu não disse? Eu não disse? ", a respeito de uns posts atrás, é ter a convicção de que ou existe um cruzeirense camuflado no Atlético ocupando algum cargo importante o suficiente para tomar decisões ou esse mesmo sujeito é atleticano, porém uma besta completa (há muito isto deixou de ser um oxímoro). Me ocorre uma terceira opção, a da pluralidade: é um concílio de idiotas sugerindo e cometendo temeridades.


Nem é caso de ser chauvinista, não. O caso é a falta de um pouco de senso. Que a decisão de pôr logo um time de futebol - convenhamos, um universo predominantemente masculino e de reconhecida reputação intelectual - para treinar de camiseta rosa iria gerar controvérsia, ah, isso iria. Então, pra que se arriscar à polê?

No fim, acho que todo mundo tá exaltado e exagerando - eu incluso.

Porque aquilo mesmo não é rosa, gente. É salmão desbotado.

terça-feira, 16 de março de 2010

Marujo

Saiba, ó Príncipe:

Parti tal qual grumete de primeira jornada, singrando mares desconhecidos, esfregando o convés por onde maravilhosamente passam as pegadas da capitã Meg Marques, e cada vez mais desejoso de aprender tudo sobre navegação antes que se aproxime a aguardada manhã em que do alto do mastro gritarão "Cesárea à vista!"; conhecimentos singularmente úteis, da leitura da bússola emocional da gestante aos manhosos manejos que me habilitarão a desatar os nós de marinheiro da paternidade.

As velas estavam a todo vento: a viagem já havia começado há mais de cinco semanas. Embora misteriosamente não possa precisar com exatidão a data de minha partida, o fato é que agora rumávamos ao destino inexorável, e não havia mais nenhuma maneira de voltarmos. A venturosa capitã comandava a nau com o leme firme em suas mãos, o olhar estreito e fixo naquele horizonte, para mim imperscrutável, como se já houvera velejado por estes céus e estas águas há mais de um par de translações.

Eu ocultava a apreensão em meu coração tentando pôr a bravura no rosto, e agarrava e espremia o esfregão com tal força como se me acreditasse capaz de rasgar o assoalho de nossa nau. Coragem, eu sempre demonstrei em qualquer empresa; mas tolo é o homem que desdenha do perigo das grandes travessias.

Nesse ponto, ó Príncipe, interrompeu a memória deste pobre marujo um emérito trovador da terra de minha capitã:

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

E mais:

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu.

Tranquilizaram-me por ora a sabedoria de tais palavras, insuflando alentado ânimo ao espírito e vigor necessário para o embalo do nosso fado - já que ninguém mais ignora, ó Alteza, que há, em meio à denodada tripulação, um bebê a bordo.




segunda-feira, 15 de março de 2010

Meu Deus, vou ser pai

Se Deus quiser, vou ser pai.

Que tudo corra bem.

Que Jeová nos dê saúde e longevidade.

Que Jah provides the bread.

Que Shiva me conceda múltiplos braços.

Que Ganesha nos sopre a sabedoria necessária.

Que Alá sacie nossas sedes.

Que Odin me dê muita visão e tutano.

Que Zeus me dê disposição hercúlea.

Como se vê, sou de pedir pouco.

Mas, como dizem que pedir faz bem à alma...

Pido.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dizem que é de Caymi

Apócrifo ou não, concordo com o raciocínio:

"Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta?"

quinta-feira, 11 de março de 2010

Torcedor

Vez em quando me dá vontade de virar a casaca e torcer pra outro time. Não tenho compromisso com a burrice.

Gosto de bom futebol. Destemido, com toque de bola, jogado pra frente. E a cultura imbecilóide que se posta sobre o Atlético Mineiro como uma auréola, desde sempre, e infelizmente, é a de que “tem que ter raça”. Raça, raça, raça.

Tudo bem, sem elán não chupa nem um Chicabon. Mas pergunto: e o bom futebol? Não conta?

Essa mentalidade deturpada impregna e perpassa tudo – torcida, jogadores, dirigentes. E é em boa parte a responsável por essa draga em que o Galo está há décadas. Se o clube, o dístico e tudo o mais que o representa não mudar radicalmente a cultura – abandonar a valorização do futebol brucutu, do futebol de “machos”, para valorizar o futebol bonito, que eventualmente o levará às vitórias - não haverá solução. Pobre Galo. Sempre entre a tragédia e a chacota. Não é por acaso que quase ninguém o respeita.

