sexta-feira, 29 de maio de 2009

Um pio

Aconteceu-me infortúnio esta semana - nada de grave, mas bem chato -, porém titubeio em escrever a respeito até o momento.

A fábula do passarinho que começou a cantar porque recebeu uma chuva de bosta da vaca e depois foi devorado por um lobo recomenda:

Na merda, amigo, não solte nem um pio.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Atacando de vate

O post anterior se conjurou, poder-se-ia dizer, autoprofético.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Não tem caminho fácil

Minha cientista favorita: um voto de fé. A gente tem que acreditar que a maré vai virar. Lembre-se o que disse aquele seu compatriota: navegar é preciso; e quem quer passar além do Bojador...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Caixa de ferramentas

Extraído de um anúncio da Lápis Raro, eis um resumo incompleto de ferramentas - ou meios - de trabalho dos publicitários:

Twitter, homem-sanduíche, orkut, facebook, cartaz, friendfeed, texto-cabine, tumblr, backbus, youtube, brinde, PDV, espera telefônica, Vimeo, viral, TV, Adwords, MSN, Skype, podcast, videocast, Blip, jornal, rádio, revista, outdoor, frontdoor, anúncio de banheiro, faixa, banner, carro de som, degustação, SMS, flyer, empena, blog, relógio, telemarketing, patrocínio, mala direta, embalagem, intervenção urbana, blitz, guerrilha, flashmob, blimp, boca a boca, pós-venda, sampling, pesquisa, venda pessoal.

Ainda acrescentaria sinalização, atividades de RP, assessoria de imprensa e gestão de marcas. Mas postei aqui pra depois ter onde poder lembrar e consultar.

Verdades

A verdade é que Che é um filme chato.

/ / /

Me senti incumbido de consertar um vídeo-cassete (cabeçote sujo, como suspeitava), um aparelho de som (leitor ótico avariado, como vim a saber depois pelo técnico) e um cano de chuveiro que não vertia água (bucha estragada da torneira, como revelou o bombeiro).

Ora. Segundo constatei, as três coisas tinham soluções relativamente simples e, além disso, rápidas. Bastava um pouquinho assim de conhecimento.

Se os Maridos de Aluguel, que hoje a gente encontra nos classificados das grandes cidades, anunciassem - além da prestação de serviço - um curso intensivo de manutenção doméstica, estou inclinado a acreditar que mercado não faltaria. Seja qual for o gênero do cônjuge e a natureza da necessidade que o/a impele.

De minha parte, eu estaria na primeira fila da sala de aula pra receber instruções básicas de elétrica-eletrônica, hidráulica, mecânica, etc. no Curso Básico de Marido.

E sem vergonha, moçada!

Turma do coça-saco: tal conjunto de atividades - como limpar cabeçote do vídeo, instalar chuveiro, arrumar torneira, consertar vazamentos, botar estepe e, provavelmente, matar barata, entre outras diligências - é talvez o último dos nossos redutos de macho em que o feminismo titubeia comparecer; a última área intocada que temos do "mulher-deixa-que-eu-faço", no qual ela não irá conceder a você o melífluo olhar de "se-fosse-eu-faria-melhor"; a Shangrilá perdida do nosso orgulho enquanto cromossomo Y, cambada!

Tudo o mais, elas são mais competentes que nós. A verdade é essa.



sexta-feira, 22 de maio de 2009

Rubovsky em cri$e

A crise chegou na agência, começaram os tempos de dieta vacum e do corte de supérfluos essenciais.

Filme mais de uma vez por semana: cortado.

A 28ª cerveja de terça-feira: cortada.

Almoço e jantar fora: cortados.

Pão-de-queijo da lanchonete ali do serviço: cortado.

Picolé de leite condensado perto lá de casa: (nããão!) cortado.

Os livros comprados por impulso: cortados.

Novas opões de lazer: meditação-palavras cruzadas-jogging.

Eita.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A manteiga

Não sei vocês, people - mas frio me dá vontade de comer manteiga.

Talvez algum resquício das eras australopitecas; um imperativo orgânico de auto-preservação; um gatilho biocelular primitivo que deflagra a compulsão de consumir e estocar o máximo de gordura enquanto soprar esse ventinho gelado aqui na Raja Gabaglia.