Mas, se fosse mesmo virar a folha – comportamento condenado por nossos pares – aonde miraria minha simpatia?

Cruzeiro, não posso. Sem contar que é muito melhor tê-lo como rival, um rival de respeito.

Corinthians e Palmeiras, nunca. Antipatia plena.

Botafogo. Tremenda simpatia, o time de Mané. Mas muito parecido com o Galo nas patetadas.

Fluminense. Muito aristocrático.

São Paulo. Joga pra frente, mas – hum – não...

Flamengo. Jamé.

Os do sul. Uma identificação muito distante.

Santos. Opa. Também é alvinegro, tem tradição do melhor futebol brasileiro, meteu 10 a zero ontem... Taí, Peixe.

Mas, ai de mim. E seu eu começar a torcer pro Santos e ele começar a jogar mal?


Vou ficar com o Galo. Só mais um pouquinho.

terça-feira, 9 de março de 2010

Fabulices

Acordo e estou numa praia deserta tomando água de côco. A claridade é forte e estreita os olhos. Tudo está em ordem. As ondas seguem seu mecanismo. O Livro brilha branco-azuláceo no corte de sombras tímidas.

Leio dois parágrafos e paro. O Livro não está perto do fim. Levanto a cabeça outra vez rumo ao horizonte. Algo reflete mais do que a espuma do mar. Um objeto avança e reflui por sobre a indiferença das ondas... Metálico? Não. Vidro.

Decido ir até lá. Cato a garrafa transparente e a examino. O sol no polido da superfície raia meu rosto. Vedada por uma rolha, contém o que parece ser um pergaminho.

Trago a garrafa para debaixo do coqueiro e me sento. Cravo a rolha nos dentes e a cuspo adiante. Removo um volumoso maço de papéis antigos. Cheira bolor. A impressão não fora danificada; as páginas, suficientemente legíveis.

A narrativa é de espantosa familiaridade; são trechos do volume que eu estava lendo pouco atrás – a se iniciar exatamente do ponto onde minha leitura havia terminado.

Fito detidamente o Livro por alguns minutos. Giro os olhos e encaro o assombroso alfarrábio. Num rompante, levanto e atiro com força o Livro sobre o oceano. Encharcando-se, logo sucumbe.

Tomo o pergaminho e recomeço a leitura, tranqüilizado. Depois adormeço.

Wouldn't it be nice?

Wouldn't it be nice if we were older?
Then we wouldn't have to wait so long
And wouldn't it be nice to live together
In the kind of world where we belong
You know it's gonna make it that much better
When we can say goodnight and stay together
Wouldn't it be nice if we could wake up
In the morning when the day is new
And after having spent the day together
Hold each other close the whole night through?
Happy times together we've been spending
I wish that every kiss was never ending
Wouldn't it be nice?
Maybe if we think and wish and hope and pray
It might come true
Baby then there wouldn't be a single thing we couldn't do
We could be married
And then we'd be happy
Wouldn't it be nice?
You know it seems the more we talk about it
It only makes it worse to live without it
But let's talk about it
Wouldn't it be nice?

segunda-feira, 8 de março de 2010

Um pedido a fazer

Como Vinicius de Moraes, suplico a todas as divindades que cravem na minha carne as farpas feitas para a tua.


sexta-feira, 5 de março de 2010

Incentivo

Outro dia, a doutora mais gostosa do Brasil e eu estávamos conversando sobre o que fazer para estimular o hábito da leitura na Laurinha.

Quarando essa idéia na cabeça, antecipei-me ao aniversário da pequena - que é em maio - e já comprei o presente: a coleção completa do Harry Potter.

Bem, como ela não é assim muito chegada a ler (que dirá meu blog, hohoho), acredito que o segredo do presente estará seguro aqui até a data certa.

Mas, ai de mim, lá no íntimo temo não ser o suficiente. Não tenho dúvidas de que se fosse a coleção completa em DVD´s, ela gostaria no ato. Mas, livros? Sei não.

Preciso pensar num novo ardil. O pai do João Ubaldo tinha um que era o seguinte. Homem de letras grave e sisudo, quando queria que o filho lesse determinada obra que ele julgava importante para a formação do moleque, armava uma carranca séria e bradava por toda a casa que "Se encontrar algum cabra da peste encostando o dedo naquele livro, ai, ai, vai levar uma surra! Expulso desta casa!", ou algo assim, de funestas consequências; e logo depois da ameaça, deixava o livro em cima de uma mesa e saía pra rua. João Ubaldo leu trocentos assim, entre o prazer de fazer algo proibido e o pavor de ser pego.

Isso não funcionaria no caso em questão, já que J.K. Rowling nada tem de censurável (espero). Que fazer? Premiá-la por volume lido? Interpretar o texto com leituras em voz alta e depois deixá-la seguir sozinha, como quando se retira as rodinhas auxiliares de uma criança aprendiz de bicicleta?

Aceito sugestões.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mineirice que irrita

Já reparou que o mineiro é um abusado da discrição?

Fato: 99,9% das homepages de pousada ou hotel na capital e interior de Minas Gerais NÃO TÊM o valor da diária. Pode vasculhar. Não mostram nem a porrete.

Isso varia de lugar pra lugar. Em Paraty, por exemplo, a maioria tem. É uma beleza. É funcionalidade. O fato de apresentar o tarifário facilita demais: eu e o hotel economizamos tempo, chateação e dinheiro.

Supõe-se que ocultar o custo dos olhos do interessado seja para... xô vê, para... para quê, mesmo? Para abrir possibilidade de negociação tetiatéti?

For isso, a lógica é canhestra. "Não vou mostrar o preço antes porque o potencial cliente pode achar caro, se assusta e não vem. Se ele vier, e se talvez for bom de choro, eu posso até me permitir dar um desconto pra ele se hospedar aqui".

Ora, mas se eu, cliente, achar o serviço caro ao vivo ou ao telefone ou ao e-mail, deixaria de ir de qualquer jeito.

Bastaria - é tão simples, é de uma singeleza tacanha - o bicho colocar uma tabela com os preços de alta e baixa temporada, pacotes, além de feriados e datas especiais. Pronto.

É ou não é uma chatice?

terça-feira, 2 de março de 2010

Museu do Futebol

Você chega tranqüilo e sem expectativa. Com a serenidade dos que já viram muitas partidas e uma bagagem de quase-almanaque. Mas, assim que coloca os pés no Museu do Futebol, se depara com uma exposição composta de vídeo e fotos que te rouba a bola e te desarma.

São flagrantes de adultos, jovens e crianças, homens e mulheres de trocentas nações em diferentes cenários e paisagens. De moleques nepaleses nus chutando bola em algum lugar do Himalaia a iraquianos disputando a pelota numa piscina vazia e inclinada em Bagdá. Em cima da Muralha dos antigos imperadores chineses ou sob a sombra de Quéops em Gizé. Nos campos de terra, nas areias do deserto, nos gramados de concreto e à beira do mar.

Todo o mundo jogando bola.

Aí, pronto: você se rendeu, agora é tarde demais. Seu coração já disparou rumo à infância e você lembra como era boa a sensação de brincar, do tesão que era entrar numa pelada (opa!) e saber que naquela época nada, absolutamente nada, era mais importante do que jogar bola.

Falar nisso, disse quem que, das coisas desimportantes, futebol é a mais importante de todas?

Ora, bolas; no fim, o que importa - o que sempre importou - é o Espírito, grafado assim, maiúsculo. Pois se é pelo Espírito que um emaranhado de meias, um novelo de lã, um côco, castanha, laranja, limão, um botão de roupa, embalagem de toddynho, caixa de sapato, caixinha de fósforos e tampinha de garrafa se transformam em uma bola de futebol, chego quase a acreditar que futebol é tudo.

Craque


No Museu do Futebol, toda a impostura do maior ponta-direita que o Brasil deixou de conhecer. Pena que a informação ali seja apócrifa: na hora, o computador registrou 79Km/hora. Nada de muito expressivo, verdade, mas exijo meus 49 km horários de volta.