Não sei. Só sei que, num entardecer invernal, nada como um pãozinho com manteiga e um cafezinho, hein? Hein?

Outra manhã, fui passar a faca num tablete congelado e a lasca que recolhi mais se assemelhou a uma fatia de requeijão, rotunda que estava.

Ok, eu sei; olha o coração, olha as artérias. Ô, peraí! Gente, é inverno. Uma porção a mais de manteguinha pra mó de forrar a torrada não mata - a não ser esse desejo vindo das entranhas. 

E o requinte supremo de molhar o pão (ou biscoito) lambido de manteiga na xícara de café, e levá-lo ainda quente à boca, pingando ouro derretido? 

Ora, ora - não, não, não - não profanem dizendo que é porcaria! O desalmado que nos censura por má educação parece ser aquele tipo de pessoa que nunca, nem secretamente, teve o gozo, o prazer, a deliciosa indulgência de buscar o doce de leite no pote com a mesma colher, mais de uma vez e uma vez mais. 

Queridos, abracemo-nos à áurea consistência amarela. Que venham as tempestivas borrascas, que venham as temíveis temperaturas, que venham os ventos ferozes: - Temos manteiga!

Pois como bem ensina O Último Tango em Paris: amanteigado, todo prazer será legítimo.

Todo mundo revela alguém

O São Paulo revela um Hernanes. O Cruzeiro, Ramires. O Internacional, um Táison. O Coritiba, um Keirrison. Palmeiras, Clayton Xavier. Botafogo, Maicosuel. Corinthians, um Chicão. O Flamengo, um Ibson. Fluminense, Thiago Neves.

E o Galo? 

O Galo revela... revela... peraí, nos últimos anos... o Galo revela... o Galo revela Tchô e Rafael Miranda! 

Oh, céus!!!!


PS. O Galo revela, a gente releva.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Hahaheineken!

Colega aqui da agência levou uma das premiações do Concurso Cultural Heineken! E me convidou! Vamos ver a final da Champions League, entre Barça e Manchester, no restaurante Filé - com petisco, cerveja e táxi por conta. Obeleuza! Agora é só a gripe sumir. E sensibilizar o Chefe para liberar a tarde da próxima quarta.

Moral da história: tão importante quanto ganhar o concurso é ser amigo de quem ganha, hehe.

Frilas

Está em vias - ou já se formou, informalmente - minha associação com dois parceiros - um diretor de arte/design e um de planejamento/atendimento. Sou o redator. Trabalhamos com comunicação e gosto de pensar que a gente topamos qualquer parada.

Pra ser franco, é menos uma agência do que uma central de frilas. Mas precisamos de um nome, já que os trabalhos começam a chegar e ainda não temos email ou cartão de visitas.

Pensamos em algumas possibilidades, mas como os três sócios têm sobrenomes ibéricos, Quixote é a sugestão que larga na pole - em que pese meu especial carinho por nomes tudo e nada a ver, como O Bom, o Mau e o Feio Comunicação Integrada ou Agência Xotes & Xaxados. 

Mas Quixote ou Os Quixotes tá bom. Menas horas livres pros posts, mais esperança de ser um cadito assim feliz.

Arriba, Rocinante! Siga los jobs!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Contrassenso

Tem vez que acho que gosto tanto da Meguinha que a minha vontade era pendurar pelo colarinho cada FDP que a fez sofrer, chamar o bicho na razão e fazer o cara prometer que jamais vai fazer qualquer coisa que a magoe de novo. Jamais! 

Mesmo que, nessa linha temporal alternativa, ela jamais viesse a me conhecer ou ficar comigo.

Ainda assim. Não importa.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Quem lê Quem

Dominganoite. Na fila da drogaria daquele bairro nobre-classe alta, um homem de seus 30, 40 anos entra esbaforido. Concluí: é emergência. 

O homem inquire as atendentes: - "Tem a Veja desta semana?"

Minutos depois, uma senhora, velhinha de seus 90, vê Doc perscrutando a seção de revistas e dispara: - "A Quem de hoje está ótima!"

Encontra-se depois com a filha, quase tão velhinha quanto, e repete: - "A Quem de hoje está ótima".

Presto atenção e repasso rapidamente minhas impressões. 

Veja tem apresentado, há coisa de uma década, sei lá, uma práxis jornalística no mínimo questionável. Isso vem sendo apontado por vários profissionais, por intelectuais e pelo público ao longo dos anos. Metodologias à parte, sou a favor dos meios de comunicação que declaram abertamente suas convicções ideológicas e políticas. Você ao menos (em teoria) sabe razoavelmente o que pensa aquele jornal ou revista que lhe oferece aquela informação (em detrimento de outras); por que aquela determinada informação teve aquele determinado enfoque; por que o recorte da realidade foi daquele jeito. É como bater o olho na coleção outono-inverno e cravar na hora: este é Jacques LeClair; isto é Victor Valentim. Em jornalismo, você também reconhece o estilo pelo corte e costura. 

Sei que estou sendo simplista, mas o problema, que me incomoda, é que Veja não se assume. Não sai do armário. Pior, parece que aspira a uma certa condição de porta-voz geral da verdade.

Sobre a Quem, não comento. 

No fim, a Zeus o que é de Zeus. 

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Sessão pipoca: vimos, no mesmo domingo, quatro filmes. Do último para o primeiro:

Os donos da noite: policial ruim, que ficou mais ou menos por causa do seu antecessor.

Mandando bala: não comento.

Se eu fosse você 2: meio bobinho. 

O Lutador é de chorar. Mas porque é bom (Solta agora o The boxer do Simon e Garfunkel pra dar um clima aí pro leitor, DJ). 

 Desconfio que essas histórias de lutador (O campeão, Rocky I, etc, etc), que são loosers, sobrevivem aos trancos e barrancos, têm um apelo quase irresistível por conta da analogia. Com ou sem pantomima, dentro ou fora do ringue, somos todos lutadores. 

À exceção, talvez, daqueles que recomendam publicamente a revista Quem.


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Meg e eu estávamos lendo ontem, num café, as pérolas de Salvador Dalí num Libelo contra a arte moderna. Pelas barbas sacrílegas de Goya! O homem é o maior personagem cômico da Espanha de todos os tempos.


Correção, talvez desnecessária: Dalí é catalão. Mas é marromeno aquele nosso preguiçoso velho hábito de chamar todo mundo que nasce pra cima de Teófilo Otoni (minha terra natal) de baiano.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Crise braba

Sabe qual a diferença entre recessão e depressão? 
Recessão é quando você perde seu emprego. 
Depressão é quando perco o meu.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Eventualidades

Minha biografia é uma rotina de supetões. 

Já sabemos a data e local de partida, mas não sabemos ainda onde quedarmos. Não tenho a confirmação das minhas férias, sequer do pagamento destas ou daquelas vencidas. E, sobretudo, não tenho a segurança de manter-me empregado até lá (não há pescoço proletário que a foice dessa crise não corteje). 

Porém, nem tudo são imprevidências. Eis que adquiri um pequeno Guia de Espanhol para Viagens para tartamudear com nossos irmãos de continente. Aí, descobri, admirado, que o guia se preocupa comigo! Ele é mais precavido do que minha mãe poderia imaginar.

Desde já, o venerável guia me prepara para possibilidades sinistras. Claro, ninguém que vá viajar quer que as coisas deem errado. Mas o acaso tem seus caprichos. E o homem prudente não pode contar apenas com a própria sorte, precisa saber se comportar dignamente em momentos que exigem sua energia e presença de espírito. 

Portanto, já me vejo em algum ponto remoto de Buenos Aires hablando :

- Eu tinha reservado um quarto duplo.
Habia reservado una habitación doble.

- O número de meu quarto é 205.
El número de mi habitación es el doscientos e cinco.

- Pedi um quarto com banheiro.
Pedi una habitación com baño.

-Isto estava quebrado quando chegamos.
Esto estava roto cuando llegamos.

 - O televisor não está funcionando.
El televisor no funciona.

- Não há papel higiêncio no banheiro.
No hay papel higiénico en el cuarto de baño.

- Há uma goteira no telhado.
Hay una gotera en el tejado.

- Não se consegue abrir a janela.
No se puede abrir la ventana.

- Não há água quente.
No hay agua caliente.

- A tomada do banheiro não funciona.
El enchufe del cuarto de baño no funciona.

- Foi pilantragem!
Ha sido una putada!