Aí eu vou pra galera.

segunda-feira, 1 de março de 2010

SP

Encontrei Meg em São Paulo na última quinta-feira à noite, dentro do cinema, com a projeção já rolando. Depois nos achávamos próximos à Av. Paulista, na Rebouças com Oscar Freire; ponto ótimo, pertinho de várias atrações, meios de transporte, bares e restaurantes, entre os bacaninhas e mais bacanudos.


Foste para mim um difícil começo, SP. O hostel que escolhi me deu um tumé. Pedi um quarto com cama de casal e banheiro, recebi dois beliches em um quarto sem janelas e paredes descascadas.


E aí só dá Rubão, com sacola a tiracolo, batendo perna por Pinheiros e Jardins Paulista. Os aparts e flats na região estavam todos ocupados (havia alguma espécie de convenção de esportistas) e a outra opção era ficar em hotéis de quarta categoria, tipo rendez-vous, cama redonda, espelho no teto, o escambau.


Eu já não agüentava mais andar carregando peso e tomando chuva na cara. Ia desistir, pegar um táxi e me resignar a ficar longe da Paulista, onde já tinha traçado todos os mapas, rotas e meios de transporte para os lugares que desejávamos visitar.


A solução, ironia, foi ficar na outra unidade do hostel que me passara a perna. Detalhes do caso eu conto outro dia, mas acabamos ficando num quarto com banheiro privativo e quatro camas de solteiro. Juntamos duas e... voilá! Bora bater perna.


Em quase quatro dias, conhecemos e curtimos o máximo que conseguimos. Se apenas garoou na minha chegada, choveu em nossa despedida, atrapalhando, em parte, o passeio ao Parque Ibirapuera. Nesse ínterim, tempo nublado e até um solzinho pintou na manhã de sábado.


Se mais não fizemos foi porque a falência física e financeira não permitiram. No final, nossos corpos e finanças arrebentadas constituíam uma só massa falida. Mas foi muito, muito bom. E sem dúvida: com Meguinha, eu voltaria e repetiria tudo outra vez.


Achismos:

- Não dá para confiar em hostels. Como a gente privilegia mais a busca de experiências do que a experiência da hospedagem, daqui em diante será mais seguro buscar o hotel mais barato em vez do albergue com preço apetitoso e fotos/organização gato por lebre.

- Velhice: da próxima vez que viajar, saber com uma antecedência tal que me permita um treinamento intensivo de pelo menos duas semanas caminhando, correndo, fazendo polichinelos, etc. Minha cacunda e minhas pernas ficaram em frangalhos logo no primeiro dia.

- O paulista é avaro no cumprimento. Experimente saudar um paulista: uma carranca muda estará à sua frente. Na grande metrópole brasileira, “bom-dia” não faz eco.

- Eu provavelmente comi o melhor bife da minha vida. Me recuso a chamar aquele pedaço de carne de“filé”.

- Eu decididamente comi o melhor croissant da minha vida.

- Avatar no Imax do Shopping Bourbon: nada a declarar sobre o roteiro do filme, mas ver cinema 3D pela primeira vez na (acho) maior tela do país foi bem legal.

- Praça Benedito Calixto: feira de antiguidades, point dos descolados, com butecos, sebos e lojinhas alternativas ao redor. Compramos cerveja e bebemos livros.

- Museis (sic, como diz uma amiga da Dra.):

Pinacoteca: agradável surpresa na Praça da Luz.

Museu da Língua Portuguesa: por ser renomado, esperava um pouco mais. Há um show audiovisual chatésimo no 3º andar

MASP: por ser tão renomado, esperava muito mais. Apesar do propalado grande acervo que tem, me pareceu haver pouco espaço para exposição. Enfim, o mais legal que achei no MASP foi uma moedinha de 2 cents de Euro que encontrei no chão, logo na entrada (brincadeira, Doc, brincadeira).

Museu do Futebol: show de bola. Teve hora até que os zóio marejou.

MAM: não gostei, dei azar de pegar umas exposições beeeem marromenos e outras, francamente, bem sem-vergonhas.

MAC: perto do MAM, pareceu um alívio. Mas tinha pouco a mostrar.

Museu Afro: embora um pouco caótico em sua organização, o mais bem servido de materiais, peças e obras em exposição.

Museu do Ipiranga: Não deu pra ir. Fica pra próxima.