- Conta essa pra outro!
Cuéntaselo a tu abuela!

- Pode me recomendar outro hotel?
Puede recomendarme otro hotel?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Traçando Buenos Aires


Ando pesquisando muito Buenos Aires. Toma tempo. Apesar de tantas dicas, díficil escolher onde ficar. Em que hostel. 

Quando um tem tudo o que a gente quer (a rara alquimia entre preço localização, ambiente, lockers, etc) - falta calefação. O dono disse que não me preocupasse; que ele tem um cobertor "tipo polar". E que, todo caso, cederia outras frazadas.  

Ai, ai. No quentinho da cama, tudo bem. Mas e na hora de levantar pra ir ao banheiro? Una frazada é o suficiente para a hipotermia que Buenos Aires há de reservar em agosto?

Claro, se a gente tivesse pesos/reais/dólares/euros sobrando, nem existiria esta questão.

Mas talvez a graça esteja aí, no desafio, na busca, no achado; no equilíbrio perfeito, na interseção entre o que você pode e o que você quer. 

Ser pobre tem que ser mais divertido. Por obrigação.

Pelo menos para não melancolizar, pensemos assim.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

FSM

A degradação sócio-econômica implica necessariamente a degradação moral? A desumanização, no sentido de princípios e valores, é um efeito colateral sine qua non da condição de extrema miséria? É possível, ou melhor, é desejável ou conveniente ou apropriado que se queira ser honesto uma vez que se é miserável? Ou dignidade, o que quer que venha a ser isso, confrontada com as necessidades últimas de sobrevivência, torna-se inapelavelmente irrelevante? A moral é um conceito relativa e perigosamente econômico? Ser pária e ser probo já é ser bobo? Se um homem é forçado a viver como um rato, que direito alguém teria de lhe exigir que se portasse como um ser humano?

Isso é que dá ver Feios, Sujos e Malvados num dia já tradicionalmente melancólico. 

Mas se bem que o título do filme daria um belo nome para uma minha, espero que cada vez menos hipotética, agência.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Somos falíveis

Peguei do blog da Dadivosa, agora em temporada na Espanha. Tem um trechinho que li com inveja:

Se a cozinha tem lá seus enroscos, se as louças estão nicadas, se o chef não é uma celebridade televisiva, se vez por outra erra a mão de sal na comida ou na conta, tanto melhor. Pois tenho pra mim que é justamente por errar tanto que gosto de cozinhar, que todos os tropeços do cozinheiro o fazem verdadeiro e por isso fascinante, que é a falibilidade daquela casa que a torna benigna. 


Ondé que o errante aqui assina?

Placar informa

Barça, 3 atacantes fora-de-série e meio de campo sem brucutus.
Manchester, 3 atacantes fora-de-série e meio de campo sem brucutus.

Seleção Brasileira, 3 brucutus no meio de campo e um ataque sem fora-de-série. 

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pra futura (e imediata) referência

Procrastinadores: lembrar que o paraíso não existe acelera nosso senso de urgência.

Concurso

Vira e mexe, participo, por farra, de concursos culturais. Já perdi muito mais do que ganhei. 

Recentemente, teve um que fiquei em dúvida se entrava ou não entrava: da cerveja Heineken.

A razão? Pra bom bebedor, meio copo basta.

Resolvi arriscar mesmo assim. É pra ver uma partida de futebol num buteco, com cerveja e petiscos de cortesia, dia 27 deste mês. 

Dá pra mandar vídeo ou foto ou texto; como sou textor, mandei texto, a modalidade, creio, com menas chances. 

A pergunta é a seguinte: Que desculpa você daria para assistir à final da UEFA Champions League numa quarta-feira à tarde?

O que você responderia?

terça-feira, 5 de maio de 2009

Palavras e Idéias

"Palavras, que estranha potência a vossa!", penhorou dona Cecília.

Há, também, em Romanceiro da Inconfidência, o romance "das idéias". Num juízo estritamente pessoal, considero este menos vigoroso do que aquele. 

Mas, na verdade, palavras são menos poderosas, pois, por mais admiráveis que sejam, são veículos para as idéias. Na vastidão do conhecimento, uma idéia nada mais é do que uma amazona, navegando a palavra com uma sela.

O que eu queria dizer mesmo é que, depois de cavalgar na garupa de certas idéias, você ganha o horizonte. 

E parece estupidez voltar a andar à pé.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Suculenta de estimação

Uma campanha interna de uso racional de recursos para aquela cooperativa de saúde exigiu um brinde. Sugeri vasinhos de suculentas: craques em economia de água, aparentemente requerem poucos cuidados e ainda dão um pingo de graça verde nos bege-cinzentos ambientes de trabalho. Como não houve melindre por parte do público masculino e cabia na verba da empresa, a sugestão foi aceita.

De tal arte que, após distribuídos os vasinhos, sobrou um; um singelo cacto, que a Atendimento aqui da agência fez questão de me dar. 

Bueno. Cá está ele, felizão, ao lado do monitor. E como espero que sejamos companheiros nas constantes angústias criativas, alegrias passageiras e salários ainda mais breves por um bom tempo, sinto que ele precisa de um nome. 

O que poderia ser?

1) Kactus Kid 

2) Tommy Tequila

3) E.S. Banjo Espiño

4) Sancho Pinça

5) Miguelito 

6) NDA

Mal-mal nos conhecemos e já descobrimos uma afinidade boêmia: a gente enxuga. Mas cada um com o líquido de sua estima.

Modorra

A letargia mal-humorada de hoje me levou até à palavra modorra; e a palavra modorra, por sonoridade, me pôs na infância. 

Para distrair-nos, pai cantava uma musiquinha de brincar com faca pererecando nos intervalos dos dedos da mão. Uma canção aprendida não sei onde e de termos exóticos de significado desconhecido. 

Googlei e descobri um registro - Pintalainha:
Pintalainha de canavitinha
Pintou na barra de 25
Mingorra, mingorra de cantiforra
Tira esta mão que já está forra

Mas não era assim que a gente cantava. Numa corruptela generosa, se não engana a lembrança, o nome era Canivetim da Pintainha:

Canivetim da Pintainha
Pintou na barra de 25
Migorra, migorra do catiforra
Veio o Rei Mané João
Deu-lhe quatro bofetão
Recolhe este dedão
Que é do cocho do mamão.

Enfim. Isso era pra distrair menino. As outras canções, pra embalar no sono, tinham mais, digamos, o meu perfil.

Su-su,
Neném do baú:
Cara de rato
Fucim de tatu

E, algumas delas tão sui generis e estranháveis quanto estas anteriores, em roteiros que envolvem ameaças de morte, assassinatos, canibalismo e outras delicadezas - tudo para ninar o peste que não dorme e nem deixa dormir:

Tutu Marambá
Não venhas mais cá
Que o pai do menino
Te manda matar.

Outra clássica, "Dorme Neném", com a já requintada advertência de abandono infantil:

Dorme, neném
Que a Cuca vem pegar
Papai foi pra roça
Mamãe foi trabalhar


E a antropofágica, que chamo de "Tangolarilango":

Ô Jesuina!
Ô Dolmanata!
Tangolarilango Larizê!
No fim do mundo
Onde tu for,
Eu vou te comer.



E hoje, tirando uma certa rabugice crônica, eu sou completamente normal. 

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Meguinha: bate um bolão

Meguinha querida: quem sou eu para dar conselhos.

Que mal sei das minhas pernas, que bem sei de minhas faltas.

Se você gostasse de futebol, que é um dos tipos de simulacro da vida, eu diria:

Ok.

Tá russo, eu sei.

Ma vamo lá. Botá a bichinha na marca da cal e vamo jogá nosso jogo, nega.

Se a partida tá perdida, que se dane. A categoria de jogar o justo limpa o suor da alma.

E a vida é esse campeonato mortal onde um jogo precede a sucessão de outro jogo. E, como o gladiador dos coliseus, o que só faz sentido é entrar para matar um leão.

Portanto, a cada jogo, o seu leão.

Eu não sei o que dizer, no exato. Bola é no chão, de pé em pé, no urdido e no tramado. Gente não levanta a bola pra nada e pra ninguém se não for pra fazer lançamento, se não for pra fazer gol.

O que eu quero dizer, acho que achei agora.

Te fresqueia:

Ataca que eu tô na cobertura.

Em busca do velocino de ouro